Depósitos indexados? Prefira a simplicidade
Os depósitos a prazo são dos produtos mais populares entre os aforradores portugueses. São fáceis de entender e de contratar. No banco com que habitualmente se trabalha ou junto de outra instituição que esteja disposta a remunerar de forma mais generosa o dinheiro que se pretende aplicar, “enfrentar dificuldades” não costuma ser uma expressão que entre nestes terrenos.
Acontece que nem tudo são rosas. Atualmente, as taxas de juro oferecidas pelos bancos são baixas. E os analistas são praticamente unânimes quando se trata de antecipar o futuro nesta matéria. O dinheiro vai continuar a ser remunerado de forma modesta quando o que estiver em causa são produtos tradicionais como os depósitos a prazo.
Um cliente que decida fazer uma ronda pelos maiores bancos que operam em Portugal com o objetivo de saber o que estão dispostos a dar em troca da constituição de um depósito a prazo a um ano não deve esperar mais do que uma taxa de juro média de 1%. É claro que poderá encontrar alguma instituição financeira necessitada de captar recursos e que, para cumprir as suas metas, decida fazer propostas mais generosas. Mas, na atual conjuntura, a regra geral em vigor no mercado é aquela que aponta para remunerações baixas.
Se, a uma taxa de juro que ande por 1%, subtrair a parcela dos juros que terá de ser sujeita a imposto sobre o rendimento, o depósito a prazo ainda se mostrará menos atraente. Ora, como a inflação para 2015 prevista pelo Fundo Monetário Internacional é de 1,1%, é fácil perceber que o dinheiro colocado num depósito cujo prazo vença daqui a um ano terá menor poder de compra do que aquele de que dispõe nos dias que correm.
Os bancos estão conscientes desta realidade, mas também é certo que não estão interessados em pagar mais pelo dinheiro de que necessitam. Posto isto, usam a criatividade. Se quer fazer um depósito a prazo, é capaz de receber como resposta a sugestão de que opte por um “depósito indexado”. O que é isto? Trata-se de uma aplicação em que a taxa de juro oscila entre um valor mínimo e um teto máximo, de acordo com o desempenho de um cabaz de ativos como um conjunto de ações de empresas cotadas em bolsa, por exemplo.
Um produto desta natureza pode ter o capital garantido, mas a questão é que a remuneração, na hora de fazer as contas finais, poderá ser ainda mais baixa do que a opção por um depósito a prazo simples. De acordo com os dados do Banco de Portugal, em 60% dos depósitos indexados cujo prazo terminou em 2013, os clientes teriam ganho mais dinheiro se tivessem confiado o dinheiro a um depósito simples. Em 2012, a situação foi pior, ainda. Dois terços dos depósitos indexados acabaram por apresentar rendibilidades menos compensadoras do que os seus concorrentes tradicionais.
Conclusão? Antes de se deixar persuadir a colocar as suas poupanças num depósito indexado, lembre-se das lições de Warren Buffett, um dos investidores mais respeitados do mundo. Prefira a simplicidade e não coloque o dinheiro naquilo que não compreende.