Direitos e Deveres

Quer um amigo para a vida? Adote um animal de estimação

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Adote um animal de estimação

São retirados da rua e levados para centros de acolhimento cerca de 50 mil animais por ano. A estimativa é da Associação Nacional de Médicos Veterinários dos Municípios (ANVETEM). Segundo Ricardo Lobo, membro da direção da ANVETEM, em declarações à agência Lusa, em 2017, o número de animais recolhidos atingiu os 41 mil; em 2018 diminuiu ligeiramente para 36 mil e, em 2019, atingiu 50 mil. Em contrapartida, são adotados apenas 17 mil animais por ano. Como se vê por estes números, a taxa de abandono é muito superior ao número de adoções, o que faz com que os canis e os gatis estejam sobrelotados e muitas associações tenham de desdobrar-se em apelos junto da sociedade civil para conseguir cuidar destes animais. 

Numa sondagem realizada nas redes sociais, 74% dos inquiridos que adotaram animais de estimação (107 pessoas) encontraram-no na rua ou foi-lhes oferecido por alguém; os restantes 26% (38 pessoas) foram buscá-lo a uma associação, canil ou gatil. Quanto ao comportamento do animal quando chegou à nova casa, 19% diz que foi uma adaptação “difícil”, mas a grande maioria (81%) garante que “correu bem”.

Carina Bento adotou três cadelas: duas “por resgate”, a outra foi buscar “a uma família de acolhimento porque já tinha sido abandonada duas vezes”. A adaptação em casa “correu lindamente”. Quanto aos cuidados de saúde, passam, sobretudo, por “desparasitação e vacinas” e prefere não ter seguro porque acredita que “ficaria mais dispendioso para as três”. Madalena Salema adotou “um cão no canil de Vila Franca” e “correu tudo muito bem”. Atualmente, “está registado, tem chip e vacinas em dia”, mas não tem seguro de saúde para o animal. Também Tânia Carvalho relata uma história feliz: “Adotei o meu Sinatra em 2018. Fui buscá-lo a Vila Nova de Gaia porque a dona estava com uma depressão grave e não tinha condições para tomar conta dele. Assim que me conheceu ficou muito feliz, não estranhou a casa, os hábitos, as pessoas. Adaptou-se muito bem. Foi ao veterinário ver se estava tudo bem e tomar as vacinas em falta. Não tenho seguro para ele porque é uma despesa extra que não posso ter”. 

Maria Vivaldo tem uma casa cheia com quatro animais de estimação: duas cadelas, um gato e uma gata. Dois foram recolhidos na rua, uma cadela “adotada no canil de Santarém” e uma gata “adotada a um particular”. “Todos se adaptaram bem ao fim de poucos meses”, garante Maria, inclusivamente “os gatos aprenderam a conviver com as cadelas facilmente”. Quanto ao seguro de saúde, não tem porque acredita que “não compensa para quatro animais”. Bárbara Correia admite que, apesar de não ter seguro, “já foi bem necessário porque uma das gatas caiu da varanda, partiu o fémur e a despesa foi enorme”. Fora isso, por norma, leva os dois gatos ao veterinário “uma vez por ano”. Quanto à adaptação à dona e à casa “foi fácil”, mas “entre eles foi mais complicado”. No entanto, “com o tempo e muito mimo, já se acertaram” e, hoje em dia, “não vivem um sem o outro”.

Para além destas histórias felizes, saiba também que existem inúmeros benefícios de ter um amigo de quatro patas, inclusivamente para a sua saúde. Tome nota:

Ajuda a prevenir alergias

Se pensava que o pelo dos cães e dos gatos, podia prejudicar a saúde, desengane-se. Claro que podem existir casos em que isso acontece porque cada pessoa é uma pessoa, mas, muitas vezes, é mito. De acordo com um estudo publicado no Journal of Allergy and Clinical Immunology, referido num artigo do grupo Lusíadas, conviver com animais “peludos” – principalmente cães – contribui para ativar e fortalecer o sistema imunitário e ajuda a reduzir o risco de as crianças virem a ter alergias e asma.

