Financiar Erasmus: uma opção para estudar fora
Se quer dar ao seu filho a oportunidade de estudar fora de Portugal, mas não sabe como financiar o Erasmus, deve dedicar-se aos cálculos das despesas antes de começar a fazer as malas. A boa notícia é que há várias formas de obter o financiamento necessário, incluindo bolsas atribuídas pelo próprio programa.
As despesas relacionadas com o Erasmus dependem de fatores como a duração do intercâmbio (entre dois meses e um ano) ou o país escolhido. Por isso, o primeiro passo será informar-se, junto do gabinete de relações internacionais da universidade, sobre quais são as hipóteses disponíveis.
Quanto custa fazer Erasmus?
Ao pensar no financiamento para o Erasmus é importante ter em conta que, embora os estudantes tenham direito a uma subvenção para ajudar com as despesas, este montante não cobre todos os gastos.
O rol de despesas é extenso, mas há custos que pode já riscar da lista, porque o programa determina algumas isenções. Um estudante em Erasmus não paga propinas, despesas de inscrição e de exame nem o acesso a laboratórios e bibliotecas da instituição de acolhimento. Ainda assim, algumas universidades podem cobrar taxas para custos como seguros ou quotas das associações de estudantes.
Entre as despesas que podem ter um peso significativo estão as viagens, que serão pelo menos duas: de ida e volta. No entanto, se durante esta fase o aluno quiser ir a casa, os gastos aumentam. Marcar as viagens com alguma antecedência, usar companhias low cost e não viajar em datas festivas ou fins de semana são formas de gastar menos dinheiro nestas deslocações.
O alojamento, a alimentação (em casa, na escola e em restaurantes), transportes e custos com lazer – saídas à noite, espetáculos ou pequenas viagens para cidades e países próximos do local onde se está a estudar – são outras despesas recorrentes durante o período de Erasmus.
O contacto com os alunos locais, que conhecem todos os lugares mais em conta e podem dar algumas dicas para gastar menos vai ser útil para que os estudantes deslocados consigam economizar durante esta experiência internacional.
De qualquer forma, as despesas fixas em qualquer dos países aderentes ao Erasmus representam sempre algumas centenas de euros mensais.
Quais são os apoios financeiros para estudantes de Erasmus?
O programa Erasmus atribui subvenções aos estudantes participantes, de forma a contribuir para as despesas quotidianas e com viagens.
O valor destas bolsas depende de fatores como as diferenças de custo de vida entre o país de origem e o de destino, o número de estudantes que se candidatam a uma bolsa, a distância entre os países e a disponibilidade de outras bolsas.
O processo de candidatura à subvenção, tal como acontece com a candidatura à participação, é feito pela instituição de envio do estudante. Caso a candidatura seja aceite, é assinado um acordo de subvenção entre as duas instituições.
Para o período entre 2023 e 2025 foram definidos os seguintes valores, de acordo com os países de destino:
Grupo | País | Valor mensal |
Grupo 1 Países com custo de vida elevado | Dinamarca, Finlândia, Irlanda, Islândia, Liechtenstein, Luxemburgo, Noruega, Reino Unido, Suécia | 450 euros |
Grupo 2 Países com custo de vida médio | Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Espanha, França, Grécia, Itália, Malta, Países Baixos, Portugal | 400 euros |
Grupo 3 Países com custo de vida mais baixo | Antiga República jugoslava da Macedónia, Bulgária, Croácia, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia, República Checa, Roménia, Turquia | 350 euros |
Apoios complementares para Erasmus
Os estudantes de Erasmus podem ter direito a apoios complementares às subvenções.
Os alunos que estejam em estágio, os estudantes de grupos desfavorecidos e os que forem provenientes de regiões consideradas como ultraperiféricas (arquipélagos dos Açores e Madeira) podem beneficiar de apoio adicional.
As universidades de origem podem também reforçar o valor das bolsas para estudantes que beneficiem de Ação Social Escolar.
Há ainda entidades públicas e privadas que concedem bolsas de estudo para universitários. A Direção-Geral de Ensino Superior (DGES) disponibiliza uma lista que pode consultar aqui. O Guia de Financiamento Europeu é outra fonte útil de informação, já que inclui cerca de 12.000 programas de apoio para despesas diárias, propinas, estágios, custos extra para semestres no estrangeiro, cursos de línguas e custos associados a projetos científicos.
Apoio à inclusão
Os estudantes com problemas físicos, mentais ou de saúde podem beneficiar de uma ajuda financeira suplementar, que procura compensar as dificuldades específicas que possam encontrar.
Esta bolsa suplementar destina-se a despesas com alojamento adaptado, assistência em viagem, assistência médica, equipamento de apoio, material didático adaptado ou necessidade de um acompanhante.
A informação sobre o acesso a estas bolsas deve ser prestada pelas instituições de ensino superior, nomeadamente nas suas páginas na internet.
Como financiar os estudos de Erasmus?
Feitas as contas às despesas e aos apoios a que pode ter direito, pode chegar à conclusão que, afinal, não tem condições para financiar o Erasmus.
Neste caso, é provável que tenha de adiar este investimento na educação até que consiga ter todos os meios necessários.
Há, no entanto, outra hipótese: o recurso ao crédito. Esta opção só deve ser considerada quando a família não está já sobrecarregada com outras prestações. Será sempre conveniente fazer várias simulações para perceber qual será o peso de um novo empréstimo no orçamento.
Crédito formação
O crédito pessoal com finalidade educação é um tipo de crédito pessoal com uma taxa mais baixa do que a que é praticada, por exemplo, nos empréstimos para férias. O que significa que a prestação mensal é mais reduzida, o que alivia a taxa de esforço familiar.
O prazo de reembolso para o crédito formação é de 10 anos, o que também ajuda a reduzir o valor da mensalidade. Para obter este tipo de financiamento, é necessário apresentar um comprovativo do destino do dinheiro. Ou seja, é necessário demonstrar que o empréstimo se destina, efetivamente, a financiar os estudos.
Em alguns casos, os montantes disponibilizados para quem quer financiar Erasmus podem ser mais reduzidos. De qualquer forma, é uma hipótese a considerar, até porque a duração do Erasmus é curta, pelo que o valor necessário não será tão elevado como o que necessitaria para financiar todo o curso superior.
Até 2023 era possível recorrer a linhas de Crédito para Estudantes do Ensino Superior com Garantia Mútua, em que o Estado assumia o papel de fiador, mas esse regime já não está disponível.
Crédito pessoal
O recurso ao crédito pessoal sem finalidade específica é outra solução para financiar Erasmus. As taxas de juro são mais elevadas do que no crédito pessoal destinado à formação, mas neste caso não é necessário explicar qual o destino a dar ao dinheiro.
O crédito pessoal aplica-se a valores entre os 200 e os 75 mil euros, mas é aconselhável pedir apenas o necessário e, antes de contratar, usar o simulador de taxa de esforço para perceber o impacto da mensalidade nas suas contas.