Poupar

Está na hora de parar de adiar o seu futuro

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Pedro Andersson
Pedro Andersson
Parar de adiar o futuro

Quando foi a última vez que parou para pensar na sua reforma? Provavelmente até já pensou no assunto, mas adiou pensando que “depois logo se vê… Para já, quero é viver a vida e sei lá se vou estar vivo quando chegar à idade da reforma”. A boa e má notícia que lhe trago é que a probabilidade de estar vivo quando essa data chegar é gigante. 

O futuro que assusta (mas que podemos controlar)

Eu também já pensei assim. Quanto tinha 23 anos, o futuro parecia tão distante que não valia a pena preocupar-me com ele. E assim se passaram anos e décadas, sem fazer nada para garantir que a minha vida depois dos 65 anos seria, no mínimo, confortável.

A verdade é que nós, portugueses, temos uma tendência terrível para adiar decisões que não nos trazem uma gratificação imediata. E, claro, o tema das reformas é dos que mais afastamos.

Quando concluí o curso, comecei a trabalhar e ganhava um bom salário para a altura. Sabe o que fiz? Nada. Podia ter começado a poupar. Podia ter iniciado um Plano Poupança Reforma (PPR) logo ali e hoje estaria numa situação muito mais tranquila. Mas a vida vai acontecendo e, como muitos de nós, decidi aproveitar o presente sem me preocupar com o amanhã.

Uma bomba-relógio prestes a rebentar

Hoje, com o passar dos anos, vejo o problema à minha frente. Estamos sentados em cima de uma bomba-relógio financeira.

Se acha que a sua reforma será suficiente para viver confortavelmente, desengane-se. As previsões indicam que, em 2050, a reforma de quem trabalha agora vai ser apenas 40% do último salário. Sim, leu bem. Se ganhar 2.000 euros agora, imagine tentar viver com 770 euros. Vai dar? Não vai.

Temos uma população cada vez mais envelhecida e, ao mesmo tempo, menos jovens a trabalhar para sustentar o sistema de pensões. O resultado é simples: menos dinheiro para dividir por mais pessoas.

Se não começar já, vai pagar caro

Por isso, o que quero dizer-lhe é muito simples. Tem de parar de adiar o futuro e começar a poupar para a reforma. Comece com um pequeno montante mensal. Se já passou dos 40 anos, não se preocupe, ainda vai a tempo. Mas quanto mais adiar o futuro, mais difícil será.

Lembra-se de quando era jovem e achava que 50 anos era uma eternidade? Pois agora, com 40 ou 50, de certeza que sente que os últimos 20 anos passaram a correr. E é exatamente assim que o tempo funciona. Sem dar por isso, vai chegar aos 65 e perceber que, se não fez nada, a sua reforma será um desafio, não uma festa com caipirinhas numa praia de areias douradas.

Até ao fim do ano, ainda aproveita os benefícios fiscais

E se ainda está à procura de mais um motivo para agir agora, aqui está: fazer um PPR até ao fim do ano pode trazer-lhe benefícios fiscais importantes. Até 31 de dezembro, pode aproveitar a dedução em sede de IRS, o que significa que o Estado vai devolver-lhe parte do que poupou (se fizer retenção na fonte).

Leia maisPlanos de poupança: o que são e que tipos existem?

Claro que não deve ser este o único motivo para fazer um PPR – o objetivo principal é garantir a sua segurança financeira no futuro –, mas se pode poupar agora e ainda receber algum dinheiro de volta, não faz sentido deixar esta oportunidade passar. E ainda acumula esse rendimento extra aos seus investimentos.

O poder dos PPR 

Muita gente olha para os PPR como algo aborrecido que os bancos nos impingem para pagar menos impostos ou baixar o spread da casa. Mas o PPR é muito mais do que isso. Ele pode ser o seu melhor aliado para garantir uma vida tranquila na reforma.

Se começar a poupar regularmente, mesmo que sejam só 50 euros por mês, estará a construir o seu futuro. A magia dos juros compostos vai começar a trabalhar a seu favor. Os meus filhos, com 50 euros por mês, deverão ter na reforma cerca de 350 mil euros. Não estamos a falar de nenhuma fortuna.

E, se acha que já passou da idade para começar, pense de novo. Mais vale começar tarde do que nunca. É possível fazer um plano mais robusto agora para compensar o tempo perdido. O importante é não ficar parado. As contas são simples: quanto mais cedo começar, menos esforço terá de fazer no futuro.

A reforma deve ser um sonho, não um pesadelo

Todos nós sonhamos com a reforma: tempo para viajar, para passar mais tempo com a família, para fazer aquilo que nunca tivemos tempo. Mas esses sonhos não se realizam sem planeamento. A realidade da maioria dos portugueses é que vão receber menos do que precisam para viver, e ainda menos para aproveitar a vida como sempre sonharam.

Por isso, deixo-lhe este aviso muito claro: se não parar de adiar o futuro, a sua reforma pode ser muito diferente daquilo que imagina. Mas, se fizer alguma coisa hoje – um PPR (e/ou ETF e outras ferramentas financeiras) com uma poupança consistente –, poderá transformar esse futuro num período calmo e equilibrado da sua vida, e não num peso para si e para a sua família.

Pare de adiar (o seu futuro agradece)

O que está a fazer pelo seu “eu” do futuro? Não é tarde demais para começar. Mas, quanto mais esperar, mais vai custar. Não deixe que o seu futuro seja uma surpresa desagradável. Comece já. E daqui a uns anos, vai agradecer por ter dado este passo hoje.

O que achou?