COVID-19

Férias? Sim, mas por cá

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férias em Portugal

Com a chegada do calor e a necessidade de “desconfinar” é natural que já esteja a pensar em férias. A incerteza gerada pela pandemia de Covid-19 faz com que, dificilmente, seja possível viajar nos próximos meses. Por isso, talvez o ideal seja ficar por cá. Se puder, “vá para fora cá dentro”. Desta forma, contribui para a recuperação da economia portuguesa, ajuda a manter postos de trabalho e, claro, usufrui do país fantástico que é Portugal. Para que possa começar a fazer alguns planos, explicamos-lhe o essencial que deve ter em consideração.

Onde ir e o que fazer

Agora que já sabe as regras, é altura de planear as suas férias. Seja na tranquilidade da Natureza ou à procura de aventura, o que importa é que sejam à sua medida e em segurança. O Contas Connosco dá-lhe sugestões para todos os gostos.

1) Pegue nos miúdos e… aventure-se.

Trepar às árvores, fazer escalada ou mesmo atravessar os céus preso por um cabo numa espécie de voo. Há aventuras para todos os gostos e alguns destes espaços até já têm a certificação “Clean & Safe” do Turismo de Portugal. Se gosta de ser radical – e quer aproveitar para desafiar os miúdos – conheça algumas alternativas.

  • Pena Aventura Parque: se sempre sonhou voar como os pássaros, tem aqui uma boa oportunidade. No Fantasticable, pode “voar a uma velocidade máxima de 130km/h” preso a “um cabo com 1538 metros e a uma altura de 150m, entre os lugares de Lamelas e Bustelo”, em Ribeira de Pena, no distrito de Vila Real. Os preços variam entre os 20 e os 25 euros, consoante a época.
  • Diverlanhoso: para aqui pode ir com a família, com os colegas de trabalho, com os amigos numa despedida de solteiro ou enviar só as crianças e aproveitar para fazer uma escapadinha a dois enquanto os miúdos estão entretidos. Este parque, localizado próximo do Gerês, apresenta-se como  “o maior parque aventura da Península Ibérica e um dos maiores da Europa”, promete “mais de 50 actividades de desporto, aventura e natureza” e tem vários tipos de alojamento desde casas de montanha, chalés, acampamento ou dormitório. Os preços são variáveis em função da época, número de dias, alojamento e atividades.
  • Parque Cerdeira: se é um amante da Natureza, aqui pode aproveitar para descobrir a fauna e a flora do Gerês. Desde fazer caminhadas ou montar a tenda numa árvore, o convite é para aproveitar a “experiência sensorial” que o lugar proporciona. Está também assegurada a acessibilidade a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Dada a atual conjuntura, o campismo poderá ter algumas restrições, mas informe-se diretamente se existem outras alternativas.

2) Misture-se com os bichos

Menos aventura, mais Natureza. Há relatos um pouco por todo o mundo de que, por causa do confinamento provocado pela Covid-19, muitos animais voltaram aos seus habitats naturais ou apareceram, pela primeira vez, em ambientes completamente diferentes. Em vez de ficar à espera que cheguem até si, que tal ir à descoberta destes parques biológicos?

  • Parque Biológico da Serra da Lousã: Situado na encosta da Serra da Lousã, ocupa uma área de 33 mil m2 de Reserva Ecológica Nacional, onde pode encontrar “aves de rapina, ursos pardos, linces, lobos, raposas, javalis” mas também “gamos, veados, corços, cabras entre muitos outros animais”. O Hotel Parque Serra da Lousã está integrado no parque e dispõe de piscina e spa.
  • Parque Biológico de Gaia: localizado na periferia de Vila Nova de Gaia, entre as freguesias de Avintes e Vilar de Andorinho, tem 35 hectares “onde vivem em estado selvagem centenas de espécies de animais e plantas”. Devido à pandemia, o alojamento no local está encerrado “por tempo indeterminado e até anúncio de medidas em contrário”. Por isso, se pretende visitar o parque, confirme se existem alternativas para ficar hospedado antes de se deslocar até lá.
  • Monte Selvagem: é um parque com 20 hectares, no Alentejo, onde pode levar os mais pequenos a ver “70 espécies selvagens e domésticas, num total de cerca de 300 animais”. Com selo “Clean & Safe” do Turismo de Portugal, está a receber visitas, mas com algumas restrições impostas por razões de segurança como o horário reduzido, ou a interdição do acesso à quinta, aos escorregas ou aos passeios de tractor.

