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Regresso às aulas: como criar e controlar o orçamento escolar

1 min
Carina Meireles
Carina Meireles
Como criar e controlar um orçamento escolar

Índice de conteúdos:

  1. A importância de criar um orçamento escolar
  2. Como criar um orçamento eficaz
  3. Dicas de poupança e planeamento
  4. Como acompanhar e controlar o orçamento

O orçamento escolar assume um papel central no regresso às aulas, um dos períodos do ano com maior pressão financeira para muitas famílias.

Entre livros, material escolar, vestuário, atividades extracurriculares e serviços de apoio, o impacto financeiro pode facilmente ultrapassar o esperado – sobretudo se não houver um planeamento eficaz.

Criar um orçamento escolar é, por isso, essencial para garantir o equilíbrio financeiro ao longo do ano letivo e evitar surpresas desagradáveis.  

E a verdade é que as famílias com mais do que um filho em idade escolar sentem este peso com maior intensidade, sendo muitas vezes obrigadas a fazer escolhas criteriosas e a abdicar de algumas compras para dar resposta ao essencial. Assim, uma preparação antecipada pode fazer toda a diferença entre um início de ano estável ou financeiramente desafiador. 

Por outro lado, e além do alívio económico, a criação de um orçamento escolar pode ser uma oportunidade educativa. Envolver os filhos no processo de planeamento e decisão ajuda a promover competências de literacia financeira e incentiva uma relação mais saudável com o dinheiro. Ao perceberem que existem limites e prioridades, as crianças ganham consciência sobre o valor dos recursos e aprendem a fazer escolhas ponderadas. 

Descubra, neste artigo, como criar um orçamento escolar eficaz, os principais fatores a considerar, dicas práticas de poupança e estratégias de acompanhamento a manter ao longo do ano. 

Qual a importância de criar um orçamento escolar?

O orçamento escolar vai muito além de uma simples lista de compras: é uma ferramenta de gestão financeira que permite antecipar despesas, definir prioridades e distribuir os custos ao longo do tempo.

Em Portugal, onde o salário mínimo nacional em 2025 é de 870 euros brutos mensais e o custo de vida continua a subir, este tipo de planeamento é fundamental. A ausência de um orçamento escolar pode levar a gastos impulsivos, endividamento ou cortes em áreas essenciais como alimentação e saúde.

A par disso, esta pressão financeira agrava-se pelo facto de o regresso às aulas coincidir com o fim do verão, quando muitas famílias já enfrentaram despesas extra com férias. Mesmo no ensino público, continuam a existir encargos com material didático, equipamentos e atividades complementares, sobretudo para quem não é abrangido pelo programa MEGA. 

Além disso, a crescente digitalização do ensino também tem impacto no orçamento familiar, com a necessidade de investir em equipamentos tecnológicos, como computadores, impressoras ou acesso à internet – fatores que devem ser cuidadosamente contabilizados. 

Como criar um orçamento escolar eficaz?

Para que o seu orçamento escolar seja realmente eficaz, é importante estruturá-lo com base nas seguintes etapas: 

  1. Defina o período do orçamento: faça um orçamento de agosto a julho do ano seguinte, considerando os gastos de todas as fases do ano letivo – início de aulas, época de exames, férias intermédias e despesas pontuais;
  2. Liste todas as categorias de despesa: inclua livros, fichas, material escolar, mochila, vestuário, equipamentos tecnológicos, alimentação, transportes, atividades extracurriculares, seguros e uma reserva para imprevistos;
  3. Pesquise e compare preços: recorra a sites de papelarias, hipermercados ou fóruns de pais e outras plataformas online para comparar preços e obter estimativas realistas;
  4. Verifique o que pode reutilizar: mochilas, estojos, roupa desportiva ou outro material em bom estado de anos anteriores ou até de familiares podem ser reaproveitados;
  5. Utilize ferramentas de apoio: opte por recorrer a folhas de Excel ou apps de gestão financeira que permitam organizar e controlar as despesas por categorias;
  6. Inclua uma margem de segurança: reserve entre 5% a 15% do total do orçamento escolar para despesas inesperadas;
  7. Distribua as compras ao longo do tempo: evite concentrar todas as despesas entre agosto e setembro. Sempre que possível, antecipe compras previsíveis e aproveite promoções de meio do ano. 
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Dicas de poupança e planeamento a considerar

Para conseguir poupar algumas centenas de euros no regresso às aulas, existem fatores específicos que deve considerar ao planear o seu orçamento escolar, nomeadamente: 

  • Programa MEGA: é uma iniciativa do Governo que disponibiliza manuais escolares gratuitos aos alunos que frequentam o ensino obrigatório (do 1º ao 12º ano) em escolas públicas ou em estabelecimentos de ensino particular com contrato de associação, mediante a devolução dos livros em bom estado no final do ano letivo. 
  • Sustentabilidade e reaproveitamento: sempre que possível, reutilize material escolar e opte por marcas nacionais de elevada durabilidade.
  • Promoções e marcas brancas: aproveite as campanhas promocionais que habitualmente decorrem entre julho e setembro, para reduzir significativamente os custos do regresso às aulas. Optar por marcas brancas com boa relação qualidade-preço pode também traduzir-se numa poupança significativa. 
  • Ajustes ao custo de vida: com o aumento generalizado dos preços, é importante que o orçamento elaborado seja realista e ajustável.
  • Custos ocultos: preveja e prepare-se para custos com despesas pontuais, como visitas de estudo, eventos escolares, impressões, contribuições para associações de pais ou outros encargos adicionais. 

Como acompanhar e controlar o orçamento escolar ao longo do ano letivo?

Criar um orçamento é apenas o primeiro passo. Depois de feito, é necessário fazer um acompanhamento regular para que este seja eficaz:  

  • Registe todas as despesas escolares: utilize apps de gestão financeira ou folhas de Excel com separadores dedicados a estas despesas;
  • Compare a previsão com a realidade: faça uma revisão mensal para identificar desvios e ajustar o planeamento sempre que necessário;
  • Reavalie trimestralmente: adapte o orçamento a alterações inesperadas, como novas atividades, necessidades adicionais ou despesas imprevistas na vida escolar ou familiar;
  • Crie um fundo escolar anual: poupe entre 20 a 30 euros por mês para conseguir ter uma reserva que suavize os encargos financeiros em setembro; 
  • Guarde as faturas e comprovativos: essencial para controlo interno, assim como para eventuais deduções fiscais ou garantias e devoluções;
  • Envolva os seus filhos: incentive-os a planear, comparar preços e refletir sobre cada compra, de forma a fortalecer o seu sentido de responsabilidade;
  • Divida responsabilidades com o outro progenitor ou tutor: partilhar tarefas alivia a carga e melhora o controlo financeiro;
  • Avalie a relação custo-benefício: reflita se cada despesa contribui verdadeiramente para o bem-estar e sucesso escolar da criança. 

Num cenário económico desafiante, criar um orçamento escolar deixou de ser apenas uma boa prática, para ser uma verdadeira necessidade. 

Em 2025, com o aumento do custo de vida e as exigências do sistema de ensino, fazer um planeamento financeiro cuidadoso é a melhor forma de garantir estabilidade e foco no essencial: a educação. 

Com escolhas conscientes, organização, alguma criatividade e envolvimento de toda a família, o orçamento escolar pode tornar-se mais do que um momento de controlo financeiro. Pode ser uma verdadeira ferramenta de união, aprendizagem e crescimento. 

Cabe às famílias transformar este momento de desafios num exercício de crescimento e responsabilidade, preparando não só os filhos para a escola, mas também para a vida. 

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