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Ouro: 9 ou 18 quilates?

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Ouro

Símbolo de poder, o ouro sempre foi uma mais-valia na economia mundial, chegando a ser considerado pelos países uma salvaguarda em caso de crise económica. E Portugal é um dos países com as maiores reservas de ouro do mundo.

O ser humano sempre deu muito valor ao ouro. Basta pensarmos nos nossos avós, que tinham por hábito comprar, guardar e deixar de herança cordões ou libras em ouro. Hoje, em momentos de crise, principalmente, algumas famílias recorrem à venda das joias a fim de obterem algum rendimento extra para fazer face às dificuldades financeiras. Como diz o velho ditado: “ Vão-se os anéis, ficam os dedos”.

O ouro das joias é todo igual?

Não, não é todo igual. O valor do ouro é calculado medindo a percentagem pura do metal existente na peça, sendo que um quilate de ouro é o total de seu peso dividido por 24. A pureza do ouro é expressa pelo número de partes de ouro que compõem a barra, pepita ou jóia. Por exemplo, o ouro de um objeto com 16 partes de ouro e 8 de outro metal é de 16 quilates (16/24). O ouro puro é aquele que tem 24 quilates. É o tipo de ouro mais valioso, com 99% de metal precioso na liga.

De que são feitas as joias?

O ouro é uma substância pura e imutável. Pode ser fundido e misturado com outros metais e refinado novamente sem perder nenhuma das suas características. Uma joia feita com ouro extraído há séculos consegue manter as sua características, sem acusar sinais da passagem do tempo.

Os artefactos de ouro são executados em metal precioso (ouro) sob a forma de liga, ou seja, ligados com outros metais. Os metais mais usados nas ligas de ouro são a prata, cobre e o paládio. A liga é o que vai garantir as características técnicas necessárias à execução de uma peça, como dureza e cor.

Diferença entre as alianças de 9 e as de 18 quilates

Se há altura em que, mesmo quem não liga muito às peças de ouro, acaba por cruzar-se com ele, é na fase do casamento. Os noivos dirigem-se à ourivesaria para escolher as alianças que vão trocar no grande dia. Escolhem pela forma, pela largura, pelo tom e pelo preço. Mas muitos não se questionam sequer em relação aos quilates que tem cada uma das alianças, e que justifica grandes diferenças de preço para anéis aparentemente iguais.

Regra geral, as alianças são de ouro de 9 ou 18 quilates, embora seja possível encontrar à venda em Portugal também alianças de 19,2 e 14 quilates. A grande dúvida, geralmente, coloca-se entre escolher a de 9 e a de 18 quilates. Uma aliança de 18 quilates contém 75% de ouro puro, enquanto a de 9 quilates contém apenas 37,5% de ouro puro. A questão que se coloca é: será que uma aliança com mais quilates oferece maior durabilidade e resistência? Segundo os especialistas, sim, as alianças de 18 quilates conseguem manter a cor bonita durante muito mais tempo. É verdade que na loja e a olho nu, parecem rigorosamente iguais. E a explicação é simples: as alianças compostas por menos ouro levam uma camada de ródio para ficarem com uma cor mais bonita e aproximada às alianças com têm na sua composição uma maior percentagem de ouro. Só que essa camada embelezadora vai saindo com o tempo. A realidade é que nas alianças feitas em ouro 9 quilates o componente liga é muito superior ao componente ouro e isso irá refletir-se na beleza da aliança, mais tarde ou mais cedo. Esta terá tendência para oxidar mais facilmente. Concluindo, as alianças de 18 quilates têm tendência para resistir um pouco mais, na medida em que oxidam menos e talvez sejam um pouco mais resistentes aos riscos. Cabe aos noivos decidirem se valerá a pena pagar o dobro por elas. Afinal, cada um sabe da sua bolsa.   

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A regra aplica-se a toda e qualquer peça de ouro. Quanto mais quilates tiver, além de ser mais valiosa, e cara, mais durabilidade terá no sentido de manter o brilho e a cor original.

