Amortizar o crédito habitação é uma boa ideia?
Amortizar o empréstimo que fez para comprar a casa pode ser um bom negócio no atual panorama económico. Além de ser mais rentável em termos de encargos mensais, compensa mais do que investir em alguns produtos de poupança.
Com as taxas de juro em alta desde 2022, a vida financeira dos portugueses continua a atravessar dias difíceis. A subida das prestações do crédito habitação tem posto em causa a capacidade de muitas famílias cumprirem com todos os seus compromissos financeiros.
Neste contexto económico, a possibilidade de amortizar o crédito habitação surge como uma alternativa interessante, dado que permite reduzir o valor da prestação mensal. Isto porque, ao amortizar o empréstimo, vai reduzir o valor do capital em dívida e ainda o valor dos juros associados ao crédito habitação.
No entanto, quem tem algum dinheirinho de parte acaba por ficar na dúvida sobre se compensa mais investir em algum produto ou amortizar o crédito habitação. De acordo com os especialistas na matéria, amortizar o empréstimo parece ser a melhor opção.
Se tiver o seu dinheiro parado no banco ou num depósito a prazo, o seu dinheiro está a perder valor, uma vez que os juros aplicados a estes produtos não conseguem acompanhar a subida da Euribor nem o valor da inflação.
Isenção de pagamento da comissão de reembolso antecipado
Por norma, a maioria dos bancos cobra uma comissão pelo reembolso antecipado de um crédito. Aos olhos da lei, a taxa cobrada não pode ultrapassar os seguintes valores:
- 0,5% do capital reembolsado (em empréstimos associados a uma taxa de juro variável);
- 2% do capital reembolsado (em contratos de crédito habitação associados a uma taxa fixa).
A boa notícia é que, durante o ano corrente, está suspenso o pagamento da comissão de amortização antecipada do crédito à habitação com taxa variável. Para já, sabe-se que a medida estará em vigor até 31 de dezembro de 2024.
Que valor posso usar para amortizar o crédito em dívida?
A amortização antecipada do crédito pode ser parcial ou total. Isso apenas vai depender do montante que tiver disponível. Mas quanto maior for o valor que pretende amortizar, menor será a prestação mensal a pagar.
Vantagens de amortizar o crédito habitação
É uma solução que lhe permite poupar não só numa altura em que a subida das taxas de juro não tem fim à vista, mas também no futuro. Ou seja, se tiver a possibilidade de amortizar a dívida parcial ou totalmente, a poupança vai acontecer de duas formas:
- Imediatamente, na redução do valor da sua prestação mensal;
- A longo prazo, na redução dos juros no final do contrato, o que significa que o montante final a pagar pelo empréstimo será menor.
Quanto poderá poupar na prestação?
Se num ano amortizar 10 mil euros do valor em dívida, poderá conseguir gerar uma poupança anual de mais de 500 euros, o que significa que fica a pagar menos cerca de 41 euros por mês, aproximadamente. Agora é multiplicar esta poupança pelo prazo que falta cumprir.
Além de poder reduzir o custo total do empréstimo, amortizar total ou parcialmente a dívida também lhe permite uma poupança considerável ao nível do seguro de vida associado ao crédito habitação, que também poderá ser renegociado.
Não ponha em risco o seu fundo de emergência
É cada vez mais difícil acompanhar o aumento do custo de vida. E há que pensar a longo prazo e ter soluções para emergências futuras, como por exemplo, uma possível situação de desemprego.
Assim, apesar desta opção lhe parecer a mais segura, faça as contas e perceba se lhe compensa e se não está a comprometer todas as suas poupanças. Lembre-se que a amortização de um crédito deve ser uma decisão ponderada e não deve pôr em risco o seu orçamento familiar, nem deve ser feita com o seu fundo de emergência.
Compensa renegociar o crédito habitação?
O Governo aprovou um decreto-lei que obriga os bancos a renegociar os créditos à habitação com taxa de juro variável sempre que a taxa de esforço das famílias for superior a 36%. Esta medida aplica-se aos contratos de crédito para aquisição de habitação própria e permanente, com taxa variável, cujo montante em dívida não exceda os 300 mil euros.
Portanto, pode sempre entrar em contacto com a sua entidade bancária e pedir a revisão das condições do seu empréstimo. Mas tenha em conta que pode não compensar. Segundo a DECO, “ao pedir a redução do spread inicialmente contratado, o banco irá utilizar a média mais recente do indexante associado. Num cenário de subida da Euribor, esse valor poderá ser mais elevado do que o que está a pagar atualmente. Por isso, pode não compensar pedir de imediato a descida do seu spread, sendo preferível aguardar pela revisão periódica do contrato para fazer nova avaliação.”
Um conselho: na proposta de renegociação compare a taxa de juro nominal (TAN) com o valor atual, antes de fazer qualquer alteração. A TAN é o somatório o spread com o indexante.
Renegociar as condições do crédito podem compensar, por exemplo, para quem tenha um spread muito elevado, por exemplo, de 5%.