Investimentos

Como construir uma casa e conseguir sobreviver

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Por mais que procure, dificilmente encontra a casa perfeita: seja a localização, a área, o chão, os azulejos da casa-de-banho, o equipamento utilizado na cozinha, a garagem ou espaço exterior… Os pormenores são muitos e os gostos dos construtores variam. A única forma de ter tudo como idealizou é construir a própria casa. Mas, muitas vezes, torna-se uma missão bem mais longa e penosa do que seria desejável. Antes de se lançar nesta aventura, pondere os prós e contras e informe-se bem para não ter surpresas desagradáveis.

Construir casa

Vantagens

  • As escolhas são suas: a localização, o tamanho, os materiais utilizados, os acabamentos… É a sua casa feita ao seu gosto, à sua medida.
  • Poderá fazer opções mais equilibradas em função do orçamento disponível. Por exemplo, pode optar por gastar mais a equipar a cozinha e preferir gastar menos no restante.
  • A qualidade do trabalho e dos acabamentos poderá ser melhor, se estiver disponível para supervisionar a obra ou se tiver alguém de confiança que possa fazê-lo por si.

Desvantagens

  • É um processo longo e burocrático que, muitas vezes, ultrapassa os prazos previstos inicialmente. Ou seja, prepara-se, psicologicamente, para demorar mais tempo do que está à espera.
  • Enquanto investe na construção da sua casa, terá de assegurar as despesas de outro local para viver. Isto a juntar aos imprevistos, durante uma obra, que acontecem quase sempre, pode significar derrapagens no orçamento.
  • Dá muito trabalho e vai exigir muito de si, em termos de dedicação, tempo e disponibilidade mental. Antes de avançar, terá de avaliar bem o mercado imobiliário, pesquisar construtores, empresas de venda de materiais, procurar referências, etc. E, durante a obra, o ideal é acompanhar tudo de perto. Tudo isto é, para muitas pessoas, uma fonte de stress.

Antes de começar a construir:

1) Lide com a burocracia

Antes de comprar um terreno ou avançar com as obras, informe-se sobre o que pode ou não construir ali. 

  • Deve começar por fazer um Plano de Informação Prévia à Câmara Municipal a pedir informações sobre o terreno: se a construção é autorizada, que tipo de construção, possíveis condicionamentos legais e restrições. À partida, cada câmara municipal terá o seu próprio impresso, mas o ideal é informar-se junto da própria autarquia. 
  • Se a Câmara Municipal lhe fornecer esta informação, a autorizar a construção, é porque o terreno está classificado no Plano Diretor Municipal (PDM). Outra hipótese é estar integrado num loteamento e aí o mais importante é o Plano de Pormenor, que estará no alvará aprovado pela Câmara. A vantagem de comprar um terreno num loteamento é que já terá as infra-estruturas montadas. Caso contrário, terá de assegurar, à sua custa, eletricidade e esgotos. 
  • Depois vai precisar de fazer um levantamento topográfico e um projeto de arquitetura para a Câmara aprovar. E, para isso, terá de contratar profissionais especializados: um topógrafo e um arquitecto. A seguir, vem a entrega dos projetos de especialidade: água, eletricidade, gás, esgotos, comunicações, entre outros.
  • Se a Câmara Municipal aprovar todos os projetos, tem licença de construção para avançar com a obra.
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2) Escolha um construtor

Obras mal feitas, abandonadas a meio, materiais de má qualidade, derrapagens gigantes no orçamento, prazos que não são cumpridos… As histórias são mais do que muitas e, às vezes, parecem filmes de terror. Mas não desespere. Tome todas as precauções para que tudo corra pelo melhor.

  • Confirme as habilitações do construtor: se quer ter uma casa construída, de forma correta e segura, sem correr riscos de ver a obra ser embargada, o melhor é certificar-se de que a pessoa que está a contratar tem todas as habilitações necessárias para o efeito. O ideal talvez seja mesmo contratar um empreiteiro certificado pelo Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção .
  • Peça recomendações e referências: peça opinião a amigos ou conhecidos que tenham trabalhado com esse construtor, pesquise por referências na Internet e avalie outros trabalhos que tenha feito. Pode também pedir diretamente ao empreiteiro que lhe mostre um portfólio ou que o leve a visitar casas que tenha construído.
  • Desconfie de preços baixos: às vezes, o barato sai caro. Resista à tentação de aceitar trabalhos em promoção ou a “preço de amigo”. Se a oferta lhe parecer demasiado boa, desconfie e compare com outros orçamentos para perceber a diferença.
  • Exija contratos e faturas: resista à tentação de confiar na palavra e nas boas-intenções. O melhor é ter tudo por escrito e legalizado. E não vá na conversa de aceitar trabalhos sem fatura porque, um dia mais tarde, se algo correr mal, não terá provas daquilo que pagou.
  • Faça contas a tudo: o melhor é fazer um plano com todas as despesas, prazos de pagamento, quanto pagou, em que data e o respetivo comprovativo. Cuidado com pagamentos iniciais, sobretudo se nunca tiver trabalhado com aquele construtor. Fique atento e, no que diz respeito a dinheiro, prefira transações que fiquem registadas. Ou seja, fazer uma transferência bancária é sempre melhor do que pagar em dinheiro, já que as notas dificilmente deixam rasto.

3) Faça contas

Fazer um cálculo do custo total é difícil porque estão em causa várias variáveis: a localização e o preço do terreno, o custo das licenças, registos e respetivos impostos, o tamanho da casa, os materiais utilizados e, claro, o orçamento do empreiteiro. O valor médio de construção por metro quadrado tem vindo a subir e, em 2019, foi fixado, por portaria, em 492€. 

Uma casa bem construída, numa boa localização, rapidamente vai valorizar e poderá ser vendida, mais tarde, com uma margem de lucro significativa. Se tudo for feito corretamente, poderá ser não só a casa dos seus sonhos como o negócio da sua vida. 

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