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Organizar as finanças pessoais: guia passo a passo

6 min
Cat.Poupança
Como organizar as finanças pessoais

Se quer aprender a organizar as finanças pessoais de forma simples, este artigo é para si. 

Decidimos escrevê-lo porque a maioria das pessoas nunca se debruçou devidamente sobre a sua realidade financeira e por esse motivo a desorganização e a ansiedade  são uma constante, acompanhadas de uma vida financeira asfixiada por despesas e com pouco espaço para a poupança.

Caso se identifique, continue a ler porque neste artigo vamos dar-lhe o passo a passo para organizar as suas finanças. Para além de lhe trazer mais tranquilidade e segurança, pode mostrar-lhe que afinal consegue fazer muito mais com o seu salário do que aquilo que imagina. 

Dividimos este artigo em 3 passos fundamentais neste processo de organização e vamos explicar cada um deles em seguida.

Passo 1 – Perceba a sua realidade financeira

Antes de avançarmos para a parte prática, é necessário escolher uma ferramenta para o ajudar a organizar e controlar todo o seu dinheiro.

Para começar sugerimos um excel ou um caderno, feitos ao seu gosto e adaptados à sua realidade. Não complique numa fase inicial, porque pode perfeitamente ir aprimorando a sua ferramenta com o tempo. 

Quando souber que ferramenta vai utilizar, registe, ao dia de hoje, o saldo da sua conta (ou contas) à ordem, a sua dívida (se tiver), as suas poupanças e os seus investimentos

Este trabalho vai servir para que saiba exatamente quanto dinheiro tem e a forma como acaba por gastá-lo.

Para onde vai o meu dinheiro?

Depois de saber o panorama geral, é fundamental saber em que é que costuma gastar o seu dinheiro todos os meses. 

Provavelmente acha que sabe, mas o que tem é apenas uma ideia. Só com o registo de todas as suas despesas é que vai saber exatamente quanto dinheiro gasta e em quê. Este exercício é fundamental porque para além de lhe dar muitas respostas, vai ser essencial para o passo seguinte. Não deixe de o fazer. 

Assim, reúna os extratos bancários do último mês de todas as suas contas e registe TODO o dinheiro que saiu da sua conta bancária e qual o destino: renda da casa/prestação do crédito habitação, água, luz, gás, internet e telefone, supermercado, gasolina, portagens e estacionamento, outras prestações, cabeleireiro, ginásio, jantares/almoços fora, consumo, etc.

Registe todos os gastos

Registe tudo o que gastou, mesmo os gastos mais “insignificantes” e os levantamentos de dinheiro. 

Depois de ter todos os valores registados, vá somando os que correspondem à mesma categoria (gasolina, contas da casa, supermercado, jantares/almoços, transporte, etc.) para saber o valor total mensal que gastou em cada uma delas.

Desta forma, já vai conseguir tirar algumas conclusões bastante relevantes para organizar as finanças pessoais e vai aperceber-se certamente de gastos que têm um peso maior no seu orçamento do que aquele que julgava.

Vai também compreender  quais as categorias de gastos predominantes na sua vida, e conseguir agrupá-las em duas categorias principais: 

Despesas Obrigatórias

As despesas recorrentes e obrigatórias, que têm um valor com pouca variação (renda/prestação crédito, gasolina/passe, creche, supermercado, contas da casa, outras prestações, etc.).

Despesas Acessórias

As despesas em coisas que não são essenciais, mas que fazem parte da sua rotina como estética, ginásio, jantar/almoçar fora, consumo, etc.

Esta análise pode parecer longa e aborrecida, mas é fundamental para mudar a sua vida financeira e começar a gerir melhor o seu dinheiro. Só com este trabalho mais profundo é que vai conseguir conhecer a sua realidade financeira ao pormenor, e perceber o que pode fazer para a melhorar. 

E é exatamente isso que vamos fazer no passo 2. 

Passo 2 – Faça um orçamento mensal

Um orçamento mensal nada mais é do que um planeamento do seu mês, através da previsão das receitas e das despesas que vai ter. É fundamental que tenha um, para que consiga construir um estilo de vida alinhado com aquilo que pode suportar. Além disso, vai permitir que gaste o seu dinheiro com muito mais intenção e vai ajudá-lo a libertar-se da ansiedade e das preocupações financeiras que possa sentir. 

