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Aumento de preços em 2026: conheça as principais subidas

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Daniela Cunha
Daniela Cunha
Aumento de preços

Impostos, rendimentos, bens e serviços: o novo ano traz alterações em quase todos os setores. Saiba o que muda e onde vai haver um aumento de preços.

Ano novo, preços novos. Como já é habitual, a viragem do ano implica um aumento de preços em quase todas as áreas, que refletem, regra geral, o valor da taxa de inflação. Mas nem tudo são más notícias: as alterações aos escalões do IRS e as subidas nos apoios do Estado, nos salários e nas pensões poderão trazer algum dinheiro extra à sua carteira.

Saiba o que fica mais caro em 2026 e prepare o seu orçamento para o novo ano.

Que produtos e serviços sofrem um aumento de preços em 2026?

Rendas, bens alimentares ou telecomunicações são algumas das áreas que ficam mais caras. Conheça, abaixo, os valores em detalhe. 

Rendas

Em 2026, o coeficiente de atualização anual das rendas – o valor aplicado para calcular o aumento – é de 1,0224. Ou seja, as rendas podem aumentar, no máximo, 2,24% face ao valor anterior (a não ser que no contrato estejam estipuladas regras próprias que impeçam os aumentos). Na prática, isto significa que por cada 100 euros de renda, pode haver uma subida de 2,24 euros.

Quem tem uma renda de 700 euros, por exemplo, poderá passar a pagar, no máximo, 715,68 euros. Já uma renda de 1.000 euros, pode aumentar para 1.022,40 euros.

A boa notícia é que o limite da dedução à coleta de IRS dos encargos com rendas sobe de 700 para 900 euros.

Eletricidade e gás

A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) também comunicou as novas tabelas de preços para 2026. No mercado regulado, os clientes podem esperar aumentos entre 0,20 e 0,37 euros (já incluindo taxas e impostos). Quanto ao mercado liberalizado, os preços ficam, em parte, ao critério dos comercializadores de energia, pelo que pode haver variações entre empresas.

A ERSE atualizou ainda as tarifas e preços do gás natural. Assim, as famílias que se encontram no mercado regulado podem contar com um aumento de 1,5% face ao que pagavam no ano passado.

Se estiver a pensar mudar de fornecedor, faça uma simulação no simulador da ERSE para conhecer as melhores ofertas de gás e eletricidade.

Telecomunicações

Na área das telecomunicações, as três principais empresas (NOS, MEO e Vodafone) também anunciaram um aumento de preços em linha com a taxa de inflação. As três operadoras referem, no entanto, que alguns serviços e tarifários vão ficar de fora dos aumentos.

A única exceção nesta área é a DIGI, que não anunciou nenhuma alteração aos seus preços para 2026. 

Transportes

Também os preços dos transportes sofrem alterações no novo ano. Na Área Metropolitana do Porto, os títulos ocasionais e os bilhetes de bordo aumentam 2,28% (o que significa que um título Z2, por exemplo, passa de 1,40 euros para 1,45 euros). Os passes ANDANTE mantêm-se inalterados.

Já na Área Metropolitana de Lisboa, o aumento é igual e aplica-se ao tarifário próprio e ao tarifário combinado.

Portagens

Para quem anda de carro, os custos também sobem. As concessionárias de autoestradas anunciaram um aumento de 2,29% no preço das portagens, em linha com a taxa de inflação.

Seguros de saúde

Os seguros de saúde sofrem igualmente um aumento de preços devido à subida dos custos na saúde privada e à maior utilização dos serviços. Assim, prevê-se um aumento na ordem dos 10%, bem acima da taxa de inflação.

Bens alimentares

Por fim, ir ao supermercado também fica mais caro em 2026. De acordo com a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), o preço dos alimentos poderá subir entre 6% e 7% devido ao aumento dos custos de produção, bem como à crescente pressão regulatória.

Os bens mais afetados, segundo a APED, serão a carne, o peixe, os hortofrutícolas, o café e o cacau. Também o pão e os produtos de pastelaria deverão sofrer um ligeiro aumento, de acordo com a Associação do Comércio da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares (ACIP).

