Direitos e Deveres

Seguro para animais de estimação: o que devo saber?

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seguro animais de estimação

Quem tem um animal de estimação, sabe que tem um amigo para a vida. Muitos donos descrevem os seus cães, gatos, coelhos ou até outros animais mais exóticos como os seus companheiros mais leais e fiéis. No entanto, ter um animal é também sinónimo de responsabilidade e… despesas.

Além dos cuidados básicos de saúde, os animais – sobretudo cães e gatos – podem ter reações imprevisíveis, um acidente ou uma doença. Situações que resultam quase sempre numa conta elevada a pagar. Uma forma de prevenir alguns destes custos – ou ser compensado por eles – é ter um seguro para os animais.

Na Europa e um pouco por todo o mundo, ter um seguro para os animais de estimação é bastante comum. Já em Portugal é uma tendência mais recente.

Quando questionados pelo Contas Connosco se têm esse tipo de proteção, em 94 pessoas:

21% dizem que sim e 79% respondem não

José Dias garante que “nunca sentiu necessidade” de ter seguro “por confiar no serviço veterinário”. Carla Abreu também não tem, mas, recentemente, o cão “teve um problema na coluna” e começou a pensar que “deveria fazê-lo o mais depressa possível”. Já Tânia Almeida optou por adotar uma coelha por acreditar que é um animal que “à partida não precisa de grandes cuidados veterinários”, mas hoje sabe que foi “um engano”. A coelha “aleijou -se numa pata, ficou sem comer, foi para o veterinário e ficou internada um dia” e a conta, apesar de não ter sido “astronómica”, “não estava planeada no orçamento mensal”.

Opções diferentes fizeram Nuno Ribeiro e Isabel Lezón. Nuno Ribeiro tem seguro de saúde desde que adotou a cadela Lua e assegura que “tem ajudado muito desde a primeira hora”, nomeadamente:

“com a esterilização, apoio nas consultas, medicamentos e vacinas”.

Quanto a Isabel Lezón, fez esta opção para a gata porque queria:

“estar precavida em caso de doença grave ou acidente, pois internamentos e cirurgias são caros”.

Conheça que tipo de seguros existem, quais são obrigatórios e em que situações, quais as vantagens e desvantagens de fazer um seguro de saúde e, principalmente, como fazer o seu animal feliz.

Que tipo de seguros existem para os animais de estimação?

No mercado, de uma maneira geral, existem seguros de responsabilidade civil, seguros de saúde e seguros mais completos (considerados “premium” em algumas seguradoras).

Existem três tipos de seguro:

  • Seguro de responsabilidade civil para animais de estimação, que assegura o pagamento de indemnizações pelos prejuízos decorrentes de danos que o seu animal possa causar a si ou a terceiros. Em Portugal, este seguro é obrigatório para cães classificados como perigosos ou potencialmente perigosos.
  • Seguro de saúde para animais de estimação, semelhante aos seguros de saúde para pessoas. Geralmente, este seguro comparticipa idas ao veterinário e tratamentos e medicamentos de que o animal necessite. 
  • Seguro para animais de estimação com tudo incluído, que, além de tudo o que foi referido, inclui outras coberturas, como, por exemplo, a assistência jurídica em caso de acontecimentos muito graves.

O que inclui um seguro de responsabilidade civil?

Basicamente, é um seguro contra danos a terceiros. Se pretende proteger-se contra eventuais danos materiais ou corporais, causados a terceiros pelo seu animal doméstico, então deve contratar um seguro de responsabilidade civil. Uma apólice deste tipo garante, por exemplo, o pagamento de indemnizações a outras pessoas pelos prejuízos causados pelo seu animal.

Desta forma, estará protegido em situações como: brincadeiras em que o cão magoa uma criança, morde o vizinho, causa danos a um carro ou uma loja.

Note que, quem tem um cão potencialmente perigoso, tem obrigatoriamente de ter um seguro de responsabilidade civil com um capital mínimo de 50.000€.

Este seguro é obrigatório?

É obrigatório para os cães considerados perigosos ou potencialmente perigosos em Portugal. São considerados animais perigosos todos aqueles que:

  • Tenham mordido, atacado ou ofendido o corpo ou a saúde de uma pessoa;
  • Tenham ferido gravemente ou morto outro animal fora da propriedade do detentor;
  • Tenha sido declarado como tal pelo seu detentor à junta de freguesia da sua área de residência;
  • Tenha sido considerado como tal pela entidade competente devido ao seu comportamento agressivo ou especificidade fisiológica.

São considerados potencialmente perigosos animais que, devido às características da espécie, comportamento agressivo, tamanho ou potência de mandíbula, possa causar lesão ou morte a pessoas ou outros animais, nomeadamente os cães pertencentes às seguintes raças, ou resultantes de cruzamentos com elas:

  • Cão de fila brasileiro;
  • Dogue argentino;
  • Pit bull terrier;
  • Rottweiller;
  • Staffordshire terrier americano;
  • Staffordshire bull terrier;
  • Tosa inu.

