Crédito

Compensa alargar o prazo do empréstimo?

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alargar o prazo do empréstimo

Está a pensar aumentar o prazo do seu empréstimo da casa ou de um crédito pessoal para reduzir a prestação? Se a resposta é afirmativa deve saber, em primeiro lugar, que esta opção significa um custo mais elevado do próprio empréstimo. No final, o mesmo crédito acaba por sair mais caro, além do facto de estar a prolongar a dívida por mais tempo, limitando a sua capacidade de pedir outro empréstimo para uma finalidade diferente.

No entanto, o alargamento do empréstimo é uma hipótese a ter em conta se o seu orçamento familiar está sempre a ‘bater no vermelho’, seja porque as despesas aumentaram ou porque os rendimentos mensais estão mais baixos. Ou então em casos de divórcio, em que o crédito, mesmo tendo sido pedido por uma só pessoa, estava a ser suportado pelo casal.

Alargar o prazo custa muito mais?

Para perceber melhor como funciona um alargamento do prazo vamos tomar como exemplo um crédito à habitação. Imagine que tem um crédito a 30 anos e que pretende aumentar o prazo para 40 anos. À partida, se o banco estiver recetivo, esta não será uma operação difícil de concretizar. Lembre-se só que, sendo uma negociação sobre um contrato já em vigor, terá sempre de haver acordo entre as partes para este ser alterado.

Assim, num crédito de 125 mil euros, a 30 anos, com a taxa Euribor atualmente negativa e um spread (taxa de juro que é adicionada à Euribor e que representa a margem de lucro do banco) fixado em 1,5%, a prestação mensal a pagar rondaria os 428 euros. Ao aumentar o mesmo empréstimo para 40 anos (e mantendo o mesmo ‘spread’) a prestação diminui para cerca de 343 euros. Isto incluindo outros custos do crédito, como comissões e seguros, e imaginando que as condições não se alteravam até ao final do contrato, em ambas situações, para nos facilitar as contas.

À partida este alargamento até parece um bom negócio, uma vez que fica a ‘poupar’ 85 euros por mês. Mas na realidade, por ficar mais 10 anos a pagar o mesmo empréstimo, no final vai sair-lhe bastante mais caro.

Com as taxas atrás referidas, ao fim de 30 anos o empréstimo de 125 mil euros custa-lhe cerca de 158 mil euros. Passando o crédito à habitação para 40 anos, o mesmo empréstimo vai sair-lhe no final a quase 175 mil euros. Isto significa que, por alargar o prazo do seu empréstimo em 10 anos, acaba por pagar mais 17 mil euros em juros e outras despesas relacionadas com o crédito do que se tivesse mantido o prazo de 30 anos.

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Escolher o que mais nos interessa

É altura de pensar o que será mais vantajoso para si, se pagar menos todos os meses ou pagar menos no total. Pois se é verdade que alargar o prazo são 10 anos extra com essa prestação mensal a pairar no orçamento, também é verdade que os 17 mil euros a mais do empréstimo, divididos por 40 anos, representam apenas umas dezenas de euros por mês.

Por outro lado, quando contratou o seu empréstimo, inicialmente usufruiu de algumas condições, nomeadamente de um determinado spread. Quando for renegociar um aumento do prazo, o spread poderá sofrer alterações, esbatendo a poupança que poderia conseguir na prestação mensal.

Transferir o crédito também é hipótese

A transferência de crédito para outra instituição também é uma solução que pode ponderar, principalmente se gostaria de pagar menos, mas não queria estender demasiado o prazo.

Nos últimos anos tornou-se cada vez mais fácil mudar o crédito para outro banco. E os bancos estão até mais dispostos a receber empréstimos da concorrência quando se trata de clientes novos, tendo em conta todos os serviços, como seguros, domiciliação de ordenado ou investimentos, que um novo cliente pode representar. Ao fim de dois anos com um crédito já pode transferir o seu empréstimo para outra instituição, ou conseguir até uma melhoria das condições do crédito no seu banco atual.

Uma transferência de crédito também não o obriga a manter o prazo. Talvez consiga um dois em um, e encontre noutra instituição uma boa proposta de pagamento com um prazo mais alargado. Portanto, aposte em várias simulações e faça todas as contas para gerir da melhor forma possível o seu crédito e as mensalidades.

Em questões de dinheiro, não se deixe guiar pelo coração, mesmo que o banco do seu crédito seja aquele que sempre usou e que o seu gestor de conta lhe ligue todos os meses. Às vezes, uma oferta melhor pode estar logo na porta ao lado.

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