Aquecimento da casa: quais as melhores soluções?
Das mais baratas às mais dispendiosas, há várias alternativas para o aquecimento da casa. Conheça as principais vantagens e desvantagens de cada uma.
A maioria das casas portuguesas não está preparada para o frio, com as construções a disporem de um fraco isolamento térmico. Prova disso é o facto de Portugal ser um dos países da União Europeia (UE) onde os índices de conforto térmico são piores. De acordo com dados da Comissão Europeia, em 2023, Portugal e Espanha foram os Estados-Membro onde se registou a percentagem mais elevada de pobreza energética: 20,8%.
Por isso, as famílias portuguesas têm vindo a procurar cada vez mais (e melhores) soluções para manterem as habitações quentes durante o inverno. Segundo o INE e os dados dos últimos censos, os aquecedores portáteis, a gás ou elétricos, são os mais utilizados para combater o frio (em 28,4% dos lares portugueses), seguido das lareiras (21,7%), do aquecimento central (14%) e das salamandras ou fogões (5,8%). Ainda assim, mais de 30% da população não utiliza nenhum sistema de aquecimento de forma regular.
Estes dados mostram que as soluções de aquecimento mais utilizadas são as mais baratas no momento da compra e as que implicam um menor investimento inicial. No entanto, a longo prazo, a sua utilização pode fazer disparar a conta da eletricidade.
Os sistemas de aquecimento não são todos iguais e o que é uma solução viável para um determinado tipo de casa não o é para outro. Por isso, para saber qual é o tipo de aquecimento mais adequado, tem de considerar o tamanho da habitação e as necessidades de climatização reais da sua casa ao longo do ano.
Ar condicionado
O ar condicionado fixo é um dos sistemas de climatização mais eficientes (até seis vezes mais do que outras alternativas) e, ao contrário de outras soluções de aquecimento, pode ser utilizado durante todo o ano: no inverno para aquecer a casa e no verão para arrefecer as divisões.
Uma das grandes vantagens dos ares condicionados é que atingem a temperatura desejada rapidamente e conseguem mantê-la sem grandes flutuações, o que resulta num menor consumo de energia. Os modelos mais recentes não são prejudiciais à saúde, já que permitem fazer a filtragem do ar. No entanto, é sempre necessário fazer a manutenção regular e a limpeza anual dos filtros.
O grande inconveniente do ar condicionado são os custos iniciais: um aparelho chega às várias centenas de euros e há que considerar, ainda, o preço da instalação. Ainda assim, a poupança conseguida na fatura da eletricidade compensa o investimento.
Para escolher o ar condicionado certo, deve ter em conta se prefere monosplit (instalação numa única divisão da casa) ou multisplit (podem ser instalados em várias áreas) e ainda a potência do aparelho, que é determinada pelo BTU (British Thermal Unit, ou unidade térmica britânica). Quanto mais alto for o número de BTU, maior é a capacidade de aquecimento e arrefecimento. Para um ar condicionado residencial, o BTU varia, geralmente, entre 9.000 e 18.000.
Aquecimento central
O aquecimento central permite manter toda a casa quente, sem desconforto físico (como o que pode ser causado pelo ar que sai do ar condicionado, por exemplo) e de forma homogénea, independentemente do número de assoalhadas e do tamanho da casa.
Os sistemas de aquecimento central funcionam a gás. Uma caldeira aquece o ar num ponto único, que é depois distribuído pela casa através de tubagens que chegam aos radiadores, toalheiros e piso radiante.
A grande desvantagem do aquecimento central é o custo. É necessária uma instalação em toda a casa que, se não tiver sido feita de raiz, é bastante cara e complicada. Além disso, as faturas do gás (principalmente se se tratar de gás propano ou butano) aumentam significativamente.
H2. Salamandras, lareiras e recuperadores de calor
As salamandras, lareiras e recuperadores de calor são esteticamente mais apelativos. Aliás, as opções de design de hoje em dia já fazem com que estas soluções não sejam apenas um sistema de aquecimento, mas parte da decoração da casa.
Se escolher a lareira, deve ter cuidado com a ventilação da sua casa. Lembre-se que o fumo emitido pelas lareiras é altamente prejudicial, quer para o ambiente, quer para a sua saúde.
As salamandras são mais compactas, requerem menos manutenção e têm um rendimento superior. Existem vários modelos, de diferentes potências, que devem ser adequadas ao espaço que quer climatizar. Este sistema utiliza pellets, que é um biocombustível renovável e neutro em carbono, com a forma de um granulado prensado, feito a partir de folhas, serradura e lascas de madeira. Além de ser a opção mais ecológica, os pellets são também mais eficientes, já que têm um poder calorífico seis vezes superior à lenha.
Já os recuperadores de calor, que podem ser a lenha ou a pellets, permitem reter uma maior quantidade de calor, aproveitando entre 50% e 70% da energia e emitem pouco dióxido de carbono.
A desvantagem, comum a estas três soluções, é o facto de os equipamentos e a instalação serem dispendiosos. Dependendo do material, da potência e das funcionalidades, estes aparelhos podem ir de algumas centenas de euros até aos milhares. Tem de considerar, também, o preço da lenha e dos pellets, que terá de comprar regularmente. Além disso, como produzem cinzas e fuligem, todas estas soluções tornam as casas mais sujas.
