Por que o reembolso do IRS é menor este ano? Explicamos tudo

Se estava a contar receber reembolso do IRS, mas afinal vai ter de pagar, ou se o valor a que tem direito é mais baixo do que no ano anterior, não é caso único. Mas sabe qual a razão para esta descida nos reembolsos?  

O tão aguardado reembolso do IRS está a ser, para alguns contribuintes, uma deceção. Em 2025, os valores tendem a ser menores do que em anos anteriores, porque os ajustes feitos durante o ano de 2024 fizeram com que se descontasse menos. 

Agora, é altura de acertar contas com a Autoridade Tributária (AT) e estas nem sempre são favoráveis a quem entregou a declaração à espera de receber um dinheiro extra. Saiba porquê. 

Como funciona o reembolso do IRS?

Durante o ano anterior, trabalhadores e pensionistas descontaram mensalmente, através da retenção na fonte, uma determinada percentagem do seu rendimento. Esta retenção funcionou como um adiantamento do imposto.

Com a entrega da declaração de IRS, a AT vai fazer as contas e perceber se, depois desses descontos e das deduções a que teve direito, o contribuinte pagou imposto a mais (e nesse caso tem direito a reembolso) ou se, pelo contrário, devia ter descontado mais e, por isso, vai receber a notificação para pagar.

Mas, afinal, por que motivo a AT não desconta logo o valor certo? A resposta é que não tem como saber, por exemplo, quais são as despesas de saúde que cada contribuinte vai apresentar. Ou se vai entregar o IRS em conjunto ou obter mais-valias com a venda de uma casa. O que torna impossível calcular, com exactidão, o imposto que cada um deve entregar. 

Além disso, as tabelas de retenção na fonte, que determinam o valor a descontar mensalmente, são elaboradas tendo em conta patamares de rendimentos, mas também o local de residência (Continente, Madeira ou Açores), situação familiar e existência ou não de deficiência. Ou seja, há muitas variáveis no cálculo do imposto que cada contribuinte paga.

Assim, embora os descontos para o IRS procurem aproximar-se do valor correto, raramente são exatos. É por isso que todos os anos se apresenta uma declaração, que acaba por servir para acertar as contas.  

O reembolso do IRS foi menor do que esperava? Explicamos porquê

Assim que a entrega do IRS começou, a 1 de abril, vários contribuintes perceberam que os reembolsos eram inferiores ao que esperavam ou que nem existiam. 

Fonte oficial do Ministério das Finanças, em declarações à Agência Lusa, relembrou que os reembolsos do IRS “correspondem a uma devolução do imposto em excesso pago antecipadamente através das retenções na fonte que, idealmente, deverão ser o mais próximas possível do IRS devido”.

Em 2024, o IRS foi alvo de várias alterações: as taxas dos seis primeiros escalões desceram e os limites de rendimento de cada escalão foram atualizados em 3%, para acompanhar a inflação. Este ajustamento evita que os contribuintes passem para um escalão superior apenas devido a um aumento salarial que não representa um ganho real. Também as tabelas de retenção na fonte foram revistas.

Todas estas mudanças aconteceram já no decorrer do ano fiscal, pelo que, em agosto, o Ministério das Finanças anunciou medidas para compensar o que tinha sido pago a mais desde janeiro. 

O objetivo era que este alívio fiscal fosse sentido de imediato e não apenas quando a declaração do IRS fosse entregue. Assim, em setembro e outubro de 2024, os salários até 1.175 euros e as pensões até aos 1.202 euros não fizeram retenção na fonte. Ou seja, muitos contribuintes não adiantaram dinheiro ao Estado.  

Neste seguimento, como os descontos foram menores, na altura de entregar a declaração de IRS de 2024 e acertar contas, o reembolso poderá ser menor ou até é possível que seja necessário pagar imposto.  

O Ministério das Finanças salienta que o valor do reembolso ou a obrigação de pagar IRS dependem “de cada situação concreta”, sendo influenciados por  “diversos fatores”, como a evolução dos rendimentos, a situação familiar e o valor das deduções à coleta.   

Assim, a diminuição do valor do reembolso não significa que esteja a pagar mais impostos ou que esteja a ser prejudicado em relação a anos anteriores: está apenas a compensar o facto de ter descontado menos IRS.

Alguns exemplos de reembolsos do IRS menores  

Se ainda não simulou nem entregou a declaração de IRS e quer perceber se o reembolso do IRS vai ser menor do que estava à espera, veja alguns exemplos partilhados pela Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC) na imprensa especializada a propósito da descida dos reembolsos:

Como aumentar as possibilidades de reembolso? 

Se é verdade que em relação ao que ganhou e descontou em 2024 já nada pode fazer para aumentar o reembolso, existem formas de, ao entregar a declaração de IRS, ainda conseguir maximizar o valor a receber ou reduzir o montante a pagar. 

A primeira é simular e avaliar os vários cenários. A AT permite que os casais escolham, no momento da entrega, se querem optar pela tributação conjunta ou separada. O contribuinte pode comparar os valores das duas simulações e depois escolher a mais vantajosa. 

Além disso, e mesmo que esteja abrangido pelo IRS automático, deve confirmar sempre os valores que constam da declaração antes de a submeter. 

Outra situação que deve ter em conta é a possibilidade de englobar rendimentos. Se tem várias fontes de rendimento (por exemplo salários/pensões, juros de depósitos bancários e rendas), pode compensar juntá-los e pagar uma taxa mais baixa. 

E como o reembolso a receber em 2026 depende dos rendimentos em 2025, descubra ainda o que pode fazer para pagar menos IRS no próximo ano.