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Como escrever uma carta de motivação em 7 passos

7 min
Daniela Cunha
Daniela Cunha
como escrever uma carta de motivação

Escrever uma boa carta de motivação pode fazer a diferença num processo de recrutamento. Saiba qual é o objetivo deste documento e como o escrever em poucos passos.

Sobressair entre dezenas de candidatos durante um processo de seleção para um emprego nem sempre é fácil. Por isso, qualquer estratégia que ajude a destacar as suas competências e a impressionar os recrutadores é bem-vinda. É o caso das cartas de motivação.

Ainda que nem sempre sejam obrigatórias, há profissionais de recursos humanos que consideram as cartas de motivação indispensáveis e, muitas vezes, decisivas, já que vão além do currículo e ajudam a conhecer melhor os candidatos.

Se está à procura de um novo cargo, saiba como escrever uma carta de motivação, o que incluir e conheça ainda algumas dicas para aumentar as suas hipóteses de conseguir o emprego.


O que é uma carta de motivação?

A carta de motivação é um complemento do currículo que ajuda a mostrar a personalidade e as competências interpessoais do candidato. É muitas vezes utilizada nos processos de candidatura a empregos, estágios, bolsas de estudo ou programas de formação.

O objetivo principal da carta de motivação é dar a conhecer, de forma cativante, as suas competências e qualidades, o seu interesse na vaga a que se está a candidatar e ainda como é que se alinha com os valores da empresa.

Uma boa carta de motivação deve despertar o interesse, cativar e convencer quem está responsável pelo recrutamento de que é a pessoa certa para o cargo em questão. Muito mais do que um resumo do seu currículo, a carta deve acrescentar informação e o conteúdo deve ser único e original para prender imediatamente a atenção do destinatário.

Este documento é especialmente importante se está à procura de um primeiro emprego ou se quer mudar de área e não tem experiência profissional, já que ajuda os recrutadores a perceberem as suas ambições, expectativas e motivações.


A carta de motivação e a carta de apresentação são a mesma coisa?

Não. Ainda que ambos os documentos sejam um complemento ao CV, a carta de apresentação e a carta de motivação têm objetivos diferentes.

A carta de apresentação tem como finalidade apresentar, de forma mais completa, a sua experiência académica e profissional. Por outro lado, a carta de motivação deve mostrar as razões que o levaram a candidatar-se àquela vaga em específico.

Assim, a carta de apresentação pode ser mais extensa (sem ultrapassar uma página) e pode utilizar o mesmo modelo em várias candidaturas, já que as suas experiências serão as mesmas.

Já a carta de motivação deve ser mais curta e apresentar, em poucos parágrafos, porque é o candidato certo para aquela função. Ou seja, este documento tem sempre de ser personalizado e adaptado à vaga e empresa a que se está a candidatar.


7 dicas de como escrever uma carta de motivação

A carta de motivação deve destacar as informações e características do candidato que mais se adequam à vaga de emprego. O ideal é que seja simples, breve, bem escrita e estruturada para que prenda a atenção do recrutador.


1. Pesquise a instituição ou empresa a que se está a candidatar

O primeiro passo para escrever uma boa carta de motivação é sempre fazer uma pesquisa sobre a empresa e a vaga a que se candidata. Ainda que a carta deva mostrar o seu perfil, é importante que a linguagem e as expressões que utiliza reflitam os valores e a posição da organização.


2. Faça uma lista dos pontos mais importantes

Uma vez que a carta de motivação tem de ser personalizada, deve selecionar com cuidado as informações que vai colocar.

Faça uma lista das competências que a empresa procura na pessoa que vai ocupar o cargo e cruze essa informação com as suas características para saber o que é que está alinhado com as necessidades da organização. É nesses dados que se deve focar.


3. Siga uma estrutura pré-definida

Estruturalmente, é importante que a carta de motivação siga sempre o mesmo modelo:

Saudação

Comece a sua carta com uma saudação a quem está encarregue do processo de recrutamento. Este cumprimento pode ser mais ou menos formal, dependendo da instituição em causa, e o ideal é que se dirija ao destinatário pelo nome (caso tenha acesso a essa informação). Estas são algumas formas de saudação que pode utilizar:

  • Exmo. Sr./Sra. (nome do recrutador);
  • Prezados/as Senhores/as;
  • Caro/a.

Assunto

Explique, num pequeno parágrafo, como é que tomou conhecimento da vaga e porque é que se está a candidatar. Pode utilizar este exemplo como modelo: “Venho expressar o meu interesse em relação à vaga de [cargo a que se está a candidatar] que foi publicada no [site ou página onde viu o anúncio]”.

Corpo

O corpo da carta deve ser conciso e apelativo. Comece por expor, de forma simples e resumida, os pontos principais da sua formação académica e da sua experiência profissional. Fique-se apenas pelos aspetos que são relevantes para a vaga em questão.

Indique, ainda, as suas competências e qualidades mais importantes e mencione algumas características pessoais que podem ser valorizadas na posição à qual se candidata.

Por fim, explique porque é que se está a candidatar, o que é que o motiva e entusiasma na vaga e como é que as suas características e competências se alinham com a visão e os valores da empresa ou instituição em causa, demonstrando de que forma é que pode ser uma mais-valia.

