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Está com dificuldade em pagar as contas? Saiba o que fazer

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Homem olha para o computador preocupado porque está com dificuldade em pagar as contas

A dificuldade em pagar as contas é um problema comum a muitos portugueses, mas não é um beco sem saída. Quando o orçamento familiar começa a não chegar para tantas despesas, há vários caminhos para encontrar a solução mais adequada.

Sentir que o dinheiro não chega para cumprir todos os compromissos. Atrasar o pagamento da renda ou fazer contas para conseguir pagar a prestação do crédito habitação. Se algumas destas situações lhe é familiar, está na altura enfrentar essas dificuldades financeiras.

Reorganizar as finanças pessoais  é um dos passos para sair desta situação. O outro é conhecer as soluções que estão ao seu alcance durante esta fase.

Como lidar com as dificuldades financeiras?

Quando começam a surgir dificuldades para pagar as contas, é fundamental encarar o problema e começar, quanto antes, a encontrar as possíveis soluções. Ignorar ou continuar com o mesmo tipo de comportamento não só não resolve, como vai agravar.

As dificuldades financeiras não têm necessariamente de levar a rutura financeira, problemas judiciais e, em casos limites, à insolvência. Saiba quais os primeiros passos a dar para reequilibrar as contas.

Fazer o orçamento familiar

Quando foi a última vez que fez um orçamento familiar? Se já passou algum tempo ou nunca fez este exercício, este é o momento de olhar para as contas. Usar este simulador vai ajudar a ter uma perceção mais rápida e mais real das suas finanças pessoais.

Se preferir pode recorrer a uma folha de cálculo ou ao tradicional método do papel e lápis. Registe todos os rendimentos que recebe, como o salário, abono de família ou outros subsídios. A seguir coloque todas as despesas, tanto as maiores, como prestações e compras de supermercado, como as mais pequenas, como os cafés e subscrições de streaming.

A soma dos rendimentos tem de ser maior do que a das despesas. Caso contrário, o seu orçamento está desequilibrado e a possibilidade de entrar em sobreendividamento é grande. 

Calcular a taxa de esforço

Quem tem um ou mais créditos sabe que, muitas vezes, quase todo o orçamento familiar é usado para pagar prestações. E o que sobra é muito pouco para fazer face a despesas de alimentação, transportes e combustível ou saúde.

Se é este o seu caso, então é melhor fazer as contas (pode usar este simulador) para perceber qual o peso dos créditos nas suas finanças. Ou seja, a sua taxa de esforço. 

Uma taxa de esforço abaixo dos 30% seria o ideal. Quanto maior for a percentagem, maior o risco de incumprimento, isto é, de vir a falhar prestações.

Nos créditos com taxa variável, uma subida das taxas de juro vai fazer crescer a taxa de esforço, o que pode  desequilibrar  as contas mensais.

Há, por isso, várias razões para olhar atentamente para o peso dos créditos no seu orçamento e para ponderar reduzi-lo.

Ajustar o orçamento familiar

Quando se tem dificuldade em pagar as contas e as despesas igualam ou ultrapassam os rendimentos, há duas formas de reequilibrar a situação: cortando nos gastos ou aumentando a entrada de dinheiro.

O corte nas despesas começa, muitas vezes, em mudanças de comportamentos, evitando ou eliminando os que fazem com que se gaste demais. Encomendar refeições ou tomar o pequeno-almoço na rua, usar o carro para percorrer curtas distâncias, desperdiçar água e energia ou pagar por serviços que não se usa são hábitos que custam caro. Como são dispensáveis, estes gastos devem ser os primeiros a desaparecer do seu orçamento.

A redução das despesas fixas é outro ponto obrigatório para quem passa por dificuldades financeiras. Cortar nos serviços que não usa e nas subscrições não essenciais é uma forma de o conseguir. A renegociação dos contratos com fornecedores de serviços também pode ajudar a poupar  dinheiro. .

Aumentar o rendimento disponível é algo que se consegue através de um segundo emprego ou de fontes alternativas de receita. Por exemplo, transformar um hobby, como fazer bolos ou artesanato num pequeno negócio.

Leia mais  Como avaliar se está em risco de sobreendividamento e como o travar

O que fazer se não conseguir pagar as contas?

A reorganização do orçamento familiar é um processo que pode levar algum tempo e quem tem dificuldade em pagar as contas precisa, muitas vezes, de soluções mais imediatas.

Se o dinheiro já não chega para todas as despesas, há alguns recursos disponíveis para aliviar a situação financeira e complementar os esforços que está a fazer para poupar e ter mais rendimento disponível. Veja a solução para alguns dos problemas mais comuns de quem passa por dificuldades.

Não consigo pagar a renda

Falhar o pagamento da renda tem consequências graves, que podem mesmo chegar ao despejo. Para evitar esta situação limite, deve fazer tudo para regularizar a situação rapidamente.

Por vezes, tudo se resolve com uma conversa com o senhorio, mas quando esta opção não funciona ou não é válida, há outros recursos. Os programas de apoio ao pagamento de rendas por parte do Estado ou dos municípios são uma possibilidade.

A solução para dificuldades no pagamento da renda também pode passar por candidaturas ao Porta 65 ou a uma casa abrangida pelo Programa de Arrendamento Acessível.

Não consigo pagar as prestações do crédito

Há várias formas de evitar o incumprimento de crédito, mas é sempre necessário dar o primeiro passo.

Se não está a conseguir pagar as prestações devido a uma situação de desemprego ou doença e tem seguro de proteção de crédito, é possível acioná-lo. Esta opção está geralmente associada aos créditos pessoais.

Se não tiver seguro ou se tiver um crédito habitação, a solução passa por conversar com a instituição de crédito, alertando para o risco de incumprimento. Perante este aviso, será acionado o Plano de Ação para o Risco de Incumprimento (PARI), em que são propostas soluções com vista a renegociar o contrato para que tenha condições para pagar o crédito.

A renegociação também pode ser proposta por si fora do âmbito do PARI, mas só avança se a entidade financiadora concordar.

Outra solução é a consolidação de créditos, ou seja, juntar todas as prestações numa só, mais baixa do que as anteriores. É uma opção disponível mesmo que os créditos estejam em entidades diferentes.

Não consigo pagar as despesas fixas

Se está a ter dificuldade para pagar as contas de serviços essenciais, deve entrar em contacto com a empresa fornecedora.

Há duas soluções para reduzir o valor a pagar: renegociar os contratos existentes ou mudar de fornecedor. Esta última opção nem sempre é possível, porque pode estar ainda em período de fidelização (o que é comum nas telecomunicações) ou por não existir concorrência, como acontece com o fornecimento de água.

Quando já existe incumprimento, é ainda mais importante contactar a empresa que lhe fornece o serviço, de forma a evitar cortes. Tente negociar um plano de pagamentos, mas tenha em conta que os valores em atraso vão ser somados às faturas futuras. Por isso, deve garantir que consegue pagar esses montantes.

Os seguros também podem ser negociados. Reduzir coberturas – e assim pagar menos – ou fracionar os pagamentos são opções para que esta despesa não pese tanto. Tenha em atenção que, ao falhar um pagamento, deixa de estar coberto por esse seguro. Assim, o melhor é mesmo negociar antes do incumprimento. A dificuldade em pagar contas não é sinónimo de insolvência ou de problemas judiciais, mas é fundamental que faça algo para evitar o avolumar de dívidas. Há sempre uma solução, que é mais fácil se começar a abordar o problema numa fase inicial.

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