Carros partilhados. As alternativas à mota e ao carro próprio.
A sustentabilidade ambiental começa a impor-se em todas as decisões do dia-a-dia e a escolha do transporte nas zonas urbanas pode ter um forte impacto na pegada ecológica de cada um. A revolução digital permitiu desenvolver uma economia de partilha, um conceito que se alastrou ao mundo dos transportes individuais. Portugal não é exceção: em Lisboa, há vários operadores a funcionar.
Qualquer pessoa que tenha carta e não tenha carro ou mota própria tem assim uma alternativa aos transportes públicos. As grandes vantagens para o utilizador estão na eliminação de custos fixos com seguros, dísticos ou o selo do carro, enquanto se reduz potencialmente o número de veículos na rua.
Como funciona?
O processo para começar a usar um carro da Emove by Free2Move não é burocrático: regista-se no site, apresentado o cartão de cidadão, a carta de condução e um cartão de pagamento. Depois deste registo no site, descarrega-se a aplicação e, a partir daí, acontece tudo através da app — pode reservar um carro por 15 minutos e, num mapa da cidade de Lisboa (é a única portuguesa onde a empresa opera), ver em que zonas há mais DS 3 Crossback, os carros elétricos, da frota desta operadora.
A abertura do carro faz-se através da aplicação e com as chaves que estão no porta-luvas inicia-se a viagem que pode levá-lo para fora da cidade. Tem a opção de estacionar o carro e fechá-lo manualmente com a chave e voltar a pegar nele mais tarde (os minutos de viagem continuam a contar). Para terminar a viagem e fechar o aluguer do carro terá, no entanto, de estacionar na área delimitada em Lisboa.
A partilha de motas, tanto com a Cooltra como a Wyze, ambos com veículos elétricos, funcionam de forma muito semelhante. Na Cooltra, pode reservar uma mota por 15 minutos, e com o Wyze tem 10 minutos. Nos dois casos, a aplicação destas marcas é a chave que desbloqueia as motas e abre as malas, onde estão os capacetes. Se estiver a usar uma Wyze poderá fazer uma pausa na viagem com a aplicação, isto é, parar a mota, mas mantê-la reservada. Tal como acontece com a Emov, tem de terminar as viagens na zona delimitada por estes operadores — ambos se cingem a Lisboa.
Quanto custa?
Na Emov, cada minuto ao volante custa 0,50€, mas é possível comprar alguns packs anuais ou de seis meses que reduzem este valor para cerca de 0,21€. Há ainda a opção de alugar um carro por um dia e esse serviço fica por 69,90€. Para meio dia com o mesmo carro, a tarifa é de 39€.
Nos sistemas de partilha de motas, os valores por minuto rondam os 0,25€. Ao usar o Wyze é esse o preço que paga a todos os minutos, sendo que o preço mínimo a pagar será sempre 1€ (os primeiros quatro minutos estão assim garantidos). Na Cooltra, o preço base é de 0,26€, mas se comprar créditos na aplicação este preço baixa: se comprar 10€, por exemplo, o minuto fica a 0,22€; se comprar 90€ de crédito, o minuto fica a 0,18€. Há ainda zonas em que o estacionamento é incentivado com um crédito de alguns cêntimos.
Quem paga seguros, carregamentos e estacionamento?
Estes aspetos são cobertos pelas operadoras.
No caso dos carros da Emov by Free2Move, é pedido aos usuários que estacionem os carros sempre com o mínimo de bateria (sob pena de lhes ser aplicada uma sanção). É depois a empresa que se encarrega de manter os carros atestados. Quanto ao seguro, se o cliente cumprir todos os termos de utilização durante a condução, não tem de se preocupar com custos em caso de acidente e o estacionamento também não envolve custos.
Nos casos das motas da Wyze e da Cooltra, também estão incluídos seguros e os carregamentos são feitos pela equipa de manutenção da frota. Estão igualmente incluídos os capacetes e até toucas descartáveis. O estacionamento deve ser feito em zonas de motas e, no caso da Cooltra tem de fazer uma foto da mota estacionada para finalizar a viagem.
Mas isto é uma novidade em Portugal?
Não. A fórmula de partilha de carros começou no final de 2008, com a Carristur, empresa do universo da Carris. Na altura, foi lançado o Mob Carsharing, um serviço de aluguer de automóveis à hora que permitia aos clientes reservar um veículo através da internet ou do telefone e tê-lo disponível imediatamente.
A EMEL chegou a associar-se ao projeto e a proporcionar estacionamento grátis por quatro horas em lugares na via pública. No entanto, a falta de procura ditou a suspensão do serviço, em março de 2016. O mesmo aconteceu com serviços como a Drive Now ou a CityDrive.