H2. Aquecedores portáteis elétricos
Não são a solução mais económica (nem a mais eficiente), mas como são mais baratos, continuam a ser os preferidos dos portugueses. De acordo com a DECO, em 2020, 65% das casas tinha algum tipo de aquecedor portátil. Existem vários tipos de equipamentos, com potências e modos de funcionamento diferentes.
Termoventiladores
São fáceis de usar e a solução mais barata, o que os torna práticos para quem procura opções de aquecimento rápido e direcionado. No entanto, não são eficientes: aquecem rapidamente o espaço, mas não ajudam a manter a temperatura, já que a divisão arrefece assim que são desligados, e consomem muita energia, especialmente se forem utilizados durante longos períodos de tempo.
O ideal é que sejam usados pontualmente, como uma fonte secundária de aquecimento, para aquecer uma pequena divisão.
Convectores
São mais caros e volumosos do que os termoventiladores. Aquecem uma divisão de forma rápida e homogénea e são capazes de manter o calor, mesmo depois de desligados. Os convectores podem ser úteis para aquecer as divisões maiores da casa, como a sala de estar, mas não são a solução mais eficiente, já que consomem bastante energia.
Emissores de calor
Os emissores de calor, que podem ser portáteis ou fixados à parede, são sistemas de aquecimento programáveis que distribuem o calor de forma gradual até alcançarem a temperatura desejada. Depois de atingirem essa temperatura, desligam-se e continuam a libertar calor durante várias horas. Por isso, são ideais para climatizar as divisões onde passa mais tempo.
São uma boa solução para quem tem tarifa bi-horária, já que podem acumular calor durante a noite, quando a eletricidade é mais barata, e libertá-lo durante o dia, quando a tarifa da luz é mais alta. No entanto, demoram muito a aquecer uma divisão e não são o sistema mais eficiente em termos de consumo energético.
Aquecedor de infravermelhos
São pequenos, mas demoram bastante a aquecer e, por não terem termóstato, não permitem fazer uma regulação adequada da temperatura. Proporcionam calor localizado e direcional, logo, não são a melhor solução para aquecer uma divisão inteira.
Aquecedores a óleo
São um dos sistemas de aquecimento mais utilizados pelos portugueses. O nome vem de um depósito de óleo que têm no interior, que é aquecido por uma resistência elétrica. São silenciosos, fáceis de transportar e mantêm a temperatura durante algum tempo depois de desligados. No entanto, só são capazes de aquecer o espaço onde estão ligados e demoram a aquecer o ambiente, o que pode representar gastos elevados de energia se estiverem muitas horas ligados.
Aquecedores a gás
Podem ser uma alternativa aos aquecedores a óleo, já que são mais rápidos a aquecer uma divisão. No entanto, como implicam a utilização de uma bilha de gás, este tipo de aquecedor pode representar um risco. Mesmo as versões mais recentes, que já têm melhores sistemas de segurança.
Ao utilizar um aquecedor a gás, também deve garantir que tem a casa ventilada para evitar concentrações elevadas de monóxido de carbono. Para isso, é necessário deixar as portas abertas, o que acaba por reduzir a eficácia do aquecimento, já que o calor se perde.
Quanto aos gastos, os aquecedores a óleo não são mais económicos do que as versões elétricas: o custo do kWh do gás butano é superior ao da eletricidade e a eficiência destes equipamentos é menor.
5 dicas para melhorar a eficiência energética e poupar no aquecimento
Qualquer que seja o sistema de aquecimento que escolha, deve sempre tentar aumentar a eficiência energética da sua casa. Assim, consegue manter as divisões quentes por mais tempo e ainda poupa na fatura da eletricidade.
1 – Invista em isolamento térmico: Um bom isolamento permite-lhe gastar menos energia (e menos dinheiro) para climatizar a sua casa, já que, durante o inverno, ajuda a manter o calor no interior e o frio lá fora e, no verão, mantém as divisões frescas. Deve ter em atenção o isolamento do telhado, das paredes, do teto, do chão e também das janelas e das portas.
2 – Feche as portas de casa: para melhorar a eficácia do aquecimento deve evitar abrir as portas das divisões. Sempre que não estejam a ser utilizados, feche as portas dos espaços para que o calor se preserve durante mais tempo nos locais onde passa mais horas.
3 – Aproveite a luz solar: abra as portadas, os estores e as cortinas para deixar entrar a luz do sol, que ajuda a aquecer as divisões de forma natural. No entanto, não se esqueça de fechar tudo no final do dia, ou assim que deixe de existir luz solar, para que o calor não se perca.
4 – Utilize um temporizador: ligue-o ao sistema de aquecimento e estabeleça um horário para que os aparelhos liguem e desliguem automaticamente e não estejam a consumir energia de forma constante.
5 – Regule a temperatura dos aquecedores: evite definir uma temperatura demasiado alta nos termostatos, uma vez que isso faz com que os aquecedores consumam mais eletricidade. Durante o inverno, o ideal é que mantenha a sua casa entre os 18ºC e os 20ºC.
Ao analisar todos os sistemas de aquecimento disponíveis, é possível perceber que o aquecimento central, o ar condicionado, as lareiras, as salamandras e os recuperadores de calor são as soluções mais eficientes, quer do ponto de vista de climatização, quer do ponto de vista económico.
No entanto, são também as soluções mais dispendiosas inicialmente. Por isso, antes de escolher um sistema de aquecimento, analise as necessidades da sua casa e da sua família e tenha em conta o orçamento disponível para escolher a opção que, no seu caso, representa a melhor relação preço/benefício.