Quanto custa um seguro de responsabilidade civil?

O seguro de responsabilidade civil é, por norma, mais barato do que o de saúde e do que as soluções mais completas. Os valores variam bastante de seguradora para seguradora e sobretudo com a idade e a raça do animal. Se for uma raça potencialmente perigosa, o prémio é mais elevado.

Segundo a DECO, o custo médio do seguro de responsabilidade civil para cães é de cerca de 40 euros por ano, enquanto os produtos mais completos rondam os 150 euros.

O que inclui um seguro de saúde para animais?

Por norma, estes seguros incluem a assistência veterinária e os medicamentos em caso de doença, acidente, cirurgias, tratamentos ou internamento. Na maioria dos casos, as apólices cobrem exames, cirurgias e internamentos e dão ainda alguns descontos em produtos para animais, medicamentos ou alimentação.

Tenha em atenção que algumas seguradoras têm cláusulas de exceção ligadas a condições de saúde pré-existentes nos animais. E, dependendo da seguradora, poderá ser exigida uma idade mínima ao animal segurado, que pode variar entre um mínimo de três meses e um máximo de dois anos de idade. O seguro poderá, também, ser limitado a um máximo de idade do animal, até aos 10 anos, por exemplo.

Se tem um seguro de saúde para si, vai encontrar semelhanças no funcionamento da apólice do seu animal. Por norma, o seguro paga uma franquia de despesas e o proprietário do animal fica limitado a uma rede de médicos veterinários. Quando recorre ao seguro de saúde o procedimento costuma ser: ir com o animal ao médico veterinário, pagar a conta, enviar a informação à seguradora e receber o reembolso.

Podem existir franquias associadas que interferem com o valor e tome em conta que neste tipo de seguro pode também existir um período de carência de 60 dias nas coberturas de vacinas, consultas de rotina e assistência veterinária, de 90 dias na cobertura de cirurgia e esterilização ou de 180 dias na cobertura de funeral.

Quanto custa um seguro de saúde para o animal?

Varia em função do capital garantido, da cobertura, da rede de consultórios, clínicas e hospitais disponíveis, da idade e raça do animal. Mas existem soluções por menos de 10 euros por mês.

Uma dica: é possível incluir mais que um animal na mesma apólice.

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O que inclui um seguro premium?

Se procura uma solução à prova de todo o tipo de imprevistos, deve contratar um seguro completo. Há no mercado várias opções premium, que incluem a cobertura da Responsabilidade Civil, a componente de assistência veterinária, medicamentos e ainda uma série de outras situações que permitem uma assistência completa ao animal. Tome nota:

  • Cobertura de guarda: assegura que o animal não fica sozinho em caso de internamento ou hospitalização do dono.
  • Defesa jurídica: cobre todas as despesas legais em consequência dos danos causados pelo animal doméstico a terceiros.
  • Localização em caso de desaparecimento: inclui todas as despesas relacionadas com a comunicação do desaparecimento do animal, junto de associações ou divulgação nos meios de comunicação social.
  • Organização de serviços fúnebres: assegura a organização dos serviços fúnebres do animal, incluindo as formalidades necessárias.

Quanto custa um seguro premium?

Em Portugal, ainda não há uma oferta vasta deste tipo de seguros. Segundo a DECO, estes seguros com maior cobertura custam, em média, 150 euros por ano.

Que coberturas pode ter um seguro para animais de estimação?

Os seguros para cães e gatos tem várias coberturas, algumas delas opcionais, para garantir uma maior segurança do seu animal, tais como:

  • Responsabilidade civil;
  • Proteção jurídica;
  • Serviços de assistência ao domicílio;
  • Despesas com cirurgias e internamentos;
  • Esterilização;
  • Despesas com acidentes;
  • Vacinas;
  • Eutanásia ou funeral;
  • Reembolso de despesas de consultas e respetivos exames;
  • Consultas de rotina.

Porém, existem exceções. O seguro para cães e gatos não inclui geralmente danos resultantes de:

  • Guerra, declarada ou não, invasão, ato de inimigo estrangeiro, hostilidades ou operações bélicas, guerra civil, insurreição, rebelião ou revolução, bem como os causados acidentalmente por engenhos explosivos ou incendiários;
  • Terramotos, maremotos, ciclones, erupções vulcânicas e outros cataclismos da natureza;
  • Atos de terrorismo, sabotagem, confiscação, ocupação, requisição, mobilização ou destruição por ordem do Governo ou de qualquer autoridade pública;
  • Explosão, libertação de calor e irradiações provenientes de cisão de átomos ou radioatividade;
  • Atos dolosos ou praticados com negligência grave pelo Tomador do Seguro;
  • Utilização dos animais seguros em competições desportivas, experiências científicas ou espetáculos circenses;
  • Danos causados pelos animais quando na prática da caça;
  • Doenças, lesões, deformações e/ou anomalias, congénitas ou pré-existentes à data de início do seguro;
  • Doenças causadas pelo não cumprimento dos programas de vacinação próprios da espécie;
  • A vacina da Leishmaniose.