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Último parágrafo

De uma forma breve e concisa, finalize a carta reforçando novamente o seu interesse na vaga de emprego e mostre-se disponível para uma entrevista.

Despedida

Termine a carta mostrando que tem vontade de manter o contacto com a empresa e deixe uma despedida cordial, como “com os melhores cumprimentos”, “atenciosamente” ou “cordialmente”. Assine a carta e deixe as suas informações de contacto, como o número de telefone e o e-mail.


4. Tenha atenção ao conteúdo

Uma carta de motivação demasiado longa ou incoerente pode desinteressar rapidamente quem a está a ler. Foque-se apenas nas informações mais pertinentes e evite dispersar. Utilize uma linguagem simples, formal e neutra, mas, ainda assim, pode dar-lhe um toque pessoal para se distinguir dos outros candidatos.

Por fim, tente encontrar um equilíbrio entre o racional e o emocional. Se, por um lado, não deve expor demasiado os seus sentimentos, por outro também não deve mostrar um excesso de frieza ou formalidade.


5. Use a formatação adequada

A par do conteúdo, a forma como apresenta a sua carta também é importante. Assim, opte por um tipo de letra simples e facilmente legível, de tamanho 12. As margens devem ter um espaçamento de 2,5 pontos e as linhas de 1,5.

Tente manter-se entre as 250 e 500 palavras (cerca de três ou quatro parágrafos) e, se quiser, pode utilizar o negrito para destacar aspetos importantes.

6. Evite estes erros

Ao escrever uma carta de motivação, há vários erros em que pode, inconscientemente, cair. Tenha atenção a estes detalhes para garantir que escreve a melhor carta possível:

Não se alongue demasiado

É fácil cair na tentação de querer incluir todas as informações a seu respeito e tudo o que sabe sobre a empresa. No entanto, parágrafos demasiado longos ou pouco objetivos não abonam a seu favor. Seja breve e limite-se àquilo que é realmente importante.

Não repita o seu currículo

Como foi explicado no início, uma carta de motivação serve para complementar o CV e, por isso, deve referir outros factos sobre si que são relevantes para a vaga a que se está a candidatar.

Não caia no auto-elogio

É verdade que a carta de motivação serve para mostrar as suas competências e qualidades, mas a forma como expõe estas informações diz muito sobre a sua personalidade. Tente escrever de forma neutra.

Não seja genérico

Listar apenas as suas experiências ou qualidades não é suficiente para chamar a atenção dos recrutadores. Seja cativante e original e evite ao máximo copiar outras cartas de motivação ou enviar a mesma para várias vagas diferentes. Nesse sentido, evite também recorrer à inteligência artificial.


7. Não se esqueça de fazer uma revisão

Antes de enviar a carta, é fundamental que faça uma revisão e, de preferência, em dias diferentes para poder ter uma visão mais ponderada daquilo que escreveu.

Preste atenção a possíveis erros ortográficos ou gramaticais e confirme se introduziu todos os elementos importantes, como as suas informações de contacto, a data, o local e a assinatura e ligações para o seu portfólio (caso seja relevante).

5 sugestões para aumentar as hipóteses de ser contratado

Num mercado de trabalho bastante competitivo e com novas competências a emergir, é importante que aposte nas estratégias que lhe darão as melhores hipóteses de conseguir o emprego que deseja.

1. Reveja o seu currículo

Garanta que o seu CV está atualizado e é claro, conciso e profissional. Coloque todas as experiências e competências relevantes e, se necessário, personalize-o para cada vaga de emprego a que se candidata.

2. Atualize a sua página de LinkedIn e o portfólio

Hoje em dia, as redes sociais são uma componente importante na procura de emprego. O LinkedIn é uma boa forma de encontrar vagas e de se conectar com recrutadores, por isso, deve considerar estar presente nesta rede e manter a sua página atualizada.

Se for relevante para a sua área, considere, também, criar um portfólio online e mantenha-o atualizado com os seus trabalhos mais recentes e relevantes.

3. Invista em formação

Com o mercado de trabalho em constante evolução, manter-se atualizado e a par das últimas novidades é a melhor forma de garantir que tem as qualificações que as empresas procuram.

Assim, se tiver possibilidade para isso, invista em formações especializadas. E se precisar de ajuda para financiar os seus estudos, o Crédito Formação da Cofidis dá-lhe até 100% de financiamento.

4. Prepare-se bem para as entrevistas de emprego

Se for chamado para uma entrevista, é fundamental que se prepare. Os recrutadores vão, muito provavelmente, testar os seus conhecimentos em relação à empresa e à vaga e mostrar desconhecimento não dá uma boa primeira impressão.

Pesquise sobre a história e a área de atuação da empresa e prepare algumas das perguntas mais comuns que surgem nas entrevistas, como “fale-me sobre si”, “porque é que está interessado nesta vaga”, “quais são os seus defeitos e qualidades” ou “porque é que o devemos contratar”.

Tente ser sempre autêntico, conciso e direto nas suas respostas.

5. Faça follow-up

Depois da entrevista de emprego, mostre o seu interesse e destaque-se da concorrência, enviando um e-mail a agradecer a oportunidade.

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