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Como utilizar a tecnologia para gerir as finanças pessoais

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Pedro Andersson
Pedro Andersson
Usar a tecnologia para gerir as finanças pessoais

Hoje posso afirmar que foi a tecnologia que mudou a minha vida financeira. É verdade que, em primeiro lugar, tive de perceber que tinha de me organizar financeiramente e mudar o meu mindset, mas a realidade é que só comecei a multiplicar as minhas poupanças quando descobri o poder da tecnologia para gerir as finanças pessoais.

Não foi o caso, mas se os meus pais soubessem nos anos 80 ou 90 o que eu sei hoje, mesmo assim não teriam ao seu dispor as ferramentas tecnológicas que existem nos dias que correm. 

E além das ferramentas, hoje temos também mais conhecimento. É uma revolução ao alcance de todos. A minha pergunta é: está a aproveitar esta oportunidade?

No meu caso, por exemplo, descobri que podia abrir facilmente contas em bancos de investimento, de forma online. A internet permite-me também ter acesso, em tempo real, aos dados dos mercados e de praticamente todas as bolsas no mundo.

Tenho ainda aplicações que permitem comprar e vender ações e ETF enquanto bebo um café numa esplanada. Subscrevo e reforço os meus PPR depois do jantar, sentado no sofá da minha sala.

No YouTube, em podcasts e em várias páginas na internet – junto de fontes confiáveis – consigo estar permanentemente informado sobre o que está a acontecer e adaptar o meu portfólio financeiro. Não é tudo isto fantástico?

Usar a tecnologia para gerir as finanças sem literacia não adianta

A literacia financeira continua a ser um desafio em Portugal. Muitas pessoas têm receio de investir, vivem com rendimentos baixos e têm dificuldade em poupar. Contudo, a tecnologia pode ser uma aliada poderosa para gerir as finanças pessoais. 

Existem diversas ferramentas digitais que permitem controlar despesas, automatizar poupanças e fazer investimentos de forma simples e acessível. De seguida, vamos explorar algumas dessas soluções e perceber de que forma o podem ajudar a melhorar a saúde das suas finanças.

Aplicações de gestão financeira

Uma das formas mais eficazes para controlar as suas finanças é acompanhar os rendimentos e despesas em tempo real. Aplicações como o Boonzi, o Wallet e o YNAB (You Need a Budget) permitem registar transações, categorizar gastos e visualizar padrões de consumo. 

E além das aplicações que mencionei, existem muitas outras. Basta pesquisar no Google, explorar e escolher a que funciona melhor para si.

O Boonzi, por exemplo, é uma aplicação portuguesa que se integra com os extratos bancários (através de copy/paste), permitindo uma análise detalhada do orçamento familiar. É a que eu uso há vários anos e funciona muito bem. Tem a limitação de não ser atualizada há bastante tempo, mas aconselho-o a experimentar a versão gratuita.

Estas aplicações ajudam a identificar despesas desnecessárias e a criar um plano de poupança realista. Servem de semáforo permanente para o seu mês financeiro, quase como se fossem o seu guarda-costas financeiro.

Bancos digitais e fintechs

Os bancos digitais e fintechs trouxeram uma revolução no setor financeiro, oferecendo serviços mais acessíveis e com menores custos. Estes são alguns dos exemplos mais relevantes para os portugueses:

  • Revolut e N26: permitem criar contas sem burocracia, oferecem cartões virtuais para compras seguras e facilitam a conversão de moedas estrangeiras.
  • Moey!: é um banco digital português com funcionalidades avançadas de gestão de despesas e pagamentos entre amigos.
  • ActivoBank, Best, Big: proporcionam soluções de investimento simples e contas sem comissões de manutenção.
  • Trade Republic, Degiro, XTB, Freedom24, Trading212: permitem investir nas bolsas com custos e comissões muito baixas.

Estes serviços permitem-lhe ter um maior controlo sobre as suas finanças e reduzem custos associados a contas bancárias tradicionais.