Baixa o risco de problemas de coração

Um estudo realizado pelo Instituto Baker Medical Research, (Melbourne, Austrália), durante três anos, com quase 6000 participantes, revelou que os donos de animais de estimação tinham valores de pressão arterial, de triglicéridos e de colesterol mais baixos quando comparados com os que não tinham. Ou seja, tinham menor probabilidade de desenvolver doenças cardíacas. A necessidade de passear o animal e, com isso, fazer algum exercício físico, e a companhia do amigo de quatro patas são fatores associados a este bem-estar.

Menos stress e ansiedade

Ter um animal de estimação, poder conviver e brincar com ele provoca uma maior produção de dopamina e serotonina no organismo – neurotransmissores que provocam a sensação de prazer e têm propriedades calmantes. Segundo estudos referidos no mesmo artigo do grupo Lusíadas, a companhia de um animal de estimação em pessoas com doença de Alzheimer também ajuda a diminuir crises de ansiedade.

Melhor forma física e menor risco de obesidade

Um cão precisa de ir à rua e, só por isso, o dono já é obrigado a ter alguma atividade física. De acordo com um estudo do National Institute of Health (NIH), quem tinha um animal de estimação era mais ativo fisicamente e tinha menor probabilidade de vir a ser obeso. Segundo outra investigação, publicada no American Journal of Public Health, as crianças que tinham cães em casa faziam mais atividade física e de forma mais intensa do que as que não tinham.

Diminui o isolamento e a solidão

Se perguntar a alguém que tenha um cão, a resposta vai ser positiva, de certeza! A verdade é que ter de levar o cão à rua vai proporcionar a interação com outras pessoas e, desta forma, reduzir a sensação de solidão e melhorar o nosso bem-estar emocional, como refere um artigo da Purina.

Além disso, muitos médicos aconselham também os mais idosos a adotar um cão ou gato de forma a evitar o isolamento social e até mesmo a depressão.

Cuide da saúde do seu animal de estimação, como cuida da sua

Para além de todos os benefícios para a saúde física e psicológica, ter um animal de estimação significa também ter um amigo para a vida. Ou seja, implica assumir uma responsabilidade e cuidar dele como se fosse mais um membro da família. Por isso mesmo, é necessário ter cuidados de saúde, como vacinas, desparasitação, alimentação e higiene. É verdade que pode implicar algumas despesas, mas, também aqui, a prevenção será o melhor remédio. E acredite que, no final do dia, vai compensar ter um amigo fiel e leal, que nunca o abandonará.

Saúde

Tal como as pessoas, os animais também precisam de cuidados médicos, pelo menos, uma vez por ano, segundo os especialistas. De acordo com os protocolos seguidos pelos veterinários, é fundamental fazer as vacinas desde tenra idade para prevenir várias doenças como Leptospirose, a Esgana e a Parainfluenza. No caso dos cães, a primeira vacina deve ser administrada entre as seis e as oito semanas de vida. Até aos seis meses, é obrigatório fazer a vacina contra a raiva e colocar chip. Já os gatos devem ir ao veterinário a partir dos 40 ou 45 dias de vida e devem ser vacinados mesmo que estejam sempre em casa. O plano de vacinação é feito com base na raça, idade, estado de saúde e estilo de vida do animal.

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Além das vacinas, os animais também devem estar protegidos contra pulgas, carraças e picadas de alguns mosquitos. Existem formas de prevenir através da utilização de coleiras específicas ou da aplicação de pipetas que repelem estes insetos. 

Estes são os cuidados básicos, mas, naturalmente, tal como acontece com os seres humanos, os animais também podem ter problemas de saúde imprevistos ou acidentes. Uma das formas de prevenir despesas inesperadas poderá passar por fazer um seguro de saúde para o seu animal. Existem soluções no mercado bastante acessíveis e que podem compensar.

Alimentação

Cães e gatos devem comer ração adequada à sua raça, porte e peso e não a comida dos seres humanos. Não só porque a nossa comida não lhes providencia as vitaminas e minerais necessários, como também porque alguns alimentos como o chocolate, alho ou a cebola podem ser tóxicos para os animais. Já existe no mercado vários tipos de rações, a todos os preços, e é possível encontrar algumas com uma boa relação preço-qualidade.

