Perfil de Investidor o que é e como saber o seu?
Todos temos diferentes expectativas em relação a investimentos, o que significa que os produtos financeiros que escolhemos devem ser adequados ao nosso perfil de investidor.
Enquanto para uns as perdas fazem parte do processo, para outros é impensável escolher investimentos que impliquem perder dinheiro. Para evitar dissabores e problemas financeiros, é essencial perceber os seus objetivos e expetativas antes de investir.
Descubra qual é o perfil de investidor em que se enquadra e conheça algumas dicas para escolher os investimentos que podem ser mais adequados.
O que é o perfil de investidor?
O perfil de investidor está relacionado com a tolerância ao risco ao investir. Investidores mais conservadores preferem produtos com capital garantido (ou seja, em que têm a certeza que não perdem o dinheiro investido), enquanto os perfis mais ousados procuram sobretudo rentabilidade, mesmo correndo o risco de perder tudo.
É, também, um reflexo dos objetivos financeiros de cada um. Por exemplo, quem pretende poupar para a reforma procura, em princípio, um investimento a médio ou longo prazo, em que a remuneração será um fator secundário. A ideia será ter uma aplicação simples e segura, que garanta algum desafogo ao deixar de trabalhar.
Já os produtos financeiros mais complexos destinam-se a pessoas com maior conhecimento do mercado, que se focam sobretudo em aumentar os seus rendimentos e que toleram perder algum capital.
Conhecer o perfil de investidor é importante, porque existem vários tipos de investimentos, mas dificilmente se encontra um que seja adequado tanto a principiantes como a especialistas.
É fundamental traçar o perfil de investidor antes de definir um plano de investimento que lhe proporcione um rendimento passivo. Só assim é possível escolher os produtos financeiros mais adequados.
Quais são os principais perfis de investidor?
Não existe uma classificação harmonizada que seja usada por todas as instituições financeiras para classificar os tipos de investidores, mas há quatro tipos que são geralmente referidos para os distinguir:
- Conservador
- Moderado
- Dinâmico
- Arrojado
Esta distinção tem como base características como o grau de aversão ao risco, a disponibilidade para aplicações de curto, médio e longo prazo, a rentabilidade esperada e as expetativas quanto à valorização/desvalorização dos ativos.
Conservador
O perfil do investidor conservador ou prudente aplica-se a pessoas com um elevado grau de aversão aos riscos relacionados com investimentos: capital, rendimento e liquidez. Ou seja, deseja produtos com capital garantido, com remuneração definida à partida (isto é, sem oscilações) e que possa mobilizar quando quiser.
As preferências deste investidor vão para produtos com prazos de vencimento mais curtos, como certificados de aforro ou depósitos a prazo mobilizáveis.
Moderado
O investidor com um perfil equilibrado ou moderado tem preferência por produtos com garantia do capital investido, mas com prazos mais longos. Ou seja, investimentos que não possa movimentar imediatamente, mas cuja duração permita acomodar ou recuperar de eventuais perdas ou períodos de menor rentabilidade.
Um investidor moderado valoriza a segurança, embora tenha já alguma tolerância ao risco, o que permite alguma diversificação de investimentos, com produtos de rendimento fixo (como imóveis para arrendar) e rendimento variável, como fundos de investimento.
Dinâmico
O perfil de investidor dinâmico aplica-se a pessoas com alguma tolerância aos riscos associados a investimentos. A mobilização de capital não é a sua prioridade, pelo que está recetivo a optar por aplicações financeiras de médio e longo prazo.
Um investidor dinâmico tem como objetivo obter uma rentabilidade superior à média do mercado. Por isso, está disposto a assumir o risco de sofrer algumas perdas. Os investimentos em ETF (Exchange Traded Funds ou fundos de investimento negociados em bolsa) são um exemplo de produto que se pode adequar a este perfil.
Arrojado
Para um investidor com perfil arrojado, o objetivo é conseguir uma rentabilidade elevada, mesmo que isso signifique perder parte ou a totalidade do capital que investiu.
Não recusa investimentos com prazos mais longos, porque a mobilização do capital é secundária. Os fundos de investimento de ações e os criptoativos são exemplos de produtos que lhe podem interessar.
Como saber qual o investimento adequado para cada perfil?
Os intermediários financeiros (por exemplo, bancos, fundos de investimento, seguradoras e fundos de pensões) podem ajudar a avaliar qual o produto mais adequado a um perfil de investidor.
Estas entidades devem, antes de o investidor subscrever o investimento, realizar um questionário de adequação. Depois, com base nas respostas e no perfil encontrado, oferecer ao cliente apenas os serviços, aplicações ou instrumentos financeiros adequados ao seu perfil de risco.
