Investimentos

30 termos financeiros que deve conhecer

9 min
Termos financeiros

Os termos financeiros não se destinam apenas a especialistas. Cada um, na gestão das suas finanças pessoais ou dos seus investimentos, deve conhecer alguns conceitos e expressões que permitem perceber como poupar ou se está mesmo a ganhar dinheiro.

Se conceitos como inflação ou alavancagem lhe parecem estranhos e complexos, descubra o seu significado e de que forma têm impacto no seu dia a dia e nas decisões relacionadas com investimentos.

Termos para gerir as finanças pessoais

Está a analisar o seu contrato de crédito habitação e não percebe a terminologia? Ouve falar da Euribor e da inflação, mas não entende como podem afetar as suas finanças pessoais? Ajudamos a descodificar alguns termos comuns.

1. Autorização de débito em conta (ADC)

Uma ADC é uma forma comum de pagar despesas de forma rápida e automática. O titular da conta autoriza a instituição de crédito a realizar débitos diretos, de valor fixo ou variável, ou até um determinado valor ou data, a outra entidade (o credor).

2. Cash advance

Significa levantar dinheiro usando o cartão de crédito. O montante não é retirado da conta à ordem, mas lançado na respetiva conta-cartão, ou seja, vai sair do plafond do cartão de crédito. É importante ter em conta que, ao usar o cash advance, pode ter de pagar juros e comissões sobre o valor que levantou. 

3. Euribor

Significa Euro Interbank Offered Rate e refere-se à média das taxas de juro dos empréstimos que são feitos entre os principais bancos da Zona Euro. Varia de acordo com a oferta e procura, mas também em função do desempenho económico e da inflação.

O valor de referência é usado em contratos de crédito habitação com taxa variável. Assim, se o valor da Euribor aumentar, a prestação também vai subir. Se este indicador estiver mais baixo, as prestações também descem.

4. Ficha de informação normalizada europeia (FINE)

É um documento que uma instituição de crédito deve entregar aos clientes antes de ser feito um contrato de crédito habitação. A FINE inclui as principais características do crédito, o que também a torna útil para comparar propostas de vários bancos.

Caso não se trate de um crédito habitação, mas de outro tipo de empréstimo, deve ser disponibilizada a FIN (Ficha de Informação Normalizada). 

5. Fundo de Garantia de Depósitos (FGD)

O fundo de garantia de depósitos garante o reembolso dos depósitos até 100.000 euros por instituição de crédito e por depositante caso o banco tenha problemas e não consiga assegurar os depósitos.

O FGD também pode atuar de forma preventiva, para garantir a liquidez de instituições de crédito em dificuldades. O objetivo deste fundo é assegurar a estabilidade do sistema bancário, especialmente na proteção dos pequenos depositantes.

6. Inflação 

Existe inflação quando os preços dos bens ou serviços aumentam. Imagine que tem 100 euros e vai ao supermercado: se com o mesmo dinheiro comprar menos bens do que na semana ou mês passado, significa que há inflação.

A inflação é, assim, uma redução no valor de uma moeda ao longo do tempo. O cálculo da inflação é feito usando um “cabaz” de produtos e serviços, comparando os preços. Quando se fala em taxa de inflação homóloga está em causa o preço do cabaz completo num determinado mês, em comparação com o seu preço no mesmo mês do ano anterior.

7. Juros

Os juros são o preço do dinheiro: se depositar dinheiro num banco, o juro vai ser a remuneração por esse depósito. Mas se pedir dinheiro emprestado, vai pagar juros sobre esse valor.

Os juros compostos são um regime em que os juros que vão vencendo em cada período são somados ao dinheiro inicialmente depositado. Sobre esta soma são calculados novos juros e assim sucessivamente (capitalização).

No caso dos juros simples não existe capitalização. Os juros são calculados sobre o capital inicial. 

Os juros de mora são cobrados sempre que existe atraso no pagamento de uma obrigação, como por exemplo a prestação de um crédito ou o pagamento de um imposto. 

8. Mutuante

Nos contratos de crédito surgem dois termos que nem sempre é fácil perceber à primeira leitura, mas que são, afinal, bem simples. O mutuante é a instituição financeira, isto é, a entidade que empresta o dinheiro e recebe juros sobre esse empréstimo. O mutuário é quem recebe o valor emprestado e paga juros sobre esse montante.

O mútuo é o empréstimo, ou seja, contrato entre o mutuante e o mutuário.

