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Subsídio de Natal: as melhores formas de o rentabilizar

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Subsídio de Natal: as melhores formas de o rentabilizar

O que recebe do 13º mês não tem de ser gasto só em presentes. Há várias formas de rentabilizar o subsídio de Natal, que partilhamos consigo. Antes de começar a gastar, leia, pense e dê o melhor destino a este dinheiro extra.

Se trabalha por conta de outrem é provável que, por esta altura, já tenha recebido ou esteja quase a receber um dos subsídios mais aguardados do ano: o subsídio de Natal, também designado 13.º mês. É com este valor que a maioria dos portugueses faz as compras de Natal e prepara a passagem de ano, mas muitas outras opções podem ser equacionadas, como forma de usar racionalmente este encaixe financeiro, como por exemplo acabar com dívidas que foi tendo ao longo do ano.

De seguida deixamos-lhe algumas sugestões para que dê um uso equilibrado ao seu subsídio de Natal, mas, antes, vejamos o que diz a lei sobre este benefício. Segundo o artigo 263.º do Código do Trabalho, “o trabalhador tem direito a subsídio de Natal de valor igual a um mês de retribuição, que deve ser pago até 15 de dezembro de cada ano”. O valor “é proporcional ao tempo de serviço prestado no ano civil”, devendo o pagamento acontecer sempre no ano de admissão do trabalhador, no ano de cessação do contrato de trabalho e em caso de suspensão de contrato de trabalho por facto respeitante ao trabalhador.

Ficamos ainda a saber que o não pagamento do subsídio pela entidade patronal é considerada uma contraordenação muito grave.

Se este ano quer fazer uma melhor gestão do seu subsídio de Natal, ponha em prática os nossos conselhos, que se apliquem ao seu caso, e comece a fazer um plano de gastos e poupanças.

Como gastar, mas também poupar o subsídio de natal

A dúvida que mais vezes nos assola quando vemos o subsídio de Natal entrar na conta é simples, mas de resposta complexa: gastar ou poupar? A verdade é que a decisão não tem de ser feita, porque podemos perfeitamente usar o valor para as duas coisas, basta que se destine uma parte para as compras de Natal e a outra seja encaminhada para poupança.

Use o subsídio para uma reforma descansada

Se considerar que o subsídio de Natal é um valor extra e do qual não necessita, em princípio, para fazer face às despesas correntes ou pagar dívidas que tenha pendentes, que tal usá-lo para planear a sua reforma? Preparar o momento em que se irá retirar da vida ativa é algo que deve começar a fazer quanto antes.

As opções disponíveis são várias tendo em vista o objetivo de criar um complemento à sua reforma. Os produtos mais conhecidos são os Planos Poupança Reforma (PPR), mas estão também disponíveis os Fundos de Pensão (mais utilizados pelas empresas para os seus colaboradores) e, mais recentemente, os Certificados de Reforma (fazem parte do chamado regime público de capitalização, mas não são PPR nem têm capital garantido).

Antes de subscrever qualquer um destes produtos, informe-se bem sobre todas as condições, nomeadamente sobre a existência de risco, bem como a possibilidade de resgate, ou seja, se pode aceder ao dinheiro antes de chegar à idade da reforma e em que condições o pode fazer.

Abra uma conta poupança e estabeleça objetivos

Se costuma fazer poupanças na sua conta à ordem é muito provável que já tenha percebido que esse método simplesmente não funciona. Certo? Para conseguir colocar algum dinheiro de lado e não lhe tocar a não ser para a concretização de objetivos pré-estabelecidos (fazer uma viagem, pagar a universidade dos filhos, trocar de carro, dar a entrada para uma casa), o mais indicado é criar uma conta específica para o efeito, quer seja uma conta poupança ou uma conta a prazo.

Existem no mercado várias opções disponíveis e, mais uma vez, o melhor é escolher em função daquelas que oferecem um bom retorno e correspondem às suas necessidades específicas.

Informe-se acerca das taxas de juro, assim como da obrigatoriedade, ou não, de depósitos fixos. É igualmente necessário perceber se tem a possibilidade de mobilizar a conta quando quiser sem ser penalizado. Avalie ainda se a conta tem capital e remuneração garantidos, bem como se permite renovação e reforços.

Estabeleça também, desde já, quanto quer poupar, para que a conta não tenha só um depósito único e assim possa criar uma rotina de poupança ao longo do ano.