No entanto, o investidor deve colaborar, prestando informação clara e rigorosa, que permita avaliar, de forma correta, as suas expetativas de rendibilidade, tolerância ao risco, experiência de investimento e conhecimento sobre a forma como funcionam os mercados financeiros.
Um investidor pode subscrever um produto ou serviço que o intermediário considere desadequado ao seu perfil. Neste caso, o intermediário entrega-lhe um aviso e a declaração de não adequação do produto.
Como se avalia a adequação financeira?
O questionário para avaliação da adequação financeira incide sobre a os conhecimentos e experiência do investidor, de forma a perceber se este compreende as características e os riscos de determinado produto.
A informação a obter junto do investidor procura saber, por exemplo:
- os tipos de investimentos com os quais está familiarizado;
- quais os conhecimentos em matéria de investimento;
- quais os seus conhecimentos sobre os riscos associados aos diferentes tipos de produtos financeiros;
- qual a sua apetência pelo risco.
O intermediário financeiro tem ainda de submeter o investidor ao teste de idoneidade, de forma a aconselhar o produto mais adequado para aquele cliente. Nesta avaliação, além da experiência e conhecimentos, procura conhecer a situação financeira do investidor. Para isso tem de obter informações sobre a sua fonte de rendimentos, compromissos financeiros periódicos (como créditos), ativos e investimentos que possui.
Deve ainda informar-se sobre os objetivos de investimento do cliente, finalidade da aplicação ou horizonte temporal para a aplicação financeira (curto, médio ou longo prazo).
No entanto, o intermediário financeiro está dispensado destas obrigações se o investidor tiver a iniciativa de subscrever um produto não complexo, como ações cotadas em bolsa, obrigações ou unidades de participação de fundos de investimento harmonizados. Nestas situações, a entidade financeira informa o cliente, por escrito, que não tem a obrigação de avaliar se o produto lhe é ou não adequado e que se limita a prestar o serviço de “mera execução de ordens”.
10 regras a cumprir antes de investir
Além de definir bem o perfil de investidor, há outras regras importantes que qualquer pessoa deve seguir antes de aplicar o seu dinheiro. Desta forma, evita perder montantes que lhe podem fazer falta ou ter surpresas menos agradáveis, como perceber que, afinal, aquele produto não tinha capital garantido.
Estas são as dicas fundamentais para quem quer investir:
- Definir quanto quer investir e durante quanto tempo;
- Determinar quanto dinheiro está disposto a perder (ou se está disposto a isso);
- Perceber se o produto tem garantia do capital investido;
- Não investir dinheiro de que precise para as suas despesas correntes ou para uma emergência;
- Compreender qual é a rentabilidade do produto;
- Comparar custos e comissões;
- Não investir através de entidades não registadas ou não autorizadas;
- Não entregar dinheiro a desconhecidos para que estes o apliquem;
- Exigir ao intermediário financeiro os documentos informativos obrigatórios;
- Não investir só com base em publicidade.
4 princípios para investir em segurança
Seja qual for o seu perfil de investidor, há sempre alguns cuidados a ter para garantir que determinado investimento é a melhor opção. Afinal, investir não é um jogo de sorte e azar, mas uma forma inteligente de ganhar dinheiro.
Ponderação
Fazer um investimento tem de ser uma decisão ponderada e nunca tomada sob pressão. É importante ter em conta que não há formas milagrosas de multiplicar dinheiro e que até pode correr o risco de perder o que investir.
Qualquer investimento tem consequências no património, por isso pondere quais os riscos que quer correr.
Informação
Mesmo que já tenha alguma experiência em investimentos, é fundamental recolher e analisar toda a informação e ter tempo para compreender como funciona o produto, quais as vantagens e desvantagens e custos associados.
Analise todo o conteúdo relevante sobre a aplicação financeira e entidade emitente. Faça as perguntas que considere necessárias,
Planeamento
Fazer um plano de investimentos implica definir objetivos quanto à rendibilidade, limite de perdas e duração das mesmas. Ou seja, em vez de investir e esperar para ver o que acontece, é importante determinar, à partida, até onde se está disposto a ir.
Ao criar este plano também deve estabelecer datas para fazer a reavaliação periódica do investimento e tomar as decisões necessárias.
Diversificação
Diversificar os investimentos é uma das regras mais importantes e uma das mais mencionadas pelos grandes investidores. O objetivo da diversificação é evitar a dependência de apenas um tipo de ativos. Se, por exemplo, investir tudo em ações, a exposição a um eventual crash das bolsas é muito maior.
Diversificar reduz o risco e aumenta as oportunidades de fazer crescer o capital. Por outro lado, permite que exista uma compensação entre perdas e ganhos, evitando grandes oscilações de rendimento com impacto significativo no património.