As peças de ourivesaria em ouro apresentam contrastes de:

  • 19,2kt (quilates) ou 800‰ (milésimas) – constituído no mínimo por 80% de ouro, correspondendo o restante a outros metais constituintes da liga. Este toque corresponde ao denominado “Ouro Português”.
  • 18kt (quilates) ou 750‰ (milésimas) – constituído no mínimo por 75% de ouro, correspondendo o restante a outros metais constituintes da liga.
  • 14kt (quilates) ou 585‰ (milésimas) – constituído no mínimo por 58,5% de ouro, correspondendo o restante a outros metais constituintes da liga.
  • 9kt (quilates) ou 375‰ (milésimas) – constituído no mínimo por 37,5% de ouro, correspondendo o restante a outros metais constituintes da liga.

As barras em ouro correspondem a ouro de 24kt (quilates) ou 999‰ (milésimas), isto é, ouro não ligado com outros metais.

Menos comum, mas também permitido na legislação Portuguesa é o ouro de 22kt (quilates) ou 916‰, que corresponde a um mínimo por 91,6% de ouro, sendo o restante outros metais constituintes da liga.

O toque do ouro

As peças de ourivesaria são feitas sob a forma de liga do ouro com outros metais. Por isso a quantidade de ouro presente na liga de uma peça é tecnicamente designada por “toque do ouro”. Sempre que compra uma peça de ourivesaria deve informar-se acerca do “toque do ouro” da mesma.

O que significa “Ouro de Lei”?

Não é, nem mais, nem menos, do que uma forma generalista de informar o “toque do ouro”. Um artefacto nunca pode ser executado em “Ouro de Lei”, pois tem sempre um toque específico como 24kt, 22kt, 19,2kt, 18kt, 14kt ou 9kt.

Como saber o valor do grama de ouro

Quanto mais puro for o ouro, mais valioso é. Por exemplo, atualmente, 1 grama/ouro de 24K vale aproximadamente 35,04€. E 1 grama/ouro de 13K vale em média 13,15€. Há diversos sites onde pode ver as cotações reais do ouro consoante a sua pureza, de forma a ter uma noção do valor das peças que tem em casa. Aqui pode consultar  www.deco.proteste.pt/investe/calculadora-do-preco-do-ouro-p339233.htm e simular valores, de acordo com o peso e os quilates do ouro.

A avaliação de uma peça

A avaliação de barras ou moedas de ouro é feita de forma diferente da avaliação que se faz de peças de joalharia. Enquanto as barras de ouro são avaliadas pelo seu peso, grau de pureza e cotação do metal no mercado, as joias são-no também pelo valor artístico, entre outros critérios. Tenha em atenção que, lá por uma joia ser muito antiga, não significa que seja muito valiosa. Por vezes, é maior o valor sentimental do que o valor real em euros. Conhecer a história da peça, nomeadamente a quem pertenceu e quem a fabricou, pode contribuir para o seu valor. Contam ainda o tipo de peça; o seu peso, o estado de conservação e os quilates do ouro da mesma, outros critérios igualmente importantes.

Se está a pensar em vender alguma peça de ouro, antes de aceitar a primeira proposta deve informar-se e investigar bem. Peça, pelo menos, três avaliações e esteja ciente de que há peças que valem mais em antiquários, outras em bancos e outras em ourivesarias ou leiloeiras. Por isso, sonde todos os tipos de potenciais compradores. Para avaliar a peça, pode recorrer a um ourives, um avaliador da Casa da Moeda, aos serviços do Instituto Gemólogo Português (IGP) ou a algum conhecido, que tenha conhecimentos para fazer uma avaliação séria.

O ouro continua a ser um garante para as famílias e, ainda hoje, há quem invista nele como obra de arte ou como símbolo de riqueza e até de segurança para o futuro. Afinal, há coisas que nunca mudam. E o ouro continua a ser um investimento seguro.