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Dicas para atingir objetivos financeiros

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Dama de Ouros
Dicas para atingir objetivos financeiros

Todos os objetivos, sonhos e ambições têm algum tipo de custo. Sejam quais forem os nossos – comprar uma casa, ter um filho, uma viagem, liberdade financeira – há sempre um preço associado.

Alguns sonhos parecem demasiado ambiciosos e são deixados de parte, outros são apressados e financiados a crédito, podendo comprometer outras ambições do futuro. Ambas as situações podem deixar-nos numa posição desconfortável: ou somos infelizes porque não fazemos o que gostaríamos ou então fazemos a qualquer custo e pagamos a fatura depois.

A boa notícia é: podemos encarar o dinheiro como aliado e ferramenta para atingir sonhos. Tudo o que é preciso é um planeamento financeiro e metas bem definidas.

“Um objetivo sem um plano é apenas um desejo.” – Antoine de Saint-Exupéry

Definir objetivos financeiros específicos e realistas

Vamos começar esta leitura com um exercício para garantir resultados e uma ação imediata? Sim, agora. Prometo que são só uns minutinhos.

O que peço é que liste todos os seus sonhos e ambições que têm algum tipo de custo financeiro e que identifique precisamente qual o valor necessário para o cumprir. Pode ser num papel ou no bloco de notas do computador. O resultado deverá ser algo deste género: 

  • Subcontratar a limpeza da casa: 30 euros por mês
  • Viagem ao Brasil: 1.500 euros
  • Carro novo: 20.000 euros

Repare que os sonhos não têm de ser bens ou experiências mirabolantes. Desde que contribuam para o nosso bem-estar e felicidade e sejam algo que queremos fazer, podem e devem entrar nesta lista.

Além de contribuir para o sucesso do cumprimento de cada meta, como veremos de seguida, escrever os objetivos e ambições no papel oferece uma visão a longo prazo e motivação no dia a dia. Na verdade, esta primeira tarefa é apenas o início de um plano de execução bem estruturado. Para os sonhos passarem a objetivos alcançáveis temos de os quantificar muito bem.

Dizer “quero ser rico” ou “um dia quero viajar para fora da Europa” é demasiado vago e torna difícil criar uma estratégia para lá chegar. Chegar onde?

“Se não sabes por onde ir, qualquer caminho serve.” – Alice no País das Maravilhas

Em 1981, o investigador George T. Doran definiu uma fórmula para definir objetivos que ainda hoje é referência por todo o mundo nos negócios e desenvolvimento pessoal. Conhecida como SMART (acrónimo de Specific, Measurable, Achievable, Relevant e Time-bound), esta estratégia determina que os objetivos devem ser:

  • Específicos: têm de ser claros e detalhados. Em vez de dizer “quero
    poupar”, definir quanto – “quero poupar 1.000 euros em seis meses”.
  • Mensuráveis: tem de ser possível acompanhar o progresso. Saber se estamos no caminho certo e quanto falta para atingir a meta é crucial para garantir que cumprimos com aquilo a que nos propusemos.
  • Alcançáveis: para cumprir com este ponto talvez seja necessário recuar um pouco. Para definir objetivos realistas precisamos conhecer o estado atual das nossas finanças – quais os valores já acumulados e qual a poupança mensal disponível para cada meta. Definir metas muito ambiciosas pode gerar frustração ou mesmo causar desistência caso o fim nos pareça impossível.
  • Relevantes: num mundo em que temos infinitamente mais opções do que recursos, teremos obrigatoriamente de definir prioridades e direcionar o nosso tempo e dinheiro para metas que realmente se alinhem com o que queremos para a nossa vida. 
  • Temporais: tem de existir um prazo para atingir cada objetivo, que faça sentido tendo em conta todos os pontos previamente referidos. 

Aplicando às finanças pessoais, podemos garantir a metodologia SMART respondendo às seguintes questões:

  1. O quê? Qual é o objetivo?
  2. Como vou medir o progresso? Como sei que atingi a meta?
  3. É possível atingir essa meta, dada a minha situação financeira atual?
  4. Quero mesmo isto? É uma prioridade para mim?
  5. Quando é que quero atingir a meta?

Vamos a um exemplo prático: defini três objetivos específicos (S), mensuráveis (M) e que para mim muito relevantes (R). Tenho um prazo definido, por isso posso também garantir que cumprem o critério temporal (T). Mas serão alcançáveis?