9. Período de carência

O termo período de carência tem diferentes significados no contexto de seguros e no contexto financeiro.

Quando se fala em período de carência num contrato de seguro, refere-se a um espaço de tempo, entre o início do contrato de seguro e uma determinada data em que algumas coberturas ainda não estão ativas. Acontece, por exemplo, em certos seguros de saúde, em que existe um período de carência para gravidez e parto.

Já o período de carência num crédito diz respeito ao período de tempo em que o cliente não paga juros, não amortiza o capital em dívida ou ambos.

10. Responsabilidades de crédito efetivas /potenciais

As responsabilidades de crédito de pessoas e empresas constam da central de responsabilidades de crédito do Banco de Portugal (a chamada “lista negra”).

As responsabilidades de crédito efetivas são os valores já entregues em contratos de crédito. Por exemplo, empréstimos para compra de habitação ou automóvel ou os valores já utilizados nos cartões de crédito.

As responsabilidades de crédito potenciais são os compromissos assumidos, como valores não utilizados de cartões de crédito e das linhas de crédito contratadas ou as garantias prestadas (por exemplo, ser fiador). 

11. Spread

É uma das partes que compõe a taxa de juro cobrada nos empréstimos com taxa variável. Esta componente é definida pela instituição de crédito e varia consoante os contratos, de acordo com o risco de crédito, o valor do empréstimo ou os custos de financiamento. O spread é somado ao indexante (como a Euribor) para calcular a taxa de juro e definir o valor da prestação.

12. TAEG

A taxa anual de encargos efetiva global (TAEG) é o custo do empréstimo para o cliente, por ano, em percentagem do montante emprestado e, por isso, é um indicador útil para analisar e comparar propostas de crédito.

No cálculo da TAEG entram, por exemplo, juros, comissões, seguros, despesas com impostos e registo da hipoteca, a comissão de manutenção de conta à ordem ligada ao empréstimo e outros encargos associados ao contrato de crédito.

Se, por exemplo, a TAEG for de 10%, isso significa que, além de reembolsar o valor que lhe foi emprestado, terá de pagar, por ano, 10% do montante do empréstimo em custos associados ao crédito.

13. Taxa de esforço

A taxa de esforço é a percentagem do rendimento destinada a pagar uma ou várias prestações de crédito. É um indicador muito importante para a concessão de um empréstimo, já que, quanto mais elevada a taxa de esforço, maior o risco de incumprimento.

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Calcular a taxa de esforço é uma boa forma de avaliar a sua saúde financeira e perceber se os empréstimos estão a pressionar o orçamento mensal. Use este simulador para perceber qual é a sua taxa de esforço.

14. Taxas de juro

Nos empréstimos, a taxa de juro diz respeito ao custo do montante que foi emprestado. Se a taxa de juro for fixa, não vai sofrer alterações durante o contrato, mas se for variável, vai oscilar à medida que o indexante subir ou descer. Alguns empréstimos têm taxas mistas, o que significa que durante uma fase a taxa é fixa no restante período variável.

15. Vendas associadas facultativas (bundling)

Diz respeito à venda de produtos e serviços financeiros – como seguros ou cartões de crédito – associados a outro produto, como um crédito habitação, com o objetivo de melhorar as condições do empréstimo. A adesão a estes produtos é facultativa.

Termos sobre investimentos financeiros

Quer começar a investir, mas os termos financeiros tornam o processo mais complicado? Embora seja essencial ter a certeza que compreende bem os investimentos que faz, perceber a linguagem desta área é um passo importante. Conheça alguns conceitos essenciais.

16. Alavancagem

É um processo em que o investidor aplica mais recursos do que os que possui. Assim, além do capital próprio, recorre a capital emprestado, esperando que a rendibilidade obtida com o investimento seja superior aos juros do empréstimo. Esta é uma forma de procurar aumentar os ganhos, mas que também pode potenciar perdas.

17. Carteira de ativos 

Também conhecida como carteira de investimentos, diz respeito aos ativos (como ações ou participações em fundos de investimento) que aquela pessoa tem. A carteira de ativos deve ser diversificada, com produtos financeiros de diferentes rentabilidades e graus de risco e adequada ao perfil do investidor. 

18. Commodities 

São mercadorias, ou seja, os bens tangíveis como ouro, petróleo, cereais ou café, negociados em bolsas próprias. As commodities podem ser usadas para investimento, como acontece com os contratos de futuros, em que os investidores fazem um contrato de compra ou venda de um valor fixo de uma mercadoria a um preço pré-determinado numa determinada data.

