Não entrou no curso que queria? Conheça o Ano Zero
Se não entrou no curso superior que pretendia, o Ano Zero é uma opção que lhe permite ter um contacto antecipado com o ensino superior. Saiba como funciona.
A saída das colocações de acesso ao ensino superior é um momento de felicidade para os milhares de jovens que conseguem entrar na faculdade dos seus sonhos. No entanto, para aqueles que não ficam colocados no curso ou na universidade que desejam é uma altura de frustração e tristeza.
No entanto, não entrar no ensino superior não tem de ser “o fim do mundo”. Há sempre a possibilidade de voltar a concorrer e, entretanto, há formas de ocupar o tempo para não perder um ano inteiro.
Se está nesta situação, candidatar-se ao Ano Zero pode ser uma boa opção. Desta forma, além de poder familiarizar-se com a vida de universitário, ainda consegue preparar-se para tentar o ingresso no curso que deseja.
O que é o Ano Zero?
O Ano Zero é um curso preparatório de estudos pré-universitários, lecionado numa instituição de ensino superior, com a duração de um ano letivo. Ao frequentarem este programa, os alunos têm a oportunidade de conhecer melhor o curso em que pretendem ingressar e de perceber as dinâmicas do ensino superior.
Durante o Ano Zero, os estudantes podem realizar algumas unidades curriculares do curso escolhido e ainda ter apoio às disciplinas que permitem terminar o secundário e/ou que vão ser utilizadas como prova de ingresso na candidatura ao ensino superior.
Além de dotar os alunos das ferramentas, metodologias e conhecimentos necessários na transição para o ensino superior, este programa também ajuda a estimular a aquisição e o desenvolvimento de competências fundamentais para um percurso académico de sucesso, como a autonomia, a comunicação, a criatividade e o espírito crítico.
A quem se destina o Ano Zero?
O Ano Zero é indicado a todos os estudantes que, por qualquer motivo, não tenham entrado no ensino superior. Assim, pode ser útil para quem não conseguiu ingressar no curso que pretendia, mas também para os alunos que ainda têm dúvidas quanto ao caminho a seguir.
Assim, podem frequentar o Ano Zero:
- Estudantes que concluíram o 12.º ano e obtiveram aprovação nos exames das provas de ingresso, mas não entraram no curso pretendido;
- Estudantes que terminaram o secundário com classificação positiva, mas que não tiveram nos exames a nota necessária para entrar no ensino superior;
- Estudantes que têm uma ou duas disciplinas do 12.º ano por terminar.
As restantes condições de acesso, bem como as disciplinas que podem ser frequentadas e o valor da propina a pagar, são definidas por cada instituição de ensino.
Por norma, a fase de candidaturas decorre entre julho e setembro, mas deve sempre contactar a faculdade que pretende frequentar para saber ao certo as regras.
Vantagens de frequentar o Ano Zero
O curso preparatório pré-universitário tem como principal vantagem o facto de oferecer apoio específico às disciplinas a que os alunos terão de realizar exame nacional de acesso ao ensino superior. Mas tem muitos outros benefícios:
- Ajuda a definir objetivos de forma mais clara e a perceber se o curso pretendido é realmente a escolha certa;
- Facilita o processo de integração na faculdade;
- Nalguns casos permite obter equivalências a determinadas disciplinas.
O Ano Zero dá acesso direto ao ensino superior?
Não. Quem frequenta o Ano Zero é considerado um aluno externo e, por isso, não tem acesso direto ao resto do curso após esse primeiro ano letivo.
O objetivo é que o estudante conclua o ensino secundário (se ainda não o fez) e que faça (ou repita) os exames nacionais pedidos como prova de ingresso para poder candidatar-se através do concurso nacional e, assim, ter acesso a toda a oferta formativa.
Os estudantes que fazem estes cursos preparatórios também não têm direito a bolsa de estudo. Contudo, há faculdades que oferecem o valor da inscrição, caso o aluno ingresse num curso da instituição no ano seguinte.
5 outras alternativas a considerar
Além do Ano Zero, há outras opções para quem não conseguiu (ou ainda não decidiu) entrar no ensino superior.
1. Fazer melhoria de nota
Se precisar de uma classificação mais alta para entrar no curso que quer, uma das alternativas que tem é fazer melhoria de nota. Existem dois tipos de melhorias: para efeitos de diploma ou para efeitos de acesso ao ensino superior.
A primeira só pode ser realizada no ano de conclusão da disciplina e no seguinte, na segunda fase dos exames nacionais, e pode ter impacto direto na média final do ensino secundário.
Já a segunda, pode ser realizada em qualquer altura, desde que a oferta de exames nacionais contemple as disciplinas e códigos de prova correspondentes. As novas classificações só serão consideradas no cálculo da média do ensino secundário que contará para acesso ao ensino superior.
2. Tentar mudar de curso e/ou de instituição de ensino
Caso tenha entrado no ensino superior, mas não no curso ou na faculdade que queria, pode pedir transferência.
Para isso, tem de estar matriculado e inscrito noutro curso, mas sem o ter concluído, e ter realizado os exames nacionais correspondentes às provas de ingresso fixadas para o novo curso que pretende.
O pedido é feito à faculdade em que se quer matricular e pode submetê-lo em qualquer altura do ano letivo. No entanto, existe um limite de vagas, que é fixado por cada instituição.
3. Fazer um gap year
Para quem pretende fazer uma pausa nos estudos e ganhar novas experiências, um gap year pode ser uma boa ideia. Durante este tempo, tem a oportunidade de sair da sua zona de conforto, desenvolver capacidades, refletir e desafiar-se.
Cada projeto de gap year é único e, se precisar de ajuda para financiar o seu pode recorrer às bolsas que a Gap Year Portugal tem em parceria com municípios e patrocinadores.
4. Procurar um emprego temporário
Ocupar o ano de pausa com um trabalho também é uma possibilidade. Além de conseguir juntar algum dinheiro, que pode utilizar para financiar os estudos, um carro ou até uma viagem, um emprego permite-lhe ganhar experiência no mercado de trabalho e desenvolver capacidades importantes.
Ao procurar um primeiro trabalho, também fica a saber como criar um bom currículo, escrever uma carta de motivação e como funcionam as entrevistas de emprego – tudo conhecimentos que, mais tarde, serão úteis.
O trabalho deve servir para ajudá-lo a manter-se ocupado e prepará-lo para o futuro. Por isso, não se esqueça do objetivo principal, que é entrar na faculdade, e não descure os estudos durante este período.
5. Fazer voluntariado
Por último, pode aproveitar este ano para fazer voluntariado. Estas ações são uma forma de desenvolver competências, sentido de responsabilidade, novos conhecimentos e relações com outras pessoas, ao mesmo tempo que se ajuda quem precisa de forma altruísta.
A nível nacional, pode procurar ações de voluntariado no sitePortugal Voluntário. Mas se quiser ter uma experiência no estrangeiro, também é possível. O Corpo Europeu da Solidariedade é uma iniciativa da União Europeia dirigida a jovens dos 18 aos 30 anos, que lhes permite fazer voluntariado ou trabalhar em projetos em vários países da Europa.
Quer opte por frequentar o Ano Zero ou por uma das outras alternativas, o importante é que não desmotive e que se mantenha ocupado. Organize o seu tempo, estabeleça objetivos e procure informações e ajuda para definir os próximos passos.