Robot advisors: já conhece os novos conselheiros financeiros?

Consegue imaginar-se a pedir conselhos sobre investimentos a um robô tem vez de o fazer um consultor financeiro? Se a sua resposta foi negativa, o mais provável é que, ao longo dos próximos tempos, dê por si a pensar de forma diferente. Isto porque, de acordo com previsões da Statista, empresa especializada em dados sobre economia digital global, mercados e consumo, é expectável que o número de utilizadores de robot advisors chegue aos 507 181 em 2026, sendo que, já em 2022, a média de ativos por investidor poderá atingir os 4 164 euros. Mas, afinal, o que são estes robott advisors que estão a ganhar protagonismo crescente desde que começaram a ser usados, em 2008, sobretudo entre os investidores mais jovens?

Algoritmos que lhe dizem onde, como e quando investir

Na verdade, os robot advisors não são propriamente robots, mas sim sistemas automáticos baseados em algoritmos (como os utilizados pela Google ou Facebook, por exemplo) que, a partir de algumas informações fornecidas pelo utilizador, apresentam uma carteira de investimentos automática e personalizada. Ou seja, quem pretende recorrer a este tipo de serviço acede a uma das várias plataformas online disponíveis para o efeito e responde a um questionário, que inclui perguntas relacionadas com o perfil de risco, vencimentos, rendimentos esperados, preferências, necessidades e prazo de investimento, entre outras informações. Com base nos dados recolhidos, o algoritmo define o perfil do investidor, seleciona a carteira de investimentos mais apropriada e concretiza-a, levando a cabo as ações necessárias para cumprir o plano estabelecido, por exemplo, subscreve produtos ou compra e vende fundos, títulos, etc.

Estas são as 6 vantagens dos robot advisors

De maneira geral, as vantagens reconhecidas a estes algoritmos resultam sobretudo do facto de não haver intervenção humana:

1. Os custos de utilização deste serviço são, em regra, mais baixos do que os prestados por um gestor humano, já que o número de intermediários é menor;
2. O acesso a este tipo de serviços é mais fácil, reduzindo as barreiras que os utilizadores (sobretudo aqueles que não têm conhecimentos sobre o funcionamento dos mercados) por vezes sentem;
3. A tecnologia dos robot advisors é desenvolvida com base em inteligência artificial, que calcula os diversos fatores envolvidos e propõe as melhores soluções;
4. Critérios como o valor a investir, prazo de investimento, retorno pretendido e tolerância ao risco são levados em conta pelo sistema para criar a carteira de investimentos mais adequada a cada um;
5. O investidor não tem de fazer nada (investe de forma passiva e automatizada), já que o robot advisor não só propõe como também faz os investimentos e acompanha-os;
6. O algoritmo associado ao robot advisor funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, sem estar sujeito ao cansaço ou à interferência das emoções a que os gestores humanos estão.

Quais os riscos do robot advisor

O facto de não haver interação humana nestes sistemas traz vantagens, como visto no ponto anterior, mas também está na origem de alguns riscos:

• Segundo o relatório Robo-Advice 5.0: can consumers trust robots, levado a cabo pela organização não governamental Better Finance, os principais riscos da utilização destes algoritmos prendem-se com a inexistência de julgamento humano, o qual pode ser importante para que todas as especificidades da maioria dos clientes sejam tidas em conta;
• A Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados destaca que estas plataformas automatizadas devem acautelar o risco de os seus utilizadores sobrevalorizarem os seus conhecimentos e experiência ao preencher o questionário inicial sem supervisão humana;
• Não há flexibilidade, ou seja, os investimentos são determinados pelo algoritmo e, em princípio, não há forma de incluir na carteira um investimento que seja do interesse específico do cliente;
• Outros riscos a considerar incluem a proteção de dados, estabilidade financeira e a responsabilidade legal;
• Há que ter em conta que a opção de investir através de um robot advisor não tem garantia de lucro, à semelhança do que acontece nos investimentos convencionais em geral.

A quem pode interessar um robot advisor?

• Investidores com pouco tempo para despender na tarefa de constituir uma carteira que reúna todas as condições que consideram importantes ou para acompanhar a evolução dos mercados financeiros;
• Quem tem poucos conhecimentos e experiência sobre o assunto,
• Pessoas que não possuem capital que justifique o recurso a um serviço convencional de gestão de património;
• Quem procura aconselhamento imparcial a um preço mais acessível;
• Indivíduos que pretendem um investimento diversificado (não pôr os ovos todos no mesmo cesto é a regra de ouro) e apresentam necessidades muito específicas.