Banho e higiene

Os animais, sobretudo os cães, devem tomar banho, idealmente uma vez por mês ou a cada 15 dias. Uma frequência superior a esta pode ser prejudicial para o pelo ou mesmo para a pele, salvo indicação em contrário do veterinário. Deve utilizar produtos específicos para animais, devido ao PH da pele, e, durante o banho, ter cuidado para que a água não entre nos ouvidos. A escovagem é importante para eliminar os pelos mortos, sobretudo nos gatos porque, pelo facto de terem o hábito de se lamberem, podem formar as famosas “bolas de pelo” no estômago ou intestino e trazer riscos para a saúde. Nos animais de pelo comprido, poderá ser necessária a tosquia.

Segurança

Desde Outubro de 2019 que é obrigatório registar os animais de estimação numa plataforma chamada Sistema de Informação de Animais de Companhia (SIAC). Na ficha, vai existir informação sobre o animal, respetivas vacinas e sobre o dono. Este registo é feito apenas uma vez no momento em que é implantado o chip. Todo o processo é realizado pelo médico veterinário. O registo custa 2,5 euros e quem não o fizer arrisca-se a pagar multa. Todos os animais que estavam registados nos sistemas anteriores – SIRA e o SICAFE – são automaticamente integrados no SIAC. Este novo registo acabou com a necessidade de ter uma licença para cães, exceto os considerados de raças potencialmente perigosas e perigosas. 

Além disso, é obrigatório, por lei, utilizar coleira ou peitoral nos cães e gatos que circulem na via pública, assim como açaimo ou trela. Por razões de segurança, os animais devem também estar sempre acompanhados pelo dono ou alguém que mantenha a vigilância. 

Companhia e brincadeira

Os animais, tal como as pessoas, também precisam de atenção, amor e carinho. E acredite que devolvem a dobrar. Existe o mito de que os gatos são muito independentes e, até, insensíveis ao contacto humano, mas nem sempre é assim. Cada cão e cada gato é dono de uma personalidade e comportamento diferente, mas, regra geral, todos precisam de mimos para se sentirem bem acolhidos pelos donos.

Covid-19

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, não existem evidências suficientes que comprovem que os animais podem transmitir a Covid-19 ou ficar doentes com a infeção. No entanto, houve um caso de um cão registado em Hong Kong e a investigação continua nesta matéria. Por isso, segundo a SOS Animal, mais vale prevenir e ter alguns cuidados como: evitar locais muito movimentados e frequentados por outras pessoas e animais; não permitir o toque de terceiros e limpar as patas dos animais, barriga e focinho antes de entrar em casa, de preferência com produtos veterinários que utilizem clorexidina. O álcool ou álcool-gel não é adequado para os animais e pode irritar a pele. E, claro, independentemente da pandemia, tanto crianças como adultos devem lavar bem as mãos depois de contactar com um animal. 

Adotar ou acolher: qualquer opção é bem-vinda

Se já está convencido de todos os benefícios, saiba agora como e onde pode adotar um animal. Pode fazê-lo em definitivo, e arranjar um amigo para a vida, ou optar por ser uma família de acolhimento temporário (FAT) e ajudar as associações que têm canis e gatis sobrelotados a resolver este problema. Sabia que, as famílias que recebem animais abandonados não têm despesas com as necessidades básicas, como a alimentação ou cuidados médicos, durante o tempo do acolhimento, uma vez que muitas associações dão esse apoio? Esta é uma das vantagens ao acolher um animal em sua casa, mas existem outras que vai gostar de conhecer. Se já se sente preparado para dar o próximo passo, veja aqui alguns exemplos de associações de proteção de animais ou descubra todas as que existem em Portugal nesta lista completa.

Caso esteja preocupado com as despesas, descubra alguns custos que pode evitar com os seus animais de estimação. Mas não se esqueça de apostar na prevenção, tanto da saúde como das finanças, e conheça todos os detalhes importantes sobre seguros para animais.

Acolher um novo amigo de quatro patas pode trazer-lhe muita felicidade!

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