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Já ouviu falar em stablecoins? Saiba o que são

6 min
Casal sorridente descobre como investir em stablecoins

As stablecoins são uma alternativa às oscilações de valor dos criptoativos como as bitcoin. A ideia é que sejam, como o nome indica, uma moeda estável, o que, à partida, traz mais segurança aos investimentos. Mas será mesmo assim?

Quando se fala em criptomoedas, há geralmente a ideia de que são um tipo de investimento impróprio para quem não gosta de correr riscos. A instabilidade do seu valor e a possibilidade de, em pouco tempo, perder muito dinheiro podem afastar algumas pessoas.

As stablecoins podem ser uma opção para investidores mais cautelosos, ainda que não estejam totalmente isentas de riscos.

O que são as stablecoins?

As stablecoins são, na tradução literal, “moedas estáveis”. Ou seja, o  valor tem oscilações menores ou, pelo menos, mais previsíveis, do que outros criptoativos, como as bitcoin.

Quem já investiu em criptomoedas ou teve, pelo menos, algum interesse no assunto, certamente percebeu que existe uma grande instabilidade na sua cotação, com subidas e descidas abruptas no espaço de poucas horas. O que, para os investidores, significa ganhos e perdas consideráveis sem que possam precaver-se contra essas flutuações.

O objetivo das stablecoins é serem menos voláteis. Por isso, podem ser mais facilmente usadas não só para obter rendimento, mas também para pagar bens ou serviços em transações quotidianas.

Como funcionam

As stablecoins, tal como outras criptomoedas, são criadas através da tecnologia blockchain – uma cadeia de blocos descentralizada que regista as transações–  mas há uma grande diferença.

Quando uma entidade emite uma stablecoin, tem de possuir a mesma quantidade de ativos. Se as stablecoins tiverem como referência o euro, isso significa que ao emitir mil stablecoins o emissor terá de ter mil euros na sua conta bancária. 

Esta é a mesma lógica que era usada no padrão-ouro, que vigorou até 1971, em que a emissão de uma determinada divisa estava associada à quantidade de ouro que esse país detinha.

As stablecoins mais conhecidas são a Tether (USDT), a USD Coin (USDC) ou a Binance USD, todas associadas ao dólar norte-americano e com uma paridade de 1/1. Ou seja, cada unidade destas stablecoins equivale a um dólar.

Stablecoins x criptomoedas: quais as diferenças?

Stablecoins e moedas digitais como a bitcoin têm em comum a tecnologia usada na sua criação e o facto de serem meramente digitais, ao contrário do que acontece com as moedas como o euro ou o dólar.

No entanto, há muitas diferenças entre estes dois tipos de criptoativos. A estabilidade é uma das principais. Enquanto as criptomoedas podem desvalorizar drasticamente num curto espaço de tempo, as stablecoins mantêm um valor relativamente estável. No entanto, também não é expectável que tenham valorizações astronómicas, como já aconteceu, por exemplo, com bitcoins.

As stablecoins têm o seu valor indexado a outros ativos, como moedas de bancos centrais ou matérias-primas. Criptoativos como Bitcoin e Ethereum não têm paridade com nenhum bem tangível. 

As criptomoedas são moedas descentralizadas, ou seja, não são emitidas pelos bancos centrais nem obedecem a políticas monetárias. Se, por um lado, este facto lhes garante independência, por outro pode gerar desconfiança ou falta de transparência. As stablecoins são emitidas por empresas e estão indexadas a moedas de bancos centrais.

Tipos de Stablecoins

Há vários tipos de stablecoins, dependendo da existência ou não de um emitente responsável, da centralização ou descentralização de responsabilidades e do ativo escolhido para sustentar o valor da stablecoin e da sua estabilidade.

A maneira como estas dimensões são combinadas origina vários tipos de stablecoins.

Fundos tokenisados

Os fundos tokenizados são representações digitais (tokens) emitidos no recebimento de fundos (ou seja, dinheiro, depósitos ou dinheiro eletrónico) que utilizam DLT (Distributed Ledger Technology, com vários os servidores que tratam simultaneamente a informação) ou tecnologia semelhante para registar o respetivo crédito.

Os tokens podem ser resgatados pelo valor de mercado da garantia no momento do resgate ou pelo valor nominal . Um exemplo de fundo tokenizado é o USDCoin,  uma stablecoin indexada ao dólar norte-americano que se define por  ser totalmente garantida por ativos líquidos seguros e de baixo risco.

