Crédito

Vale a pena amortizar o crédito à habitação?

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amortizar o crédito à habitação

A Euribor a três meses está em -0,544%, a seis meses em -0,520% e a 12 meses em -0,489%. São recordes mínimos para as taxas que servem o crédito à habitação e que já entraram em terreno negativo desde 2015. Recorde-se que as taxas Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 57 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

Será que ainda assim, com estes valores tão baixos, vale a pena amortizar o crédito à habitação? Quase sempre, sim. Se tiver alguma disponibilidade económica, a amortização permite diminuir os juros a pagar pelo empréstimo, reduzindo ainda o valor das prestações mensais. Em contrapartida, se aplicar essa poupança com que vai amortizar o empréstimo num produto de aforro, PPR ou outro depósito a prazo, o retorno que irá receber daí é sempre inferior às taxas de juro que se pagam pelos créditos contraídos, por isso a amortização surge quase sempre como uma boa solução.

Basta imaginar um exemplo. Uma pessoa que tenha cinco mil euros amealhados pode amortizar um crédito de 100 mil euros a 30 anos.

Se amortizar parcialmente o empréstimo passados cinco anos desde que o contraiu, baixa a prestação de 507 euros para 479 euros, assumindo uma taxa de juro de 4,5%. Ou seja, com esta amortização pouparia 3.337 euros em juros que duplicaria, ascendendo aos 6.675 euros, caso amortizasse dez mil euros em vez dos cinco. Neste último caso, a prestação mensal desceria para os 451 euros.

Já se fizer um depósito a 12 meses, saiba que a taxa de juro média, de acordo com o Banco de Portugal, continua muito próxima do zero em 2021, na ordem dos 0,06% brutos. Ou seja, acumularia 300 euros em juros, no caso de uma poupança de cinco mil euros, ou de 600 euros, no caso de uma poupança de dez mil euros. Valores muitos inferiores aos que pouparia se amortizasse o crédito à habitação.

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Há ainda mais algumas razões para preferir amortizar o crédito:

  1. Ficar mais tranquilo: Ter menos dívidas ao banco pode ser tranquilizante. Regra geral, as pessoas preferem não dever dinheiro.
  2. Pode ficar dependente menos tempo: Em vez de apenas amortizar o crédito, pode simultaneamente reduzir o crédito e solicitar a redução do prazo da dívida.
  3. Fica liberto para novo crédito futuro. Caso tenha necessidade de solicitar novo empréstimo – e não só para compra de casa –, o seu banco terá a indicação que é um bom pagador, o que facilitará o processo.

Como fazer a amortização do empréstimo e quais as condições?

Pode, a qualquer momento, reembolsar parte do capital em dívida e no montante que entender. Deve apenas fazê-lo na data em que vence o pagamento da prestação mensal do crédito e avisar a instituição de crédito com, pelo menos, sete dias úteis de antecedência, de que procederá a essa amortização. A partir daqui, a instituição deverá informá-lo sobre o valor da redução das prestações mensais, uma vez que reduziu o capital em dívida.

Se, por outro lado, pretender que o reembolso antecipado parcial se traduza na redução do prazo do seu empréstimo, terá de pedir à instituição financeira a renegociação do contrato, para a alteração do prazo de amortização. Esta só é possível se houver acordo entre o cliente e a entidade bancária.

Seja como for, no caso da amortização parcial do crédito à habitação, o cliente terá sempre de pagar um valor de comissão que não pode ser superior:

  • ao equivalente a 0,5% do capital que é reembolsado, nos contratos com taxa de juro variável; •ao equivalente a 2% do capital que é reembolsado, nos contratos com taxa de juro fixa.

Neste cenário, a decisão acaba por ser simples, mas também muito pessoal: prefere ficar tranquilo com menos crédito durante muitos anos ou não quer perder o seu pé-de-meia para uma eventualidade que possa surgir?

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