Calcule o seu rendimento líquido mensal

O primeiro passo para construir o seu orçamento mensal é calcular o valor do seu rendimento líquido mensal, ou seja, o valor de todas as suas fontes de rendimento depois de impostos. 

Leia mais  IMI: como e quando pagar (e quem fica isento)

Registe na mesma ferramenta o seu salário, abonos, pensões, renda extra e subsídios que recebe e some todos os valores. 

O valor que obtiver vai ser o dinheiro que terá todos os meses para distribuir pelas suas despesas. 

Faça um orçamento de despesas obrigatórias e privilegie a poupança

Uma vez que no passo anterior já calculou o valor exato de todas as despesas que tem ao longo do mês, sugerimos que comece por orçamentar as suas despesas obrigatórias. 

Nas despesas obrigatórias com valores fixos, só tem de contabilizar o valor certo destes gastos. Nas despesas obrigatórias com valores variáveis (supermercado, eletricidade, combustível, etc.) deve calcular com base num valor aproximado ao que gastou no mês anterior

É fundamental que perceba se consegue mudar os seus comportamentos para baixar os valores das suas despesas obrigatórias, para conseguir construir um estilo de vida mais económico e um orçamento mensal menos asfixiado. 

Depois de orçamentar as suas despesas obrigatórias, some-as e deduza-as ao valor do seu rendimento para perceber quanto sobra para as restantes despesas. 

Com o montante que tiver sobrado, comece por poupar uma parte (idealmente, 10% ou mais do seu rendimento) e distribua o que restar pelas suas despesas acessórias.

Desta forma privilegia a poupança, mas sem esquecer tudo o resto que gosta de fazer. É nesta parte da construção do seu orçamento que pode ser mais flexível e aumentar ou reduzir orçamentos consoantes a sua necessidade. Quer poupar mais dinheiro? Então reduza as refeições fora. Quer comprar menos coisas todos os meses? Atribua um orçamento mais reduzido ao consumo. 

Ao introduzir esta ferramenta na sua vida vai conseguir perceber que está nas suas mãos melhorar de mês para mês de modo a conseguir estar mais preparado para imprevistos com o dinheiro que possam aparecer.

Passo 3 – Implemente Hábitos de Controlo

O último passo para manter as suas finanças pessoais organizadas é fazer um acompanhamento semanal e outro mensal, para não voltar ao mesmo estado de confusão que o fez ler este artigo.

Dispense tempo para planear e gerir o seu orçamento

Comece por alocar algum tempo  no início do mês para fazer o seu orçamento, como lhe expliquei no passo anterior. Este planeamento  permite-lhe antecipar gastos que vão ocorrer, para não ser surpreendido por eles: aniversários, consultas, casamentos, etc. 

Registe todas as despesas semanalmente

Depois, crie o hábito de registar todas as despesas pelo menos uma vez por semana. Só assim consegue perceber se está a  cumprir o orçamento que definiu, ou se houve gastos extra e tem de ajustar os seus comportamentos. Não descure este hábito, porque um orçamento sem um controlo próximo, não lhe serve de nada.

Planeie os seus pagamentos

Adicionalmente, facilite a sua rotina financeira e sempre que possível faça todos os seus pagamentos no mesmo dia e assim que recebe o salário. Adiar o pagamento até ao último dia, não faz com que ele desapareça, por isso tire um bocadinho no início do mês para pagar as suas contas e consiga mais tranquilidade de modo a  evitar esquecimentos. 

Olhe para a poupança como uma despesa

Não se esqueça de fazer da poupança uma despesa, e crie uma transferência automática para uma conta poupança mal recebe o seu salário. Ao fazer isto logo no início do mês, não conta com o dinheiro, e não corre o risco de gastar em coisas inúteis.

Para além disso, está também a alimentar todos os meses a sua poupança para imprevistos, ou um fundo para algum sonho que queira cumprir (comprar casa, carro ou as suas próximas férias). 

Este processo de organização das finanças pessoais pode parecer algo demorado e complicado no início (porque é muita informação), mas quando encontra o seu método e começa a automatizar as coisas, fica tudo mais fácil e precisa de cada vez menos tempo para organizar e controlar as suas finanças.

Não desista de tentar implementar os passos que partilhámos porque se o conseguir fazer, vai  com pouco esforço manter as suas finanças organizadas tal como era o seu desejo assim que começou a ler este artigo.

O que achou?