3) Vá dar uma volta… de bicicleta

Se quiser aliar o “vá para fora cá dentro” a um bom exercício físico, nada como pedalar por Portugal. Pode combinar o percurso de bicicleta com outro transporte, como comboio ou o seu próprio carro. De norte a sul do país, tem ciclovias, umas no litoral, outras no interior; umas mais lineares, outras mais aventureiras. No blog Dar a Volta encontra várias sugestões de percursos que pode percorrer a sós, a dois ou com a família.

4) Mergulhe noutras águas

Por causa da pandemia de Covid-19, as praias vão ter regras apertadas. Por isso, que tal ir dar mergulhos noutras águas?

  • Praias fluviais: no norte e no interior do país, existem inúmeras praias fluviais, algumas quase por descobrir. Nem todas são óbvias ou fáceis de localizar, por isso, vai ter de fazer algum trabalho de casa, se quiser encontrá-las. Tenha em atenção que algumas poderão estar encerradas, por razões de segurança. Em contrapartida, as praias fluviais de Adaúde e Cavadinho, em Braga, já foram distinguidas pela Quercus com o Galardão Qualidade de Ouro 2020.
  • Spa: se pretende mergulhar na natureza e aproveitar o spa, a partir de 26 de junho pode fazê-lo no Pedras Salgadas Spa & Nature Park. No alojamento, encontra “Eco Houses” (casas ecológicas) e “Tree Houses” (casas na árvore). No mesmo espaço, encontra um parque aventura, piscina, casa de chá, restaurante e, até, um casino.
  • Termas: Que tal juntar o útil ao agradável e cuidar da sua saúde? Desengane-se se pensa que as termas só são apropriadas para os mais idosos. Muitas renasceram e reinventaram-se com equipamentos modernos e spas de luxo. Veja aqui algumas sugestões de norte a sul do país. Mas, já sabe, não se esqueça de confirmar antes de ir porque, na atual conjuntura, tudo muda rapidamente.

Guia essencial para as suas férias

Quer escolha ficar em casa ou sair, veja este guia com as respostas às suas principais dúvidas.

Posso fazer férias fora da minha zona de residência?

Sim, as restrições à circulação existiram, apenas, durante o estado de emergência e em períodos específicos relacionados com os fins-de-semana prolongados e as chamadas “pontes” perto da Páscoa e do 1 de Maio, dia do Trabalhador.

Posso fazer uma reserva num Hotel ou outro alojamento?

Sim, pode. Os hotéis não foram obrigados a encerrar no âmbito das restrições impostas pelo estado de emergência. No entanto, com a necessidade de isolamento social, muitas unidades optaram por fechar, devido à quebra na procura ou mesmo inexistência de clientes. De acordo com Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), cerca de 75% das empresas associadas fecharam: dois terços na área do alojamento turístico e 30% na restauração.

Leia mais  Já conhece as novas medidas de apoio ao crédito habitação?

Como saber se o Hotel ou alojamento cumpre as regras de higiene e segurança exigidas pela pandemia?

O Turismo de Portugal lançou o selo “Clean & Safe” com o objetivo de “distinguir as actividades turísticas que asseguram o cumprimento de requisitos de higiene e limpeza para prevenção e controlo da covid-19 e de outras eventuais infecções”. No entanto, se a unidade ou alojamento não tiver este selo isso não significa, necessariamente, que não seja segura ou não cumpra os requisitos de higiene. Procure marcas que já conhece e nas quais confia e informe-se sobre todos os cuidados que o espaço está a ter antes de fazer uma reserva.

Posso fazer férias num parque de campismo?

Sim, estes espaços já reabriram, mas com uma lotação máxima de dois terços da sua capacidade total.

Já posso ir à praia?

Sim, pode ir à praia, estender a toalha na areia e dar um mergulho no mar. A resolução do Conselho de Ministros, publicada no dia 17, é clara ao permitir “deslocações para efeitos de fruição de momentos ao ar livre, designadamente em parques, nas marginais, em calçadões, nas praias, mesmo que para banhos, ou similares”. No entanto, deve manter a distância de segurança e todos os cuidados de higiene.

O que mudou com a abertura da época balnear a 6 de junho?

Basicamente, a partir de 6 de junho, aumentaram as restrições. Existe sinalética a indicar se a praia está com ocupação baixa, elevada ou plena, que poderá consultar perto das praias ou, idealmente, antes de sair de casa, através da aplicação Info Praia, criada para o efeito, e ainda a app Posso ir?.Terá de manter uma distância de 1,5 metros das outras pessoas e 3 metros entre chapéus de sol. Os toldos, colmos ou barracas só poderão ser alugados da parte da manhã ou da parte da tarde para dar hipótese a toda a gente de usufruir do espaço.

Aumenta também a fiscalização tanto por parte da Polícia como dos nadadores-salvadores.