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Se ainda não tem, crie um fundo de emergência

Se nunca criou um pé-de-meia unicamente para ser usado em situação de emergência, então, o subsídio de Natal deste ano pode muito bem ser o empurrão de que precisava. Isto porque toda a gente precisa de ter algum dinheiro de parte para fazer face aos chamados imprevistos, sejam os relacionados com a saúde, a instabilidade laboral ou outros, como incêndios, assaltos ou acidentes.

Considera-se que um fundo de emergência deve contemplar cerca de seis vezes o valor das despesas mensais de um agregado familiar, como forma de permitir “aguentar o barco” durante meio ano. Já no caso dos trabalhadores independentes, que enfrentam maior instabilidade e incerteza em geral, o valor a reservar deve ser o suficiente para cobrir um ano inteiro de despesas.

Para guardar esta poupança, escolha uma modalidade que garanta alguma remuneração, mas o fundamental aqui é que o produto escolhido permita a utilização do dinheiro em qualquer altura.

Se tem crédito habitação aproveite para amortizar a dívida

Antes de seguir este conselho, é adequado fazer contas, pois liquidar o valor em dívida ao banco (total ou parcialmente) antes do fim do contrato envolve custos. Assim, há que perceber se a redução que se consegue na prestação mensal da habitação compensa os custos da amortização, os quais variam de banco para banco e dependem da taxa de juro contratada, seja fixa ou variável. Há ainda que avaliar se a poupança que se consegue desta maneira é superior à que se obtém investindo o dinheiro de outra forma. Se fizer os cálculos e compensar (peça ajuda ao seu gestor de conta, se tiver dificuldades em chegar ao valor final), pondere encaminhar o subsídio de Natal deste ano para abater na prestação da casa.

Aplique o dinheiro de forma mais diversificada

É verdade que as opções que apresentámos anteriormente não oferecem grande retorno, mas em contrapartida são das mais seguras. Se pretender investir o subsídio de Natal em opções com maior rentabilidade – mas também muito mais arriscadas – pode enveredar pelo mercado de ações, mas aqui há regras que convém seguir, segundo os especialistas: nunca invista dinheiro de que possa vir a necessitar nos próximos cinco anos, no mínimo; tenha sempre em conta a imprevisibilidade do mercado (não há garantias de que venha sequer a reaver aquilo que investiu); não coloque os ovos todos na mesma cesta, ou seja, aposte na diversidade de ações; e nunca aplique mais de 10% das suas poupanças. Estão também disponíveis outras opções de investimento, estas com um risco intermédio, que convém analisar junto do seu gestor de conta.

Ofereça uma conta poupança aos mais pequenos

Se tem filhos pequenos, sobrinhos ou afilhados, pode sempre oferecer-lhes um presente dois-em-um. Ou seja, canaliza parte do seu subsídio de Natal para os presentes dos mais novos, mas abrindo-lhes uma conta poupança, para que possam ir aprendendo a gerir o seu dinheiro desde tenra idade. Convém explicar a importância de terem uma conta e que sintam que não é só para gastar, mas para aprenderem a gerir melhor o dinheiro. Se quiser, para complementar esta aprendizagem, ofereça-lhes um livro sobre literacia financeira.

Presentes sim, mas com ponderação

Caso decida gastar parte do subsídio de Natal nas compras que inevitavelmente terá de fazer, o mais sensato será começar por fazer uma lista das pessoas a quem quer oferecer algo e estipular um valor por cada um (por exemplo, o mesmo valor para todos os filhos ou sobrinhos).

Neste capítulo, importa deixar algumas dicas que vão ajudá-lo a não gastar mais do que a conta. Mantenha-se firme, sem ceder a tentações nem cair no consumismo compulsivo. Evite ir às compras em horários e locais muito concorridos e pesquise antes de sair de casa para ter a certeza que os artigos que pretende adquirir estão mesmo disponíveis, assim como o valor aproximado dos mesmos. Se fizer compras online tente comprar em simultâneo presentes para diversas pessoas, poupando assim nos portes de envio.

Como vê, o destino óbvio do subsídio de Natal não tem de ser obrigatoriamente o consumo desenfreado. Com algum planeamento é possível rentabilizar esse ordenado extra que recebe e, mesmo assim, ter uma quadra festiva inesquecível.

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