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A democratização das ferramentas de investimento digitais tem sido notável nos últimos anos, permitindo que qualquer pessoa, independentemente da sua experiência financeira, possa investir com poucos cliques. Antes, era necessário recorrer a bancos tradicionais e enfrentar burocracias e comissões elevadas. 

Atualmente, com apenas um smartphone, é possível abrir uma conta numa plataforma de investimentos, diversificar aplicações e acompanhar o mercado em tempo real. Esta evolução está a transformar o acesso ao mundo financeiro, tornando-o mais inclusivo e facilitando o crescimento patrimonial a longo prazo. 

Ainda não está a aproveitar estas oportunidades? O segredo está em começar com pequenas quantias e aprender ao longo do tempo, até se sentir mais confiante.

Automatização da poupança

Uma das dificuldades mais comuns em Portugal é a baixa taxa de poupança. No entanto, algumas ferramentas tecnológicas ajudam a ultrapassar este obstáculo de forma automática:

  • Raize e Housers: são plataformas de financiamento colaborativo que permitem investir automaticamente pequenas quantias em empresas e em imobiliário.
  • Activobank, Banco Best, Banco BIG e outros: oferecem serviços de investimento automatizado, onde é possível aplicar dinheiro sem necessidade de conhecimentos avançados.
  • Aplicativos de arredondamento: alguns bancos permitem arredondar compras feitas com cartão e guardar a diferença como poupança automática. Por exemplo, se arredondar todas as compras do mês para o euro seguinte e guardar a diferença, pode facilmente juntar 30 ou 40 euros por mês sem dar por isso. O que equivale a cerca de 400 euros ao fim de um ano, o suficiente para iniciar um investimento.

Trago-lhe ainda uma dica extra: criar um débito direto para uma conta poupança todos os meses é outra forma eficaz de garantir que guarda dinheiro regularmente. É o que se costuma chamar de “Pague-se a si primeiro”. Pode, por exemplo, subscrever Certificados de Aforro na app dos CTT e do banco BIG.

Ferramentas para investir sem medo

O receio de investir é comum em Portugal, muitas vezes por falta de conhecimento ou medo de perder dinheiro. No entanto, existem plataformas que tornam o investimento mais acessível e transparente:

  • ETF (Exchange Traded Funds): são uma das formas mais simples e diversificadas de investir. Aplicativos como Degiro, Trade Republic, Trading 212 e XTB permitem investir em ETF sem comissões elevadas.
  • Robo-advisors: vários bancos criam carteiras de investimento automáticas com base no perfil do investidor. Pergunte se o seu banco tem esta opção.
  • PPR: alguns bancos, corretoras, gestoras de fundos e seguradoras oferecem PPR com estratégias de investimento eficientes e adequadas ao seu perfil, ideais para a reforma.

Educação financeira ao alcance de todos

Para quem quer melhorar os conhecimentos financeiros, a internet oferece recursos gratuitos e acessíveis como blogs e podcasts com dicas práticas sobre poupança e investimento.

Pode também recorrer a cursos online gratuitos em várias plataformas de educação financeira. E ainda existem imensos grupos de discussão em comunidades nas redes sociais e fóruns (veja o Reddit, por exemplo) que ajudam a trocar experiências e a esclarecer dúvidas.

Quanto mais informado estiver, mais confiança terá para tomar decisões financeiras inteligentes.A tecnologia está a mudar a forma como gerimos o dinheiro. Em Portugal, onde a literacia financeira ainda é baixa e a taxa de poupança é reduzida, as ferramentas digitais podem ser a solução para um futuro financeiro melhor. 

O primeiro passo é experimentar estas soluções e ver quais funcionam melhor para cada situação. Pequenas mudanças podem trazer grandes melhorias e ajudar a construir um património sólido a longo prazo.

Comece hoje a usar a tecnologia para gerir as finanças pessoais e ter mais qualidade de vida.

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