Poupar nos seguros: vale a pena ter franquia?
Na altura de contratar um seguro, o objetivo é essencialmente um: pagar o menos possível, mas ter uma boa cobertura dos riscos. Vale para o carro e para a mota, para a casa, para a saúde, para qualquer coisa que queremos proteger e que as companhias aceitem segurar. Uma solução que parece vantajosa é a franquia, mas é uma opção que deve ser bem ponderada.
O que é a franquia?
Segundo a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, que rege o sector, “a franquia corresponde ao valor que fica a cargo do tomador do seguro, em caso de sinistro”. Na prática, significa que se tiver um acidente de carro ou se precisar de fazer uma pequena intervenção cirúrgica, caso tenha uma franquia, uma parte da despesa vai sempre ter de pagar, ficando o resto a cargo da seguradora.
Como se define a franquia?
A franquia é definida entre si e a companhia na altura de contratar o seguro, sendo variável. Normalmente assume uma de três formas:
- Uma percentagem do valor do produto segurado (5% do valor de um carro, por exemplo);
- Uma percentagem do valor que é preciso pagar (por exemplo 10% de uma operação médica);
- Um valor fixo (algumas centenas de euros num carro, normalmente menos na saúde).
Quais as vantagens da franquia?
A franquia pode ser uma obrigatoriedade de uma seguradora – daí ser sempre bom fazer uma consulta ao mercado e comparar bem os seguros, não ficando pelo prémio a pagar -, mas normalmente é um parâmetro que pode adicionar para baixar o valor anual do seguro. Se pagar 500 euros pela proteção do seu carro, é muito fácil esse valor ser ultrapassado ao acionar o seguro por um pequeno toque ou acidente; se tiver uma franquia de 400 euros e a companhia baixar o valor anual para 400 também, significa que só a partir de 800 euros num sinistro é que iria causar ‘prejuízo’ – esquecendo outros custos e impostos do lado da seguradora.
Mas então fico sempre a perder?
Não exatamente, pode baixar bastante o valor anual a pagar. E vale a pena lembrar que o seguro é sempre uma questão de gestão do risco. Se pagar um seguro automóvel e nunca tiver acidentes, o prémio começa a baixar. Se tiver de acionar o seguro várias vezes, com franquia ou sem ela, o prémio a pagar vai aumentar no ano seguinte. A franquia acaba por ser uma despesa que pode ou não ocorrer.
Para as seguradoras, garantir um valor a pagar do lado do seu cliente acaba por ser um incentivo a ter mais cuidado. Um condutor que tenha uma franquia elevada no seu seguro, poderá ter mais atenção na estrada e praticar uma condução defensiva para evitar custos elevados. Por outro lado, seja em seguros automóvel ou outros, a franquia leva a que as pessoas façam mais contas antes de acionar a proteção. Desta forma, há muitas situações do dia-a-dia que não chegam a passar pelas seguradoras.
Veja este exemplo: O João tem um carro com um valor de 17.500 euros e uma franquia de 4% desse valor (700 euros). Ao sair de um estacionamento apertado partiu um espelho retrovisor e raspou o guarda-lamas. Como se lembrava do valor alto da franquia, antes de ligar para a seguradora levou o carro à oficina, recebendo um orçamento de 750 euros. Preferiu pagar do seu bolso, para que esse sinistro não entrasse no seu histórico.
Como decidir ter franquia?
Vai sempre depender do que pretende pagar e das condições impostas, mas há algumas noções que deve ter em atenção e que podem ajudar a escolher:
- Um carro novo, que terá um valor mais elevado, dá lugar a uma franquia alta, e os custos de reparação também podem ser maiores. Pode começar por pagar um seguro sem franquia e introduzi-la quando o seu carro já tem uma avaliação menor.
- Se tiver uma condução muito cuidadosa, garagem, e não fizer assim tantos quilómetros, uma franquia é uma boa opção, pois o risco de sinistro é menor. Se fizer muitos quilómetros para diferentes locais, aí a franquia é mais arriscada.
- Num seguro de saúde, a franquia pode ser definida por ato médico ou como ‘plafond’. Aqui deve ter em atenção essa diferença, pois uma franquia por ato médico significa que poderá ser aplicada mais do que uma vez, enquanto que a franquia anual, quando esse limite é ultrapassado nas primeiras consultas, exames ou intervenções, só regressa no ano seguinte.
- Um seguro multirriscos da casa tem normalmente um valor bastante baixo – uma vez que se estende muito no tempo -, pelo que a diferença entre ter ou não franquia vai mexer pouco nos custos anuais, mas pode causar uma grande mossa na sua carteira se o tiver de acionar devido a uma inundação, por exemplo.
A franquia é uma opção que deve estar em cima da mesa na altura de contratar ou alterar um seguro, mas também existem outras formas de baixar os valores a pagar. Fazer o pagamento de forma anual e não semestral ou mensal, aderir ao débito direto, ou juntar apólices diferentes na mesma seguradora são algumas das soluções para reduzir custos com os seguros .
Podem parecer um custo desnecessário – porque acha que conduz bem, porque nem uma gripe costuma ter, ou porque na sua zona não há assaltos a casas -, mas a verdade é que os seguros estão lá para ajudar quando alguma coisa corre mal e evitam custos elevados através de pagamentos mais pequenos. Faça simulações, procure outras opções, ou tente negociar novas condições ou um preço mais baixo com a sua seguradora.