Subida da Euribor: o que vai acontecer à prestação da casa?
2022 fica marcado por uma escalada de acontecimentos pouco convencionais, entre eles, a subida das taxas Euribor. Este aumento revelou ter impacto no valor das prestações mensais do crédito habitação e a tendência é que se mantenha durante algum tempo. Saiba com o que contar, para não ter surpresas.
Durante os últimos anos, as taxas de juro têm-se mantido negativas, o que permitiu aos consumidores contratar créditos com prestações mensais mais acessíveis.
No entanto, desde fevereiro que se tem vindo a registar uma subida da inflação na zona euro, movida pela invasão da Ucrânia por parte da Rússia. Este cenário motivou o Banco Central Europeu (BCE) a aumentar as taxas de juro.
O BCE é o responsável por decidir mensalmente a manutenção ou a alteração da taxa diretora, que é cobrada aos bancos por esta entidade, para lhes emprestar dinheiro. Qualquer alteração a esta taxa influencia todos os contratos de crédito praticados entre as instituições bancárias, que definem a Euribor.
Todos os dados apontam para uma evolução dos indicadores económicos e o consequente aumento das taxas Euribor, o que influencia diretamente o valor dos contratos de crédito habitação. Não parece haver dúvidas de que os valores das prestações mensais vão aumentar. Já era expectável que esta situação viesse a acontecer, só não se sabia quando. A questão é: quanto pode aumentar a prestação da sua casa?
Quanto podem aumentar as prestações do crédito habitação?
É uma questão que não tem resposta exata, uma vez que não é possível antecipar qual a dimensão da subida das taxas Euribor e, dessa forma, saber com a devida antecedência qual o valor máximo que as prestações podem atingir.
Apesar de em situações excecionais – como a crise económica de 2008 – haver a necessidade de aplicar medidas drásticas, o Banco Central Europeu atua de forma moderada e a subida das taxas de juro deve acontecer progressivamente.
Assim, está previsto que nos próximos anos, as taxas de juro na zona euro se mantenham próximas de 1% e 1,5%.
Mas para ter uma noção do impacto da subida da Euribor e do impacto que pode ter no seu orçamento mensal, veja o seguinte exemplo:
Tem um crédito de 100 mil euros a 30 anos, com um spread de 1%. Tendo em conta a taxa Euribor a 6 meses, que continua negativa, paga uma prestação média de 315€. O que vai acontecer?
- A Euribor aumenta para 0%: ficará a pagar cerca de 321€;
- A Euribor chega a 1%: a prestação média aumenta para 369€;
- A Euribor atinge os 2%: o valor médio da prestação será de 421€.
Como se precaver para a subida das taxas de juros?
Há várias maneiras de preparar o seu orçamento para a subida das taxas de juro previstas. Para além de poder renegociar as condições do seu crédito junto do seu banco, tem outras alternativas.
A primeira coisa a fazer é contactar a sua entidade bancária para que o elucidem acerca das alternativas que tem.
- Peça uma simulação para vários cenários de subida das taxas de juro.
- Se o seu contrato de crédito tem um spread superior a 2%, renegoceie.
- No caso de não conseguir a redução do spread, pode optar pelo aumento do prazo do empréstimo ou estabelecer um período de carência. Estas opções permitem aliviar os encargos mensais, mas podem implicar custos adicionais.
- Pondere contratar uma taxa fixa. Ficará com um maior encargo do que nos empréstimos com taxa variável, mas ao mesmo tempo garante estabilidade e fica imune a possíveis oscilações das taxas de juro.
- Caso o seu banco não queira acompanhar as melhores propostas da concorrência, pondere transferir o crédito para outra instituição.
Mais uma dica. As prestações de crédito não devem superar os 35% do seu rendimento mensal.
Seja como for, o importante é antecipar. Não espere à espera que a prestação da casa se torne incomportável. Previna-se para a eventual subida da prestação da casa e planeie os ajustes que terá de fazer no orçamento para conseguir manter a estabilidade financeira. Assista a este vídeo e fique a saber como pode preparar-se para enfrentar a subida da prestação da casa, com os conselhos de Tânia Matos e Andreia Melo, especialistas em banca e consultoria financeira e mentoras do projeto Contas €m Dia.