Banco ou corretora: como escolher um intermediário financeiro?
Um intermediário financeiro, como um banco ou uma corretora, atua como elo entre o investidor e os produtos de investimento. No entanto, esta função está sujeita a um conjunto de regras que os investidores devem conhecer para proteger os seus direitos e o seu capital.
Mas afinal, como funciona o processo de intermediação financeira? E que aspetos devem ser tidos em conta quando se escolhe uma entidade para ser intermediário financeiro? Esclareça as suas dúvidas neste artigo.
O que é um intermediário financeiro?
Um intermediário financeiro é uma entidade autorizada a atuar no mercado de capitais e que presta vários serviços aos investidores, nomeadamente:
- Abertura de contas para registo de operações e depósito dos valores mobiliários;
- Receção, execução e transmissão de ordens de investimento;
- Gestão da carteira de valores;
- Consultoria para investimentos;
- Concessão de crédito para investir em valores mobiliários ou em instrumentos financeiros.
De acordo com o Código dos Valores Mobiliários, em Portugal, podem exercer atividade de intermediação financeira as instituições de crédito e empresas de investimento autorizadas.
Os intermediários devem avaliar qual é o produto financeiro mais adequado ao perfil do investidor tendo em conta, por exemplo, o seu grau de tolerância ao risco e os conhecimentos que os clientes têm sobre o funcionamento do mercado financeiro.
Nesse sentido, os intermediários financeiros devem informar o investidor sobre:
- Características dos instrumentos financeiros, incluindo o preço;
- O custo dos seus serviços e as comissões aplicáveis;
- Rendibilidade e risco de cada tipo de investimento;
- Adequação dos investimentos, operações ou estratégias ao perfil do investidor;
- Condições de cada contrato celebrado com o intermediário para a prestação de cada serviço;
- De que forma e com que periodicidade vai prestar informações que permitam o acompanhamento do investimento realizado.
Quais são os deveres dos intermediários financeiros?
Um dos deveres dos intermediários financeiros é a avaliação da adequação da aplicação financeira ao seu potencial investidor. Geralmente, esta avaliação é feita através de um questionário que procura perceber:
- Os tipos de investimentos com os quais está familiarizado;
- Os conhecimentos em matéria de investimento;
- Os conhecimentos quanto aos riscos associados aos diferentes tipos de produtos financeiros;
- E a apetência pelo risco.
Para que o intermediário financeiro possa avaliar corretamente a adequação do produto ao investidor, é importante que este lhe transmita informação verdadeira, clara e rigorosa.
Ainda assim, os investidores podem, caso entendam, subscrever um produto ou serviço considerado não adequado ao seu perfil de risco. Neste caso, o intermediário tem de fazer um aviso por escrito quanto à desadequação dessa aplicação.
O questionário de adequação não se aplica se for o investidor a ter a iniciativa de adquirir um produto não complexo, como ações cotadas em mercados regulamentados, obrigações ou unidades de participação de fundos de investimento harmonizados. Neste caso, o intermediário financeiro vai prestar o serviço de “mera execução de ordens”.
Avaliar a idoneidade
Quando apresenta ou recomenda vários produtos financeiros ao investidor, o intermediário financeiro está a prestar um serviço de aconselhamento. Nesse caso, tem de avaliar qual é o produto mais idóneo para aquela pessoa, realizando um teste de idoneidade, que também é obrigatório quando o intermediário presta o serviço de gestão de carteiras.
O teste de idoneidade avalia os conhecimentos e experiência do cliente, bem como a sua situação financeira e objetivos de investimento. Tem de ser obtida informação sobre o nível e fonte dos seus rendimentos, ativos líquidos, imóveis ou outros investimentos que possua e outros compromissos financeiros periódicos.
Com esta informação, o intermediário financeiro fica a saber qual a liquidez e tolerância ao risco do investidor.
Banco vs. corretora: quais as principais diferenças?
Os serviços de intermediação financeira podem ser prestados por bancos ou corretoras, pelo que, se pretende começar a investir, pode ter algumas dúvidas sobre qual a melhor opção.
Se tem uma conta ou um crédito numa instituição bancária, pode recorrer a esse intermediário financeiro para fazer os seus investimentos, mas antes informe-se sobre os custos e comissões associados a este processo.
