Crédito

Consolidar ou renegociar créditos? Qual a melhor opção

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Mulher a sorrir chegou a acordo com o banco para renegociar o crédito à habitação

Quando as prestações dos empréstimos se tornam demasiado pesadas para o orçamento, consolidar ou renegociar créditos são duas opções para aliviar as dificuldades financeiras.

Situações de quebra de rendimentos devido, por exemplo, a desemprego, divórcio, baixa médica ou de aumento das despesas, como a subida das taxas de juro ou a entrada de um filho na faculdade, podem, por vezes, tornar os compromissos financeiros um “pesadelo”.

E quando as contas ficam mais complicadas, o esforço para pagar as prestações dos créditos é ainda maior. Quando acontece, uma das principais medidas a tomar é procurar soluções que evitem atrasos nos pagamentos ou incumprimentos.

A renegociação e a consolidação de créditos são duas opções para ajudar a resolver esta situação.

Qual é a diferença entre renegociar e consolidar créditos?

A renegociação de um crédito é uma alteração nas condições de cada contrato de crédito. Ou seja, terá de acordar, com várias instituições financeiras, mudanças no spread, taxas ou prazos que permitam reduzir o valor de cada prestação a pagar.

A consolidação de créditos junta todos os empréstimos numa única prestação. Passa a ter um único credor, uma só taxa e uma só data de pagamento. Ao consolidar também é possível aumentar o prazo de reembolso dos créditos pessoais.

O que significa renegociar um crédito?

É possível renegociar tanto o crédito habitação como os créditos pessoais. Ao renegociar, estará a pedir a alteração de uma ou mais condições do contrato de crédito, de forma a ter prestações mais baixas.

A renegociação pode incidir sobre o spread, o tipo de taxa de juro (fixa, variável ou mista) ou o prazo de reembolso.

Só é possível renegociar um crédito se existir acordo entre o cliente e o banco. Se tiver vários créditos que queira renegociar, terá de repetir o procedimento com cada instituição financeira ou para cada empréstimo dentro do mesmo banco.

Não vai pagar para renegociar, já que a lei proíbe que as instituições de crédito cobrem comissões no âmbito da renegociação de contratos de crédito.

Renegociar crédito habitação

A renegociação dos créditos habitação tem algumas regras específicas para salvaguardar os direitos dos consumidores neste tipo de contrato. Por exemplo, a renegociação não pode depender da aquisição de outros produtos ou serviços financeiros, como seguros, PPR ou cartões de crédito.

As instituições financeiras também não podem agravar os encargos (por exemplo, aumentando o spread) se a razão da renegociação for:

  • Alteração da titularidade do contrato devido a divórcio, separação judicial de pessoas e bens, dissolução da união de facto ou falecimento de um dos elementos do casal. No entanto, a taxa de esforço do novo titular deve ser inferior a 55% (ou 60% se existirem dois ou mais dependentes) ;
  • Arrendamento da casa que serve de garantia ao crédito.

Renegociar crédito pessoal

O crédito ao consumo, que abrange, por exemplo, os empréstimos feitos para a compra de automóveis, férias ou eletrodomésticos, também pode ser renegociado.

Neste caso, a instituição de crédito está autorizada a cobrar uma comissão pela renegociação do contrato, desde que esta esteja prevista no preçário. Não pode, no entanto, impor como condição à renegociação a aquisição de outros produtos ou serviços financeiros. 

Caso a renegociação implique um aumento do valor do empréstimo, o cliente terá de fornecer dados sobre a sua situação financeira, para que seja avaliada a solvabilidade. Ou seja, a capacidade para pagar o empréstimo. Caso exista risco de incumprimento, as novas condições podem ser recusadas.

Renegociar créditos: vantagens e desvantagens

Ao renegociar os créditos vai alterar as condições do contrato para reduzir a prestação a pagar. Ou seja, é uma forma de baixar as despesas mensais e aliviar um pouco a pressão sobre o orçamento familiar.

Se a renegociação implicar uma dilatação do prazo de reembolso, terá mais tempo para pagar o empréstimo, mas o crédito acaba por ficar mais caro. Isto é, vai pagar mais pela casa ou pelo carro do que no contrato inicial.

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Na renegociação do crédito pessoal poderá ter de adquirir outros produtos ou serviços financeiros para conseguir melhores condições, mas atenção que a instituição de crédito “não pode fazer depender a concessão ou a renegociação de um empréstimo da contratação de outros produtos ou serviços (ou seja, são proibidas em Portugal as vendas associadas obrigatórias)”, como explica o Banco de Portugal. No entanto, pode ser proposta a aquisição facultativa como contrapartida para reduzir os custos do contrato de crédito.  

Por outro lado, no caso da alternativa da renegociação de créditos, se tiver vários créditos, estes têm de ser renegociados individualmente o que pode tornar o processo mais complexo.

Consolidar crédito

A consolidação de créditos é a opção que permite juntar todos os créditos numa só prestação, que acaba por ser mais baixa do que a soma de todas as prestações que tinha anteriormente.

Esta solução permite juntar apenas créditos do mesmo tipo (como todos os créditos pessoais) ou todos os créditos que tem, incluindo o da casa.

A consolidação é possível mesmo que não exista uma garantia (como um imóvel) e, por vezes, permite que se beneficie de um financiamento extra. Ou seja, que inclua no contrato um novo valor para, por exemplo, fazer obras em casa ou tirar um curso superior.

Na prática, a entidade que faz a consolidação de créditos vai pagar os seus empréstimos às outras instituições financeiras, passando a ser a única credora das suas dívidas. Desta forma, terá apenas uma taxa de juro comum a todos os empréstimos. As diferentes comissões que pagava também desaparecem. 

simulador credito consolidado

Vantagens e desvantagens de consolidar créditos

A principal vantagem de optar pela consolidação de créditos é a poupança ao fim do mês. Ao juntar todas as prestações numa só é possível, em certos casos, poupar centenas de euros.

Uma prestação mais baixa implica uma redução da taxa de esforço, pelo que vai sentir menos dificuldade para cumprir os compromissos financeiros. A consolidação faz com que exista apenas uma data para pagamento da prestação, em vez de vários pagamentos ao longo do mês.

A redução das comissões e a existência de apenas uma taxa de juro são igualmente vantagens para quem tinha vários empréstimos e passa a ter apenas um. 

A consolidação de créditos é, também, uma forma de reorganizar a sua vida financeira e de evitar o incumprimento. O valor que poupar todos os meses pode ser canalizado para um fundo de emergência, um PPR ou qualquer outra forma de poupança ou de investimento.

Ao fazer a consolidação é possível subscrever um Seguro de Proteção ao Crédito, prevenindo assim o incumprimento caso venha a ter imprevistos ou dificuldades financeiras. 

A principal desvantagem é a de poder aumentar o prazo dos créditos pessoais, fazendo com que demore mais tempo e pague mais juros para saldar esse empréstimo.

Consolidação ou renegociação: como escolher?

O primeiro passo é analisar a sua situação financeira e perceber quanto deve em cada empréstimo, qual o valor de cada prestação e quanto tempo ainda falta para acabar cada contrato de crédito.

Avaliar o peso que cada prestação tem no seu orçamento também ajuda a perceber se é melhor renegociar apenas um crédito ou se deve optar por consolidar todos. O passo seguinte é entrar em contacto com as instituições onde tem créditos ou que fazem consolidação. Fazer simulações e comparar os resultados permite que tenha uma ideia muito clara de qual é a melhor opção para poupar e reduzir o risco de incumprimento.

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