Trabalho e carreira

Mudar de vida pode ser mais fácil do que pensa

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Quantas vezes já pensou em mudar de vida? Deixar o stress da cidade e ir para o campo. Viver do cultivo da terra, da agricultura. Comprar uma casa junto à praia. Deixar o seu trabalho e começar o projeto com que sempre sonhou. Lançar um negócio. Mudar de cidade, mudar de país.

Na maior parte das vezes, o medo é o maior travão: medo de não ser bem sucedido, de falhar, de recomeçar, de não conseguir subsistir. E o dinheiro – ou a falta dele – é normalmente o maior impedimento para mudar de vida. Há quem não consiga dar o primeiro passo por sentir que pode estar a trocar o certo pelo incerto, acabando por adiar sonhos eternamente. Mas também há quem decida, pura e simplesmente, seguir o caminho da felicidade, seja para onde for, seja onde estiver. Independentemente de isso implicar recomeçar. Do zero.

Mudar para ensinar a ser feliz

Luís Trindade trabalhou durante 25 anos na área das Tecnologias de Informação e Comunicação. Já há algum tempo que sentia necessidade de deixar o emprego e mudar de área, mas “tinha a crença que precisava de dinheiro para fazer a transição”:

“Há três anos, eu pensava ‘claro que preciso de dinheiro senão isto vai ser um suicídio’. Queria fazer as coisas de forma segura”, conta.

Luís conseguiu “chegar a acordo com a empresa” onde trabalhava, recebeu “uma pequena indemnização” e resolveu fazer “um ano sabático para preparar o projeto”. Pelo caminho, percebeu que a questão não passava por “ter ou não ter dinheiro”, mas pelo “medo que tinha de não conseguir sobreviver”. Admite que precisou de cortar algumas despesas “como jantar fora ou sair à noite”, mas continua a ter dinheiro para fazer “uma vida confortável”. Em maio de 2020, lançou o Creative Life Change, através do qual dá workshops e sessões individuais de treino emocional. E assegura que é muito mais feliz.

Recomeçar noutro continente

Rute Martinho não só mudou de profissão como mudou de país. Após 12 anos a trabalhar na área da comunicação social e produção, “estava cansada de viver uma vida a correr” e “nunca estava satisfeita”. Depois de fazer várias viagens a Cabo Verde, continuava a sentir que “a ligação mantinha-se”. Quando partilhava fotografias nas redes sociais, percebia que “havia interesse das pessoas” em saber mais, em irem lá. Começou a imaginar “um projeto” a que chama de “sonho”, mas confessa que ouviu muitas vezes que “era louca”. No entanto, sentia que “seria ainda mais louca se escolhesse carregar o fardo do ‘e se eu tivesse ido’”. E arriscou. Em agosto de 2019, lançou o Grão d’ Sal, através do qual  faz “prestação de serviços para ajudar em toda a logística numa viagem à Ilha do Sal, mantendo a cultura cabo-verdiana como prioridade”. Quanto ao aspeto financeiro, admite que foi “fundamental ter a vida organizada” e algum “dinheiro próprio para arriscar, uma poupança que dava para oito ou dez meses”. Decisão tomada, foi só partir em busca do sonho.

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Dar o grito do Ipiranga para se sentir vivo

Júlia Araújo Gonçalves garante que nunca se deixou motivar ou condicionar por questões financeiras: “Não tinha poupanças e isso nunca me assustou”, assegura. Ao longo de 20 anos chegou ao topo da carreira enquanto secretária de administração. Sentia que “já tinha feito tudo em várias áreas” e “já não havia novidades”. Como também “era apaixonada pela medicina oriental”, quando surgiu a possibilidade de fazer uma formação, em Portugal, agarrou a oportunidade. Resolveu fazer um curso de cinco anos e, no terceiro ano, com 40 de idade, decidiu que queria abrir uma clínica.

Durante um ano, acumulou o curso com o trabalho de secretária e a prática de medicina oriental, em domicílios. O “dinheiro extra” que conseguiu juntar serviu “para comprar máquinas e material para a clínica”. Enquanto isso procurava um local para abrir o negócio: “Procurei um espaço que precisava de obras. Não tinha dinheiro e procurei um amigo que trabalha na área. Ele fez as obras e eu, à medida que ia recebendo, ia pagando”. Em setembro de 2009, abriu a primeira clínica: “Na altura era casada e o meu marido era meu sócio. Abrimos uma empresa e abarcámos todas as áreas que tínhamos.

Dos nossos salários, investimos o que era necessário. Alugámos o espaço para a clínica e comprámos a mobília de escritório. Tudo o resto era feito por mim, desde o logotipo à faturação.” Júlia chegou a fechar a primeira clínica e abrir outra, numa localização que considerava mais favorável, mas, atualmente, optou por não ter um espaço próprio: “Após ter duas clínicas, optei por prestar serviços em duas clínicas porque é mais rentável. Ter um espaço implica pagar renda, impostos, etc, que me levavam a maior parte do rendimento”. Júlia é  diplomada em medicina tradicional chinesa e especialista em psiconeuroacupuntura. É uma mulher de ação, que não tem medo de arriscar:

“Tantas vezes que já dei o grito do Ipiranga, bati com a porta. O mais importante é ser feliz, é sentir que estamos vivos”.

Saber adaptar-se à mudança é fundamental

A verdade é que cada pessoa tem uma forma diferente de se adaptar à mudança. Uns não têm receio de arriscar e confiam que, aconteça o que acontecer, vão ser bem sucedidos a nível pessoal e profissional. Outros precisam de se sentir seguros, seja do ponto de vista do apoio familiar ou monetário. Se não tem uma poupança ou uma almofada financeira, existem outras opções para não ter de deixar o seu sonho de parte: por exemplo, pode optar por uma linha de crédito, ajustada ao seu orçamento. Procure uma solução flexível para que, caso a sua vida mude, seja possível adaptar também a mensalidade do empréstimo às suas possibilidades financeiras ou mesmo amortizá-lo sem ter de pagar comissões excessivas.

Avalie bem as suas capacidades financeiras, informe-se junto dos melhores especialistas e, claro, não deixe escapar os seus sonhos.

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