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Está preparado para o fim das moratórias do crédito?

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fim das moratórias do crédito

O Governo português instituiu a moratória pública ao crédito à habitação a 26 de março de 2020, antevendo os efeitos económicos da pandemia de Covid-19. Em junho e setembro as moratórias foram alargadas nos prazos e nos formatos para incluir, por exemplo, créditos pessoais para educação e financiamentos a empresas, associações ou IPSS.

Em junho, vários bancos e outras instituições de crédito lançaram uma moratória privada – abrangendo também os créditos pessoal ou automóvel, até 75 mil euros – que, apesar de ainda estar em vigor nalguns casos, não pode voltar a ser iniciada. E já há famílias confrontadas com o regresso aos pagamentos.

O Contas Connosco falou com Bárbara Barroso, especialista em Finanças Pessoais e fundadora do MoneyLab, que explica a importância das moratórias e deixa conselhos para quem as pediu, para que possa agora assegurar a estabilidade futura.

Moratórias foram apoio imprescindível

“De um dia para o outro a pandemia fez com que muitos negócios fechassem, empurrando para situações de layoff, e até mesmo desemprego, milhares de portugueses”, começa por lembrar Bárbara Barroso, para quem as moratórias, e outras medidas aprovadas para famílias e empresas, ajudaram a “evitar uma catástrofe social maior”.

A especialista entende que “dar a possibilidade de, durante um determinado período, pagarem apenas uma parte da prestação ou mesmo ficarem sem pagar a totalidade”, para muitas famílias “foi uma medida imprescindível para conseguirem manter a casa”.

Para Bárbara Barroso as moratórias ajudaram a “evitar uma catástrofe social”, mas agora começa a chegar “o ajuste de contas”.

Contudo, Bárbara Barroso destaca que, “com o fim das moratórias no horizonte, aquele pagamento que foi ‘empurrado para a frente’ chega agora para o ajuste de contas”. E apesar de ainda se poder aceder às moratórias públicas, “nas privadas já há quem tenha de começar a pagar e muitas famílias não estão nas melhores condições para retomar a totalidade do empréstimo”.

Como preparar o fim das moratórias?

Em junho deste ano todas as moratórias privadas já terão terminado, e a maioria das públicas terminam até setembro (quem as pedir em março pela primeira vez, ainda pode beneficiar até dezembro). Portanto, “quem ainda tem alguns meses de margem, sendo possível, deverá procurar poupar ao máximo”, aconselha Bárbara Barroso, destacando que essa poupança “poderá ser importante para ajudar a acomodar o impacto da retoma do pagamento de prestações”.

É importante “poupar ao máximo” antes de a moratória terminar, para “acomodar o impacto da retoma do pagamento das prestações”.

Para a especialista, o mais importante é “antecipar e procurar ajuda antes de entrar em incumprimento”. Ou seja, deixar arrastar uma situação difícil, acreditando num balão de oxigénio que não chega, é absolutamente de evitar.

Principais conselhos:

  • Reduzir despesas para equilibrar as contas;
  • Não usar a ‘poupança’ da moratória para compras desnecessárias ou novas despesas;
  • Tentar colocar dinheiro de lado para uma emergência ou mês mais difícil;
  • Fazer uma lista de objetivos futuros, que requerem gastos, para aumentar a motivação à poupança agora;
  • Estar atento às contas de água, energia ou telecomunicações, e reduzir essa despesa com comportamentos mais sustentáveis;
  • Evitar contrair novos créditos, garantindo o cumprimento dos compromissos que já existem.
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E se já está a ser difícil pagar as prestações?

Há casos em que, terminada a moratória, o orçamento familiar continua reduzido, seja por uma quebra de rendimentos que se mantém ou uma situação de desemprego. Bárbara Barroso aconselha “entrar em contacto com a instituição financeira antes de entrar em incumprimento”, para dessa forma “solicitar uma renegociação”.

A especialista em Finanças Pessoais lembra que é essencial “procurar ajuda antes de entrar em incumprimento”, para “solicitar uma renegociação”.

Lembra ainda que, para quem tiver mais do que um empréstimo, “a consolidação de créditos poderá ser também uma hipótese a considerar”. Um crédito consolidado permite juntar várias prestações mensais numa só. Simplifica a gestão dos pagamentos e possibilita a redução dos custos com comissões e outros encargos pelo facto de estarem concentrados num só produto e instituição.

Quem pode pedir ainda a moratória?

A moratória pública para créditos à habitação, formação ou financiamentos a empresas e instituições ficou novamente disponível este ano, até 31 de março. Mas é necessário uma ou várias condições:

Particulares:

  • Pertencer a um agregado em que pelo menos uma pessoa esteja em isolamento profilático ou a prestar assistência a filhos netos;
  • Estar em lay-off ou com contrato de trabalho suspenso;
  • Estar em situação de desemprego;
  • Receber o apoio extraordinário à redução da atividade independente;
  • Trabalhar numa empresa com atividade encerrada por imposição do Governo devido à pandemia;
  • Ter uma quebra de rendimentos do agregado familiar de pelo menos 20%;
  • Ter os pagamentos atuais de empréstimos em dia;
  • Não ter dívidas à Segurança Social ou às Finanças superiores a 5.000€, ou pelo menos ter um plano de regularização definido ou pedido;

Empresas:

  • Exercer atividade em Portugal;
  • Ter atividade encerrada por imposição do Governo devido à pandemia;
  • Não estar em situação de incumprimento de crédito há mais de 90 dias;
  • Não estar em insolvência ou alvo de execução judicial;
  • Não ter dívidas à Segurança Social ou às Finanças superiores a 5.000€, ou pelo menos ter um plano de regularização definido ou pedido;

Além disso, as moratórias estão limitadas a 9 meses. Portanto, quem já pediu em 2020, se esteve 9 meses sem pagar as prestações de crédito, já não pode voltar a aceder a este apoio. Quem nunca pediu, ou usou as moratórias num período inferior a 9 meses, pode voltar a aceder às mesmas, sendo descontado o tempo que já foi usado antes.

Não se esqueça de que um orçamento familiar em Excel pode ser um excelente aliado para controlar os seus gastos e encontrar formas de poupar. Como a especialista Bárbara Barroso referiu, um crédito consolidado também pode ajudar a estabilizar as contas. Caso já esteja em dificuldades para cumprir pagamentos, conheça o novo apoio do Governo para situações de sobreendividamento.

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