O quê?Qual o valor?Quando?Quanto por mês?
Comprar um telemóvel novo350€Daqui a 6 meses58€
Fazer uma viagem à Croácia1.300€Daqui a 15 meses87€
Trocar de carro15.000€Daqui a 40 meses375€
Total16.650€N/A520€

No total, para cumprir todos este objetivos financeiros, é necessário acumular 16.650 euros nestes 40 meses. Isto significa que, em média, tenho de colocar de parte 416 euros.

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Se poupar mais do que esse valor, fico até com dinheiro de sobra para outros objetivos. No entanto, se a poupança mensal for inferior, nas condições atuais os objetivos não são alcançáveis (A).

Neste cenário, há três caminhos possíveis:

  • Estender o prazo de um ou mais objetivos, para diminuir a poupança mensal necessária;
  • Eliminar o(s) menos relevante(s), para garantir o cumprimento dos que realmente importam;
  • Encontrar uma forma de aumentar o valor da poupança mensal, de modo a cumprir tudo dentro dos prazos estipulados.

Objetivos de curto, médio e longo prazo

Apesar de o caminho inicial ser o mesmo, há um pormenor de elevada importância que distingue os objetivos de curto, médio e longo prazo: a aplicação do dinheiro poupado até à data de o utilizar.

Metas de curto e médio prazo (até 5 anos)

O dinheiro poupado para metas de curto prazo, a realizar em apenas alguns meses ou até daqui a dois anos, deverá ser guardado num local de baixo risco e facilmente acessível na data pretendida.

A Conta Poupança é uma excelente opção. Hoje em dia há vários depósitos a prazo e contas remuneradas, com a segurança de qualquer produto deste género (Fundo de Garantia de Depósitos cobre até 100.000 euros em caso de falência do banco), que são também boas opções para armazenar as poupanças de metas que ocorram num futuro próximo.

Os Certificados de Tesouro são também uma opção de baixo risco, mas apenas válida se o prazo de utilização pretendido for igual ou superior a doze meses, uma vez que esse é o período mínimo de permanência obrigatório. Para utilizar o dinheiro em seis meses, dentro dos títulos de dívida do Estado português, os Certificados de Aforro seriam a melhor opção (período mínimo de permanência de três meses).

Até cinco anos, o prazo é demasiado curto para considerar o investimento da poupança em ativos de renda variável. É daquelas situações em que tudo pode correr muito bem e até atingimos o objetivo mais cedo que o esperado, ou tudo corre muito mal e na data em que supostamente estaríamos a celebrar uma conquista, estamos desapontados porque os ativos nos quais investimos desvalorizaram e não conseguimos cumprir a meta.

Para médio prazo, pode ser considerado o investimento em ativos mais voláteis para equilibrar a segurança financeira com o potencial de crescimento, mas sempre com a noção de que todos os investimentos têm riscos associados e, neste caso, o risco é não conseguir atingir as metas na data planeada.

Metas de longo prazo (mais de 5 anos)

As metas de longo prazo são os grandes objetivos que exigem tempo, paciência e consistência. Normalmente, envolvem valores mais elevados de dinheiro, e por isso podem usufruir bastante de uma estratégia de investimento mais agressiva que permita obter retornos mais significativos ao longo do tempo.

Na verdade, algumas metas só se tornam possíveis se considerarmos o investimento em ativos de renda fixa ou variável que permitam rentabilidades superiores a 5%. Para certos valores, apenas poupar não é suficiente.

Neste caso podemos considerar o investimento em ativos que estejam alinhados com o nosso perfil de investidor. Ações, ETF, PPR, imobiliário… Assumindo algum nível de risco, que é mais reduzido quanto maior for o prazo de investimento, podemos usufruir do poder do juro composto e catapultar resultados, proporcionando um crescimento exponencial.

Paciência, disciplina e planeamento

Atingir os objetivos financeiros exige paciência, disciplina e, acima de tudo, planeamento. Antes de mais, envolve definir metas claras, mensuráveis e alcançáveis. Só com um fim claramente definido é possível construir um plano financeiro robusto e alinhado com as prioridades.

A distinção de objetivos de curto, médio e longo prazo permite otimizar o valor poupado e evitar dissabores. Procurar segurança, acessibilidade e estabilidade para as poupanças de curto e médio prazo garante que todos os objetivos são cumpridos. Investir poupanças de objetivos de longo prazo permite usufruir do juro composto para acelerar e facilitar a jornada.

As nossas vontades e circunstâncias mudam, é normal. Estamos em constante evolução. Por isso, é normal que as metas necessitem de revisão periódica, para garantir que estão bem definidas e, principalmente, que continuam a ser relevantes para nós.

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