Avalie também a diversidade de produtos financeiros que lhe é oferecida, porque nem todos os bancos oferecem várias opções. A solução pode passar por recorrer a outra instituição de crédito só para os investimentos, sobretudo se tiver um serviço de aconselhamento e gestão de portfólio.
As corretoras, o que inclui plataformas online de trading, podem ter custos mais baixos, existindo mesmo algumas que oferecem contas demo (de demonstração), para testar o funcionamento da plataforma.
As corretoras têm, geralmente, maior oferta em termos de produtos, dando acesso a vários mercados internacionais. No entanto, e sobretudo nos casos das corretoras online, não existe um acompanhamento tão personalizado como nos bancos. Assim, se não tem experiência em investir e não sabe quais são as opções mais indicadas para o seu caso, pode ser mais fácil iniciar o processo através de um intermediário financeiro “tradicional”.
Outra diferença importante entre os bancos e as plataformas online é a liquidez. Se vender um ativo através do banco, o valor entra quase imediatamente na sua conta, algo que pode não acontecer nas corretoras online.
5 fatores a considerar ao escolher um intermediário financeiro
Antes de escolher um intermediário financeiro para investir, é fundamental ter em conta alguns pontos que vão garantir não só a segurança e adequação dos seus investimentos, como mais rendibilidade.
1. Autorização para exercer atividade
Antes de investir em instrumentos financeiros, deve confirmar se o intermediário está autorizado a exercer a atividade em causa. Pode fazê-lo através do site da CMVM, entidade que supervisiona os mercados financeiros em Portugal.
Através dessa pesquisa consegue aceder a informação sobre bancos, corretoras, financeiras de corretagem, gestoras de patrimónios, gestoras de fundos de investimento e sobre os serviços que estão autorizados a prestar aos investidores.
A CMVM divulga também alertas sobre entidades que não estão autorizadas a prestar estes serviços aos investidores. Tenha em atenção que o regulador só emite estes alertas quando toma conhecimento deste tipo de situação, pelo que os investidores devem fazer uma verificação preventiva da entidade em causa, evitando assim eventuais situações de burla.
2. Reputação do intermediário financeiro
Antes de escolher um intermediário financeiro, informe-se também sobre a sua reputação. Pode pedir recomendações a pessoas da sua inteira confiança que também invistam ou fazer algumas pesquisas na internet. Se encontrar muitas queixas ou avaliações negativas, talvez seja melhor ponderar outra opção.
Fóruns de investidores ou associações de defesa de consumidores, como a Deco Proteste, também são uma fonte de informação a considerar.
3. Oferta de produtos financeiros
A diversidade de produtos financeiros é importante não só para garantir a diversificação da carteira de investimentos – um dos princípios “sagrados” dos investidores bem-sucedidos – como também para assegurar que vai encontrar um produto que se adequa ao seu perfil.
No entanto, se quer apenas investir em algo muito específico e não tem interesse, por exemplo, em mercados estrangeiros, este ponto pode não ser essencial na sua escolha.
4. Custos e comissões
Os intermediários financeiros cobram comissões pela prestação de serviços aos investidores, sendo que estes valores não estão sujeitos a limites legais.
Assim, a melhor forma de poupar ao investir e de aumentar a rendibilidade dos seus investimentos é informar-se sobre os custos associados, como as comissões (por exemplo, comissões da bolsa, comissões pela liquidação da operação, portes pelo envio de correspondência, taxas e impostos, etc.).
Antes de fazer o contrato, o investidor deve ser informado sobre o preçário em vigor, de forma a conhecer todos os encargos em que vai incorrer. Se quiser comparar custos, pode usar o simulador disponibilizado online pela CMVM.
5. Acompanhamento ao investidor
Este ponto é ainda mais relevante quando se trata de investidores com pouca experiência ou poucos conhecimentos sobre o funcionamento dos mercados financeiros. No entanto, também é importante quando o investidor não tem tempo para acompanhar regularmente a evolução dos seus investimentos. Nestes casos, um intermediário financeiro que garanta a gestão e o acompanhamento da carteira de investimentos será a melhor opção.