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Comprar casa a meias com amigos. Sim ou não?

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O tema da compra de casa com amigos está outra vez a ganhar fôlego, por razões financeiras, culturais e de negócio.

Há vantagens e desvantagens em qualquer um dos casos. Ora veja:

1. Comprar casa a meias para viver?
Os estudos mostram que as novas gerações casam cada vez mais tarde. Adiam a saída de casa dos pais e, quando o fazem, passam a dividir quarto ou apartamento com os amigos.
Há aqui um misto de razões culturais e financeiras. Se é certo que as novas gerações – de um modo geral – não têm como primeiro sonho comprar casa, também é verdade que empregos menos estáveis e um mercado imobiliário com mais procura do que oferta não facilitam nem a compra, nem o arrendamento. Comprar casa a meias com amigos parece ser uma solução, já que dois ou três rendimentos são mais fortes do que um só.

2. Comprar casa em grupo para investir?
Aqui o cenário é diferente. Não se trata de comprar para habitar, mas sim para fazer negócio, por exemplo para arrendar. Neste caso, os amigos são, na verdade, informalmente sócios sem uma sociedade constituída.

Em qualquer destes casos, deve ponderar os imponderáveis.

a) Tem capitais próprios?
Se as pessoas envolvidas tiverem capitais próprios para a compra de um apartamento é tudo mais fácil. Divide-se a conta em partes iguais e depois só é preciso verificar se cumprem as condições exigidas para registar a casa.

b) Tem de recorrer a crédito?
Se as pessoas envolvidas tiverem de recorrer a crédito para a compra a casa a meias, então a primeira coisa que tem de fazer é falar com o seu banco para saber se é possível partilhar um crédito com um (ou mais) amigos como titulares.
Há bancos em que tal não é possível, porque existe o conceito de agregado familiar. Quer isto dizer que – se o banco não permitir – apenas um dos amigos pode ser titular deste crédito, assumindo perante a instituição financeira a responsabilidade de um crédito a 30 ou 40 anos (por hipótese). Tenha sempre isso em mente e em consideração antes de tomar qualquer decisão.

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c) E se uma das partes quiser abandonar a casa?
A vida muda. Tal como muitos casamentos não são para sempre, também – por vezes – as amizades também não. Antes de formalizar a compra da casa com um amigo, seja para habitação própria ou para um negócio, tenha acautelado este cenário em que uma das partes – por qualquer motivo – muda de ideias e desiste do negócio conjunto. Como resolver a responsabilidade assumida numa instituição bancária? Como assegurar as despesas mensais fixas? O que fazer ao próprio imóvel? Estas são algumas das questões que tem de colocar antes de assinar qualquer papel, mesmo que se trate de um bom amigo.

3. Comprar casa em grupo?
Já conhece o conceito de investimento colaborativo no imobiliário?
O conceito é muito parecido com o crowdfunding, mas aplicado ao imobiliário.
A Housers, por exemplo, é uma startup espanhola que já aposta no imobiliário em Portugal. Na prática, A empresa anuncia oportunidades de investimento em casas ou apartamentos para comprar, em várias cidades. Os investidores que acreditarem contribuem numa lógica de financiamento coletivo ou colaborativo. Quando o promotor conseguir o investimento necessário avança com a compra e o projeto para o imóvel. Depois, o retorno é o pagamento de um juro indexado às rendas. O primeiro negócio de venda colaborativa em Portugal foi em Campo de Ourique, um T1 de 49 metros quadrados, e atraiu 453 novos donos.
Este conceito não é tão simples como parece. Informe-se bem sobre todos os custos e intervenientes, sobre os riscos e sobretudo tenha sempre presente que – como em qualquer investimento – pode ganhar ou pode perder tudo.

Comprar casa com amigos pode ser uma solução a curto prazo e um problema a longo prazo. Às vezes a sabedoria popular dá-nos pistas importantes: “Amigos, amigos, negócios à parte”.