Trabalho e carreira

Salários, produtividade e rendimento. Retrato de Portugal desigual

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Salários, produtividade e rendimento

A Organização Mundial do Trabalho (OIT) divulgou recentemente que Portugal foi um dos países em que a proporção dos salários no rendimento nacional mais diminuiu. Os 60% do total do rendimento nacional em 2003 passaram para 52% em 2014, de acordo com o Relatório Global sobre Salários.

O relatório, que divulgou os resultados da análise feita a 133 países, destaca Portugal como uma das nações mais desiguais. Os dados revelam que, se os salários reais médios subiram menos do que a produtividade, então o rendimento nacional também diminuiu. Isto significa que os lucros resultantes do aumento da produtividade não são distribuídos pelos trabalhadores, mas sim convertidos em rendimentos para os investidores.

Os factos acarretam consequências sociais e económicas negativas. Do ponto de vista social, o facto de o crescimento económico ser dissociado do crescimento salarial pode ser sentido como uma injustiça por um largo setor da sociedade. Por outro lado, pode diminuir o crescimento económico, uma vez que, na maioria dos países, um aumento da proporção dos lucros no rendimento nacional não aumenta o investimento, mas diminui o consumo privado.

Isto explica-se pelo facto de a propensão para consumir a partir dos salários ser superior à propensão a consumir a partir dos lucros. Para inverter esta trajetória, o relatório sugere, entre outras medidas, o aumento do salário mínimo e mais contratos coletivos.

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