19. Criptoativos

O exemplo mais conhecido são as criptomoedas, mas a designação também se aplica aos NFTs. Os criptoativos são representações digitais de valores ou direitos transferidos e armazenados eletronicamente, ou seja, não podem ser “levantados”.

20. Dividendos 

Um dividendo é o valor distribuído pelas sociedades anónimas aos seus acionistas, concedendo-lhes uma parte dos lucros proporcional ao número de ações que detêm. A distribuição de dividendos depende da existência de lucros.

21. ETF (Exchange Traded Fund)

Um ETF é um fundo de investimento aberto, negociado na Bolsa de Valores e cujo desempenho depende do comportamento de um indicador de referência, como um índice, um ativo ou uma estratégia de investimento.

22. Forex

Tem origem na expressão “Foreign Exchange Market” e consiste em transações com divisas (moedas), feitas aos pares. Por exemplo, dólares norte-americanos e euros. A negociação é feita trocando-se uma divisa por outra ou pelo valor de uma contra a outra.

23. Obrigações

As obrigações são um instrumento financeiro em que a entidade emitente – empresas, entidades públicas ou privadas ou até o Estado – se financia junto de investidores. Ter obrigações dessas entidades significa que se é credor e que se tem direito ao recebimento periódico de juros durante o período do empréstimo e ao reembolso do capital investido no final (na data de maturidade).

24. Perfil de Investidor 

O perfil do investidor está relacionado com o grau de aversão aos risco e expetativas quanto ao investimento. Assim, ao escolher produtos financeiros, é importante garantir que se adequam ao seu perfil, que pode ser conservador, moderado, dinâmico ou arrojado.

25. Prospeto Simplificado

É um documento que resume as principais características de um Fundo de Investimento e que tem obrigatoriamente de ser entregue antes da subscrição. O objetivo é que o investidor possa informar-se devidamente sobre o investimento que vai realizar e os riscos associados antes de tomar uma decisão. 

26. Rendibilidade

A rendibilidade é a taxa de rendimento gerada por um investimento durante um determinado período de tempo. Pode ser positiva. se existiram ganhos, ou negativa, se o investimento gerou perdas. Geralmente é medida em percentagem do capital aplicado tendo em conta o período de um ano.

27. Remuneração

É o pagamento feito pela entidade que emite um produto financeiro como contrapartida pelo investimento e pelo facto de o investidor ter o seu dinheiro “parado” nesse produto (imobilização temporária do capital). A remuneração pode ser fixa ou variável, garantida ou eventual. 

28. Risco

Praticamente todos os investimentos têm algum tipo de risco, sendo este um fator que os investidores devem avaliar antes de tomarem decisões. Há vários tipos de riscos:

  • Risco de capital significa que o investidor pode perder parte ou a totalidade do dinheiro que investiu. Existe em todas as aplicações sem garantia de capital;
  • Risco de crédito é o risco de falência ou insolvência da entidade junto da qual foram aplicados os fundos;
  • Risco de liquidez ocorre se a poupança ou investimento não permite dispor do capital investido antes de determinada data (vencimento) ou se esse resgate tem custos para o investidor;
  • Risco de mercado está associado, por exemplo, a ações e obrigações e diz respeito a uma eventual perda de valor da aplicação financeira devido a alterações nos preços, taxas de juro ou do próprio mercado;
  • Risco de remuneração é comum quando a remuneração não está totalmente definida à partida, pelo que existe incerteza quanto à existência ou evolução da remuneração.

29. Unit linked

São contratos de seguro do ramo vida ligados a fundos de investimento, em que uma parte do investimento é destinada ao prémio que garante uma cobertura no caso de morte, mas a maioria do capital tem como fim o investimento. O saldo da apólice expressa-se por unidades de conta, que representam fundos autónomos formados por ativos que pertencem ao segurador ou por unidades de participação em fundos de investimento. A rendibilidade depende da evolução desses ativos.

30. Volatilidade

Refere-se às flutuações que caracterizam os produtos financeiros e os mercados. Quanto maiores as oscilações, maior será o risco. A volatilidade pode ter origem em fatores como eventos económicos ou políticos (como por exemplo guerras), no mercado (devido à relação entre a oferta e a procura) ou até no comportamento expectativas dos investidores.

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