Indexadas a moeda fiduciária

Estas stablecoins têm como referência divisas, como o dólar ou o euro, na proporção 1/1. Isto significa que, para cada stablecoin emitida, a empresa terá de ter o mesmo valor em caixa. 

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Stablecoins de commodities

O valor destes criptoativos está associado a commodities, ou seja, a matérias-primas ou produtos praticamente em bruto. Quando a procura por estes bens sobe, a moeda valoriza. A mais popular é o ouro, devido à sua estabilidade e aceitação como reserva de valor. Stablecoins associadas a outras commodities, como trigo, soja ou petróleo, têm uma presença muito menos significativa no mercado de criptomoedas.

Stablecoins de criptomoedas

São stablecoins cujo valor está indexado ao de outras criptomoedas. DAI e Reserve são dois exemplos deste tipo de stablecoins. Ambos foram projetados para manter a paridade individual com o dólar norte-americano por meio de um sistema de contratos inteligentes no blockchain Ethereum.

Stablecoins de algoritmos

As stablecoins algorítmicas têm o seu preço definido por um mecanismo baseado em contratos inteligentes que ajustam a procura e a oferta para manter a paridade entre o valor da stablecoin e a moeda de referência. Não exigem nenhum ativo como garantia nem têm uma entidade responsável. Um exemplo deste tipo de moeda é o TerraUSD, uma stablecoin que entrou em colapso em maio de 2022 devido à sua incapacidade de manter a indexação ao dólar dos EUA.

Vantagens e desvantagens das stablecoins

A principal vantagem das stablecoins – sobretudo em comparação com outros criptoativos – é a estabilidade, já que não são expectáveis, num curto espaço de tempo, oscilações significativas no seu valor.

A previsibilidade é outro ponto a favor deste tipo de moeda. Como está indexada a moedas fiduciárias, como o dólar, ou a matérias-primas como o ouro, é relativamente fácil prever uma eventual subida ou descida no seu valor. 

A facilidade nas transações é outra vantagem. Usar uma stablecoin indexada ao dólar pode ser mais fácil do que fazer uma transação em dólares, já que se evitam câmbios e taxas associadas à troca de moedas. O facto de poderem ser usadas como moedas tradicionais permite transações rápidas para qualquer parte do mundo.

As stablecoins também têm riscos associados, até porque a estabilidade do seu valor não é garantida. Ou seja, apesar de as flutuações não serem tão intensas como nas outras criptomoedas, continuam a existir, até porque os ativos como o euro, o dólar ou o ouro também desvalorizam. Há ainda que contar com fatores como a inflação ou medidas dos bancos centrais, que influenciam a economia e, consequentemente, o valor da moeda.

Apesar da segurança da tecnologia blockchain, os criptoativos não estão ainda totalmente regulamentados, existindo, por vezes, alguma falta de transparência quanto às entidades emissoras.

Uma eventual dificuldade em obter liquidez, isto é, “trocar” rapidamente as stablecoins por dinheiro é outro risco associado a este tipo de investimento. 

Como investir em stablecoins?  

O objetivo das stablecoins é manter um valor relativamente estável, por isso é um investimento que não trará lucros rápidos ou exorbitantes. Ainda assim, é possível ganhar dinheiro com estes ativos.

Como são moedas digitais, as stablecoins são armazenadas em wallets (carteiras) e há plataformas que permitem receber juros através do staking, ou seja, o mecanismo que permite aos proprietários de criptomoedas participar ativamente na validação de transações numa blockchain. Este processo recompensa os investidores que mantêm as suas stablecoins e ajuda a proteger a rede. 

Cuidados a ter

Antes de investir é importante ter em conta que asstablecoins, embora menos voláteis do que outros criptoativos, também desvalorizam e podem originar perdas. E, tal como acontece, por exemplo, com as ações, quando se dá uma desvalorização, é mais difícil desfazer-se do investimento ou, se o fizer, será provavelmente com prejuízo.

É essencial perceber bem como funciona este tipo de investimento e quais os riscos associados. Escolha opções credíveis, com um bom histórico e desconfie de promessas de lucros fáceis.

Antes de investir, informe-se sobre a entidade emissora, sobre a existência de uma reserva (se existe um valor equivalente às moedas em circulação) e sobre os ativos a que a moeda está associada. Também deve ter em conta que as stablecoins têm o mesmo enquadramento fiscal das restantes criptomoedas, pelo que podem estar sujeitas ao pagamento de IRS.

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