O que devemos saber antes de fazer um seguro para o animal de estimação?

Antes de fazer um seguro para o seu animal de estimação, deve ter em consideração praticamente as mesmas questões que deveria ter se estivesse a fazer um seguro para si. Ou seja:

  • O que está abrangido pelas coberturas;
  • Que despesas são dedutíveis;
  • Qual a percentagem paga por cada um dos procedimentos abrangidos (cirurgias, internamento, tratamentos, etc);
  • Valor limite por incidente ou por ano;
  • Limite de idade do animal para subscrever o seguro;
  • Qual o valor das indemnizações a terceiros por danos e prejuízos provocados pelo animal
  • Período de carência (ou seja, durante quanto tempo

Se ainda tiver dúvidas, pondere bem as vantagens e desvantagens e lembre-se que existem soluções para todas as carteiras. O mais importante é poder estar descansado, se surgir algum imprevisto, e fazer o seu animal feliz. E como é que isso se faz?

A julgar pelos testemunhos dos leitores do Contas Connosco, os animais precisam de pouco para serem felizes. A cadela de Nuno Ribeiro “gosta de mimos, de sol, de dormir, de brincar às escondidas com a dona mais pequena e de ir à rua”. Além disso, “adora comer brócolos, um biscoito, maçã”, mas “é o cheiro de uma banana descascada que a deixa com água na boca”.

O gato de José Dias, que foi um fiel amigo durante 18 anos, “era feliz com o “ar livre do campo”. Já a gata de Isabel Lezón “adora companhia” e “a hora de jantar porque tem direito a ração húmida”. O cão de Carla Abreu adora “comer queijo, melancia e um biscoitinho”, mas “o que o faz mais feliz” é quando os donos regressam a casa e brincam com ele. Já a coelha de Tânia Almeida, que foi batizado de Senhora Cenoura, “gosta de coentros e melancia e dá lambidelas quando está feliz”.

É certo que cada animal tem a sua personalidade e isso acontece sejam cães, gatos ou outros.

Existem formas de fazer o seu melhor amigo mais feliz

  1. Dê-lhe uma alimentação saudável: existem cada vez mais marcas de rações que evitam utilizar corantes e conservantes e têm em atenção a raça e o porte do animal. Se quiser, também existem opções para fazer a comida deles em casa.
  2. Cuide da saúde dele: além das vacinas essenciais e obrigatórias, existem outras que podem ser úteis para proteger o seu animal. Informe-se junto do veterinário. Além disso, habitue-se a estar atento ao comportamento dele. Se deixar de comer, ficar demasiado sossegado ou tiver um aumento da temperatura, poderá ser sinal de que algo de errado se passa. Se receia os custos, pondere fazer um seguro de saúde.
  3. Passeie ou brinque com ele: esta dica aplica-se mais aos cães, mas existem gatos que também gostam de companhia e brincadeira, enquanto outros são mais independentes dos donos. Se tem um cão, faça passeios regulares com ele, de forma a poder gastar energia e conviver com outros animais. Lembre-se que, se estiver muito calor, muito frio ou o piso for irregular, as patinhas deles podem ficar magoadas. Caso não tenha tempo ou disponibilidade para passeá-lo, existem serviços de dog walking que pode contratar.
  4. Dê afeto: toda a gente gosta de amor e carinho. E o seu animal, à partida, não é exceção. Eles são os primeiros a dar atenção aos donos, por isso, merecem recebê-la de volta. Além disso, existem vantagens para os dois. Segundo um estudo publicado no jornal britânico Independent, os donos de cães, além de terem mais probabilidades de estar em forma (por causa dos passeios), também têm menores níveis de stress e melhor saúde mental.
  5. Não abandone: é verdade que a vida dá muitas voltas e pode acontecer ter de mudar de cidade, país ou, por qualquer imprevisto, não poder suportar as despesas do seu animal. No entanto, deve lembrar-se que o seu cão ou o seu gato nunca o abandonariam. Por isso, não lhe faça isso. Peça ajuda à família ou aos seus amigos, contate uma associação de defesa dos direitos dos animais e procure encontrar a melhor solução para os dois. Se for de férias ou de fim-de-semana e não puder levá-lo consigo, existem muitas alternativas onde pode deixá-lo.

Ter um animal de estimação implica um compromisso para a vida.

Dá algum trabalho e implica despesas. Mas – garantem os donos – compensa sempre. E lembre-se: animais felizes, donos felizes.

O que achou?