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E quanto aos impostos?

A nível fiscal, o Orçamento de Estado (OE) para 2026 também implica alterações. Conheça-as de seguida. 

Novos escalões de IRS

Tal como tem acontecido em anos anteriores, o novo OE traz a atualização dos escalões de IRS para refletir a evolução da produtividade e da inflação. Neste seguimento, a subida é de 3,51% e as taxas aplicáveis aos rendimentos intermédios (do 2.º ao 5.º escalão) diminuem 0,3 pontos percentuais.

Na prática, os trabalhadores com rendimentos médios e médios-altos, bem como aqueles que têm rendimentos mais elevados, vão beneficiar de um alívio no IRS, ainda que ligeiro.

Novos escalões de IMT

O Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) é também atualizado, com um aumento de 2% nos escalões. O teto de isenção também aumenta, ficando isentos do pagamento de IMT os imóveis até 106.346 euros destinados a habitação própria permanente.

No que diz respeito às isenções para jovens na compra da primeira casa, a isenção total passa para os 330.539 euros.

Atualização do ISV para veículos híbridos

Os automóveis ligeiros de passageiros com motor híbrido plug-in, autonomia mínima, no modo elétrico, de 50 km e emissões inferiores a 80 gCO2/km (de acordo com a norma Euro 6e-bis) passam a ser tributados à taxa intermédia de 25%, ou seja, pagam menos Imposto Sobre Veículos (ISV).

Também existem aumentos nos rendimentos?

Sim. Salários, subsídios e apoios do Estado também sobem em 2026. Saiba tudo abaixo. 

Salário mínimo nacional e mínimo de existência

O salário mínimo sobe para os 920 euros, mais 50 euros do que em 2025. Para que este rendimento continue isento de IRS, também será atualizado o mínimo de existência. Este valor determina o nível de rendimento que é assegurado depois de aplicados os impostos.

Apesar de ainda não estar confirmado (uma vez que os cálculos dependem do Indexante de Apoios Sociais), o mínimo de existência deverá ficar nos 12.880 euros.

Subsídio de alimentação

O subsídio de refeição para a Função Pública (que também serve de referência para o setor privado) aumenta de 6 euros para 6,15 euros – valor isento de IRS e contribuições para a Segurança Social.

Para os subsídios pagos em cartão de refeição, o valor livre de imposto sobe dos atuais 10,20 euros para 10,46 euros.

Indexante de Apoios Sociais

O valor ainda não foi oficialmente publicado em Diário da República, mas tendo em conta os dados divulgados pelo INE relativos à inflação e ao crescimento do PIB (que servem de base para calcular este valor), prevê-se que o Indexante de Apoios Sociais (IAS) suba em 2026 de 522,50 euros para 537,13 euros.

Prestações sociais

Grande parte das prestações sociais são calculadas com base no IAS. Assim, havendo um aumento deste valor, haverá, naturalmente, atualização dos subsídios pagos pelo Estado.

Em 2026, pode-se contar, então, com uma subida nas prestações sociais como o abono de família, o subsídio por doença ou o subsídio de desemprego. Já o subsídio para assistência a filhos com deficiência e doença crónica passa de 65% para 80% da remuneração de referência, e no caso de doenças oncológicas, o apoio passa a ser de 100%. O limite máximo mensal também sobe para 3 x IAS.  

Pensões e complemento solidário para idosos

Também a terceira idade beneficiará de aumentos nos rendimentos em 2026. As pensões deverão subir 2,8%, de acordo com o mecanismo previsto na lei. Já o complemento solidário para idosos sobe 40 euros em 2026, fixando-se nos 670 euros.

Ainda que estejam previstos alguns aumentos que podem ajudar as famílias a ter um rendimento mensal maior, é fundamental não esquecer a subida de preços dos produtos e serviços. Para fazer face ao aumento da despesa, é essencial que planeie o seu orçamento familiar com cuidado e que privilegie a poupança, sempre que possível.


Aproveite o início do ano para rever as suas despesas, ver onde é que pode eliminar ou reduzir custos e, até, renegociar alguns contratos para tentar baixar mensalidades.

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