Como saber tudo o que posso ou não posso fazer na praia?

Pode consultar aqui algumas das respostas às perguntas frequentes realizadas pelo Serviço Nacional de Saúde ou consultar o manual de regras para as praias criado pelo Governo.

Também posso ir à piscina?

Não, se se tratar de uma piscina pública ou municipal. Só poderá fazê-lo se for a piscina da sua casa ou do alojamento onde estiver. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o cloro existente na água das piscinas é suficiente para eliminar o vírus, não existindo, por isso, risco de propagação. No entanto, as piscinas, ginásios ou spas ainda não têm data prevista de abertura, uma vez que o que está em causa, na maior parte dos casos, é a limpeza e condições de segurança nos espaços de utilização comum.

Posso ir a uma esplanada, almoçar ou jantar fora?

Sim. As esplanadas e restaurantes abriram a 18 de maio e podem funcionar até às 23 horas, desde que cumpram as normas de higiene e segurança. Lembre-se que, para entrar num espaço público fechado, tem de utilizar máscara e respeitar as normas de distanciamento social e etiqueta respiratória.

Posso ir ao cinema, teatro ou assistir a um espetáculo?

Sim, desde o dia 1 de junho. No entanto, dada a contestação existente no setor da Cultura ainda não se sabe ao certo quais os espaços que vão abrir nem em que circunstâncias.

Posso ir a um bar ou discoteca?

Não. Apesar das reclamações do setor, não há data prevista para bares e discotecas poderem reabrir.

Posso viajar para o estrangeiro?

Pode, a partir de 15 de junho. Até esta data mantêm-se várias restrições nos voos de fora e para fora da União Europeia. As fronteiras terrestres com Espanha também vão continuar fechadas até 15 de junho e o prazo pode ser prorrogado, em função da evolução da pandemia. No entanto, existem já várias companhias aéreas a fazer ofertas de viagens para depois do levantamento das restrições. Considere se precisa mesmo de viajar, tenha em mente a sua segurança e pondere bem antes de decidir.

Como saber o que posso fazer mais durante as férias?

Existe uma agenda prevista com datas para a reabertura da economia e o regresso a uma “nova normalidade” que pode consultar neste artigo ou no plano de desconfinamento do Governo.

Duas realidades no alojamento: do litoral ao interior

Esquecer, por momentos, a Covid-19 e o medo do contágio e usufruir das férias. É este o sentimento que Sandra Francisco pretende transmitir aos hóspedes da Cerca do Sul, um alojamento turístico inserido numa propriedade de oito hectares, em S. Teotónio, no sudoeste alentejano.

A Cerca do Sul não chegou a encerrar, mas a quebra expectável nas reservas permitiu que houvesse mais tempo para adaptar o espaço às necessidades de higiene e segurança no contexto da pandemia. “Temos sete quartos e um vai estar sempre fechado para possível necessidade de isolamento. Além disso, vamos alterar os horários do pequeno-almoço. Em vez do buffet que existia, vamos ter lista. Os hóspedes passam a reservar a hora do pequeno-almoço e o que pretendem comer e nós servimos à mesa”, explica Sandra Francisco, gestora do espaço. Todos os quartos da propriedade passaram a ser desinfetados “com os produtos adequados” – com maior incidência nas zonas partilhadas – os funcionários começaram a utilizar máscaras e luvas e existem dispensadores de álcool gel para os clientes poderem fazer a desinfeção frequente das mãos. Aos hóspedes será pedido que “tragam as suas próprias máscaras e termómetros”.

Um cenário diferente é transmitido por Miguel Gonçalves, cuja família é proprietária do Refúgio do Raposo, um empreendimento de turismo rural constituído por quatro casas de xisto na aldeia de Casalinho da Ribeira, no concelho de Proença-a-Nova. Optaram por encerrar a 16 de Março “por uma questão de precaução” e prevêem reabrir no final de Junho. No entanto, ainda existem muitas dúvidas sobre as condições que têm de cumprir e exemplifica: “Por exemplo, dizem que se houver suspeita de infeção, a pessoa tem de ser colocada num espaço arejado. Que espaço e durante quanto tempo? E se for necessário fazer quarentena, quem paga os custos?”. “Fizemos toda a desinfeção do espaço, de acordo com as orientações da Direção-Geral da Saúde e temos álcool gel em todas as casas, assim como em stock.” No entanto, confessa que ainda precisam de perceber “o ciclo temporal em que será necessário desinfetar as casas”, assim como “o que é possível pedir aos hóspedes quando chegam” como é o caso, por exemplo, da “verificação da temperatura corporal”.